Fazendo valer seu favoritismo, "O Artista" sagrou-se o grande vencedor do Oscar 2012, levando os troféus de Melhor Filme, Melhor Diretor para o francês Michel Hazanavicius, Melhor Ator para Jean Dujardin, Melhor Trilha Sonora e Melhor Figurino. Podemos falar "grande vencedor" pois o longa-metragem faturou três dos principais prêmios da noite. Em números, deu empate com "A Invenção de Hugo Cabret", que era o filme com a maior quantidade de indicações: 11, uma a mais que "O Artista"."Hugo" ganhou como Melhor Fotografia, Direção de Arte, Efeitos Visuais, Edição de Som e Mixagem de Som.
O maior prêmio que Jean Dujardin ganhou ontem à noite.
(Foto: ©A.M.P.A.S.)
(Foto: ©A.M.P.A.S.)
Foi uma vitória justa? Sim. Podemos dizer que, sim, "O Artista" mereceu ganhar, pois, independente da força política do nome dos irmãos Weinstein junto à Academia, é um belo filme, que diverte, emociona e ainda faz um comentário sobre Hollywood e sua tendência de sempre priorizar o que é mais novo, o que está na moda, sobre aquilo que se tornou supostamente antiquado (meu texto sobre o filme).
De certa forma, "A Invenção de Hugo Cabret", filme dirigido por Martin Scorsese, também fala sobre isso e mais: enaltece a história do cinema como um todo e faz um apelo pela preservação de filmes - uma bandeira que Scorsese sempre levantou. E o cineasta faz tudo isso usando a tecnologia 3D. Seria uma ótima oportunidade para a Academia consagrar de vez Scorsese com um segundo Oscar e levantar ainda mais a bola do 3D, que tem sido a salvação dos estúdios.
A vitória de "Hugo" seria um resultado mais justo, mas "O Artista" foi uma boa escolha em todas as categorias em que venceu - ainda que seja curioso (e estranho) o fato de a Academia ter, pelo segundo ano consecutivo, virado as costas para o cinema americano nas categorias principais, já que, no ano passado, o grande vencedor foi o britânico "O Discurso do Rei". Mais curioso ainda é a disputa deste ano ter ficado polarizada entre "O Artista", um filme francês que se passa em Hollywood, e "Hugo", um filme americano que se passa na França.
Dos demais vencedores do Oscar 2012, temos alguns destaques:
- "A Dama de Ferro" foi o único filme além de "O Artista" e "A Invenção de Hugo Cabret" com mais de uma estatueta, ficando com duas bem previsíveis (Melhor Maquiagem e Melhor Atriz para Meryl Streep, que ganhou o terceiro Oscar de sua carreira);
- "Meia-Noite em Paris" ganhou como Melhor Roteiro Original, rendendo merecidamente a Woody Allen o seu quarto Oscar;
- Christopher Plummer, aos 82 anos, se tornou o mais velho vencedor de um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por "Toda Forma de Amor", filme lançado direto em DVD no Brasil;
- "Os Muppets" faturou o prêmio de Melhor Canção, deixando o Brasil novamente sem Oscar, já que Sérgio Mendes e Carlinhos Brown concorriam com uma das músicas da animação "Rio". Não dá nem para dizer que foi justo ou injusto, pois os dois únicos concorrentes da categoria se equiparavam. Mas não custa lembrar que Hollywood adora os Muppets, então, o resultado já era esperado;
- Por fim, o iraniano "A Separação" ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro, com todo mérito e sem nenhuma surpresa. Para nós, brasileiros, de certa forma é ruim, pois significa que dificilmente veremos os demais indicados da categoria nos cinemas brasileiros, e "A Separação" já está em cartaz.
(Foto: Mark Davis – © 2012 WireImage)
Ah! Vale mencionar ainda o retorno de Billy Crystal ao Oscar como anfitrião. A Academia devia fazer um contrato vitalício para ele: o cara realmente se sente em casa apresentando a cerimônia. Uma pena que só mesmo o tradicional número de abertura (montagem de cenas com Crystal inserido + medley com os indicados) tenha se destacado. As demais piadas do ator foram boas, mas não empolgaram a cerimônia que, como um todo, manteve um tom mais sóbrio que o ideal e um ritmo não tão cansativo, mas bem longe de ser animador.
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