O diretor Sérgio Rezende chegou a comparar os ataques do PCC em São Paulo aos atentados terroristas do 11 de Setembro em Nova York. Se o cineasta considera tão significativo o episódio da rebelião generalizada dos presídios paulistanos, o mínimo que se poderia esperar de "Salve Geral" é que o assunto recebesse um tratamento à altura. Porém, o filme peca na carência de detalhes sobre os fatos ocorridos naquelas horas de terror. Faz falta, principalmente, o ponto de vista do cidadão que vivenciou o caos em que a capital paulista se tornou em maio de 2006.
Porém, se a ausência desse personagem-testemunha é sentida, o foco dado à participação dos presos nos ataques é fundamental para a melhor parte do longa-metragem, que trata justamente da organização da rebelião. E Rezende leva um tempo para chegar lá, passando praticamente metade da duração total do filme desenvolvendo os personagens – principais e secundários – e preparando o cenário.
A protagonista, Lúcia, papel de Andréa Beltrão, é a mesma mãe-heroína que vimos a própria atriz viver recentemente em "Verônica" e que Patrícia Pillar interpretou em "Zuzu Angel", filme também dirigido por Sérgio Rezende. A escolha da personagem é oportuna, já que os ataques começaram em pleno Dia das Mães. E Lúcia desce ao inferno e se entrega ao diabo para tentar tirar o filho da cadeia; cumpre a missão materna a um preço que ela mesma parece duvidar se é justo.
Mas se, por um lado, a trajetória de Lúcia é capaz de comover, por outro duvidamos se a participação dela no filme como um todo é orgânica. Afinal, os ataques do PCC deixam de ser pano de fundo e ganham o primeiro plano em vários momentos, e o envolvimento da protagonista com aquele submundo não tem implicâncias significativas para o evento. Ela, então, se torna coadjuvante de uma trama paralela, aquela em que Rezende poderia ter sido mais cuidadoso.
A primeira providência que o cineasta deveria ter tomado é evitar os estereótipos, dentro e fora da prisão (o garoto nerd, apelidado de "HD", por exemplo, ficaria mais bem situado numa comédia burlesca). A outra é preencher lacunas que não deixam clara a dimensão que os ataques ganharam. Na tela, só tomamos conhecimento de muito do que aconteceu por imagens de noticiários, ou seja, temos praticamente a mesma experiência de ter acompanhado o caso pela televisão à época; sem falar no suposto acordo feito entre o PCC e a polícia - se Rezende assume que tal coisa aconteceu, por que não se deu à liberdade de detalhar os termos acertados?
“Salve Geral” tem um elenco acertado (e sem muitos rostos conhecidos do público, o que é sempre bom) e faz bem ao não recorrer a cenas explícitas de violência. A falta de contexto pode não incomodar quem entrar no filme já a par de tudo o que o ocorreu, mas, para o futuro, talvez seja necessário ao espectador fazer uma pesquisa no Google para se inteirar mais do assunto.
Porém, se a ausência desse personagem-testemunha é sentida, o foco dado à participação dos presos nos ataques é fundamental para a melhor parte do longa-metragem, que trata justamente da organização da rebelião. E Rezende leva um tempo para chegar lá, passando praticamente metade da duração total do filme desenvolvendo os personagens – principais e secundários – e preparando o cenário.
A protagonista, Lúcia, papel de Andréa Beltrão, é a mesma mãe-heroína que vimos a própria atriz viver recentemente em "Verônica" e que Patrícia Pillar interpretou em "Zuzu Angel", filme também dirigido por Sérgio Rezende. A escolha da personagem é oportuna, já que os ataques começaram em pleno Dia das Mães. E Lúcia desce ao inferno e se entrega ao diabo para tentar tirar o filho da cadeia; cumpre a missão materna a um preço que ela mesma parece duvidar se é justo.
Mas se, por um lado, a trajetória de Lúcia é capaz de comover, por outro duvidamos se a participação dela no filme como um todo é orgânica. Afinal, os ataques do PCC deixam de ser pano de fundo e ganham o primeiro plano em vários momentos, e o envolvimento da protagonista com aquele submundo não tem implicâncias significativas para o evento. Ela, então, se torna coadjuvante de uma trama paralela, aquela em que Rezende poderia ter sido mais cuidadoso.
A primeira providência que o cineasta deveria ter tomado é evitar os estereótipos, dentro e fora da prisão (o garoto nerd, apelidado de "HD", por exemplo, ficaria mais bem situado numa comédia burlesca). A outra é preencher lacunas que não deixam clara a dimensão que os ataques ganharam. Na tela, só tomamos conhecimento de muito do que aconteceu por imagens de noticiários, ou seja, temos praticamente a mesma experiência de ter acompanhado o caso pela televisão à época; sem falar no suposto acordo feito entre o PCC e a polícia - se Rezende assume que tal coisa aconteceu, por que não se deu à liberdade de detalhar os termos acertados?
“Salve Geral” tem um elenco acertado (e sem muitos rostos conhecidos do público, o que é sempre bom) e faz bem ao não recorrer a cenas explícitas de violência. A falta de contexto pode não incomodar quem entrar no filme já a par de tudo o que o ocorreu, mas, para o futuro, talvez seja necessário ao espectador fazer uma pesquisa no Google para se inteirar mais do assunto.
nota: 6/10 -- veja sem pressa
Salve Geral (2009, Brasil)
direção: Sérgio Rezende; roteiro: Sérgio Rezende, Patrícia Andrade; fotografia: Uli Burtin; montagem: Marcelo Moraes; música: Miguel Briamonte; produção: Joaquim Vaz de Carvalho; com: Andréa Beltrão, Denise Weinberg, Lee Thalor, Eucir de Souza, Kiko Mascarenhas, Michel Gomes, Giulio Lopes, Guilherme Sant'Anna, Taiguara Nazareth, Bruno Perillo, Chris Couto, Luciano Chirolli, Pascoal da Conceição, Julio Cesar; estúdio: Toscana Audiovisual, Globo Filmes; distribuição: Sony Pictures, Downtown Filmes. 119 min
direção: Sérgio Rezende; roteiro: Sérgio Rezende, Patrícia Andrade; fotografia: Uli Burtin; montagem: Marcelo Moraes; música: Miguel Briamonte; produção: Joaquim Vaz de Carvalho; com: Andréa Beltrão, Denise Weinberg, Lee Thalor, Eucir de Souza, Kiko Mascarenhas, Michel Gomes, Giulio Lopes, Guilherme Sant'Anna, Taiguara Nazareth, Bruno Perillo, Chris Couto, Luciano Chirolli, Pascoal da Conceição, Julio Cesar; estúdio: Toscana Audiovisual, Globo Filmes; distribuição: Sony Pictures, Downtown Filmes. 119 min
1 comentários:
Senti falta de no final aparecerem os números daquela violência toda, fiquei esperando... acho que um filme que tem um pano de fundo como esse não pode ficar tão "distanciado" do fato real.
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