Rio Congelado

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 13 abril 2009



  • “Rio Congelado” venceu o prêmio do júri no Festival de Sundance, a meca do cinema independente nos Estados Unidos. E o longa de estréia da cineasta Courtney Hunt não só recebeu também duas indicações ao Oscar (Atriz e Roteiro Original) e ganhou 20 outros prêmios, como foi altamente recomendado ao público por Quentin Tarantino.

    O motivo para tanta pompa é que “Rio Congelado” é um filme simples, mas muito bem construído nas relações entre seus personagens. A protagonista é interpretada por Melissa Leo, atriz veterana que só agora teve seu talento reconhecido. Ela vive a mãe de dois garotos, que na ausência do marido tem que se virar para conseguir o dinheiro que vai garantir uma nova casa para sua família. A situação na mesa de jantar e na sala de estar é turbulenta, já que o filho mais velho, no auge de sua adolescência, se revolta com a condição em que vivem, enquanto o mais novo, ainda uma criança, é dependente do carinho do irmão e da mãe.

    Vivendo na gélida paisagem que faz fronteira entre o estado de Nova York e o Quebec, no Canadá, aquela mulher encontra uma solução nada fácil para conseguir quitar sua dívida. Ao lado de outra mãe solteira, que mora na reserva indígena da região e vive longe do filho, ela decide se arriscar fazendo transporte de imigrantes ilegais. Do desespero, surge uma amizade incomum entre as duas mulheres. Dos riscos que elas correm, tem início um suspense que toma conta de suas vidas a cada atitude impensada que formam uma bola de neve.

    Courtney Hunt é muito hábil na forma como acompanha a evolução do drama, construindo a tensão ao mesmo tempo em que a confunde com os sentimentos naturais daquelas mães, que só estão ali no fim das contas para protegerem suas crias. Não é a toa que Tarantino tenha gostado tanto do filme, já que o diálogo com “Kill Bill” é forte no tema da maternidade. Mas se de um lado Tarantino faz uma ode à violência como estética pop, Courtney Hunt apresenta um olhar sensível sobre o drama familiar e faz com que a trama policial surja sem nenhum estardalhaço.

    Aliando isso a uma câmera que não vacila e valoriza muito o trabalho dos atores em planos fechados, “Rio Congelado” deixa uma forte impressão. E mesmo que Hunt esteja iniciando a carreira de cineasta aos 45 anos, podemos dizer tranquilamente que ela tem um futuro promissor.

    nota: 8/10 -- vale o ingresso

    Rio Congelado (Frozen River, 2008, EUA)
    direção: Courtney Hunt; roteiro: Courtney Hunt; fotografia: Reed Morano; montagem: Kate Williams; música: Peter Golub, Shahzad Ismaily; produção: Chip Hourihan, Heather Rae; com: Melissa Leo, Misty Upham, Charlie McDermott, Michael O'Keefe, Mark Boone Junior, James Reilly, Jay Klaitz; estúdio: Cohen Media Group, Harwood Hunt Productions, Off Hollywood Pictures; distribuição: Sony Pictures. 97 min

    2 comentários:

    Rafael Carvalho disse...

    O filme possui algumas facilidades e lugares-comuns do cinema independente, mas tem um largo coração. A atuação naturalista de Melissa Leo é um grande atrativo. Bom filme.

    Thiago Lucio disse...

    É um bom filme, sim, mas confesso que esperava algo mais impiedoso e cortante... especialmente no terceiro que achei muito brando... a atuação de Melissa Leo é boa, autêntica, mas não colocaria no meu TOP 5 (achei ela muito melhor em "21 Gramas", por exemplo)... é um drama até certo ponto eficiente, principalmente no que se propõe aos questionamentos morais dos personagens, mas confesso que não me cativou muito qdo vi... mediano apenas. 7/10

     
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