Nunca soube responder muito bem o motivo de achar "A Rede Social" o melhor e mais relevante filme dos dez indicados ao Oscar deste ano.
Falar que é apenas pelo roteiro é quase negligência. "A Rede Social" realmente é, à primeira vista, um filme de roteiro. Os diálogos rápidos, a forma narrativa escolhida por Aaron Sorkin, tudo é primoroso.
Mas um roteiro não é tudo. É uma parte extremamente importante. Não é possível fazer um filme bom com um roteiro ruim. Mas um roteiro bom pode ser prejudicado por uma direção ruim.
Daí entra David Fincher, o diretor de "A Rede Social"
É essencial a importância do trabalho de Fincher. Mas é difícil explicá-la, pois é quase imperceptível. E isso o torna um grande cineasta.
Ontem, me deparei com um artigo que deixa muita clara a importância de Fincher para o filme e para o cinema hollywoodiano. Para John Pavlus, autor do artigo, Fincher é o melhor designer de Hollywood.
O designer trabalha para deixar um projeto do qual participa o mais harmônico possível. Mas eles nunca devem se esquecer do conceito por trás dele. No caso de Fincher, ele parece pensar cada plano, cada sequência, cada cena. O cineasta vê cada detalhe. Se os objetos estão lá é porque eles realmente importam ao filme.
Um dos melhores exemplos do autor é a cena de "O Quarto do Pânico", quando Jodie Foster sai de seu isolamento para pegar um celular. Assista à sequência - que está lá no post de Pavlus - e perceba a importância dos objetos, do celular, do abajur, do colchão. Veja a cena, os planos, o efeito da câmera lenta. Até o movimento dos cabelos de Foster parecem jogar a favor do clima de tensão.
As cenas do making of de "Zodíaco" também dão a dimensão da maturidade de Fincher (clique aqui para vê-las). Perceba como o diretor utiliza os efeitos especiais. É como Craig Barron, o supervisor de efeitos visuais de "Zodíaco", disse ao falar de seu trabalho no filme: a ideia dos efeitos, neste caso, é o público não perceber que se tratam de efeitos.
E parece ser essa a personalidade de Fincher. O diretor pensa cada detalhe. Pensa cada plano. Mas só será bem-sucedido se o público não perceber o trabalho que há por trás do filme que acabou de ver. Por isso, o elogio mais recorrente a "A Rede Social" é em relação ao roteiro. Fincher faz tudo parecer fácil, faz parecer que o roteiro é realmente o grande protagonista. Mas não é. É essa a maior prova da genialidade do diretor. É só rever algumas cenas cruciais. A sequência da regata é uma delas. A sequência de abertura é outra. Podemos dar os créditos dos diálogos metralhados por Rooney Mara e Jesse Eisenberg apenas ao roteiro de Sorkin. Mas a sequência se tornar a essência de todo o filme e da personalidade de Mark Zuckerberg... Isso é David Fincher.
Por essas e outras, o Oscar de direção e, pior, o prêmio do Sindicato dos Diretores a Tom Hooper são ainda mais vergonhosos.
Falar que é apenas pelo roteiro é quase negligência. "A Rede Social" realmente é, à primeira vista, um filme de roteiro. Os diálogos rápidos, a forma narrativa escolhida por Aaron Sorkin, tudo é primoroso.
Mas um roteiro não é tudo. É uma parte extremamente importante. Não é possível fazer um filme bom com um roteiro ruim. Mas um roteiro bom pode ser prejudicado por uma direção ruim.
Daí entra David Fincher, o diretor de "A Rede Social"
É essencial a importância do trabalho de Fincher. Mas é difícil explicá-la, pois é quase imperceptível. E isso o torna um grande cineasta.
Ontem, me deparei com um artigo que deixa muita clara a importância de Fincher para o filme e para o cinema hollywoodiano. Para John Pavlus, autor do artigo, Fincher é o melhor designer de Hollywood.
O designer trabalha para deixar um projeto do qual participa o mais harmônico possível. Mas eles nunca devem se esquecer do conceito por trás dele. No caso de Fincher, ele parece pensar cada plano, cada sequência, cada cena. O cineasta vê cada detalhe. Se os objetos estão lá é porque eles realmente importam ao filme.
Um dos melhores exemplos do autor é a cena de "O Quarto do Pânico", quando Jodie Foster sai de seu isolamento para pegar um celular. Assista à sequência - que está lá no post de Pavlus - e perceba a importância dos objetos, do celular, do abajur, do colchão. Veja a cena, os planos, o efeito da câmera lenta. Até o movimento dos cabelos de Foster parecem jogar a favor do clima de tensão.
As cenas do making of de "Zodíaco" também dão a dimensão da maturidade de Fincher (clique aqui para vê-las). Perceba como o diretor utiliza os efeitos especiais. É como Craig Barron, o supervisor de efeitos visuais de "Zodíaco", disse ao falar de seu trabalho no filme: a ideia dos efeitos, neste caso, é o público não perceber que se tratam de efeitos.
E parece ser essa a personalidade de Fincher. O diretor pensa cada detalhe. Pensa cada plano. Mas só será bem-sucedido se o público não perceber o trabalho que há por trás do filme que acabou de ver. Por isso, o elogio mais recorrente a "A Rede Social" é em relação ao roteiro. Fincher faz tudo parecer fácil, faz parecer que o roteiro é realmente o grande protagonista. Mas não é. É essa a maior prova da genialidade do diretor. É só rever algumas cenas cruciais. A sequência da regata é uma delas. A sequência de abertura é outra. Podemos dar os créditos dos diálogos metralhados por Rooney Mara e Jesse Eisenberg apenas ao roteiro de Sorkin. Mas a sequência se tornar a essência de todo o filme e da personalidade de Mark Zuckerberg... Isso é David Fincher.
Por essas e outras, o Oscar de direção e, pior, o prêmio do Sindicato dos Diretores a Tom Hooper são ainda mais vergonhosos.
2 comentários:
Tirando o fato de que não achei Rede Social o melhor dos 10 indicados, concordo em gênero, número e grau!!!
E se já não bastasse a competência do Fincher na direção do Rede Social, ainda tem o fato de que ele foi ignorado pelo menos 3 vezes antes pela academia!! Sendo uma delas com o próprio Zodíaco.
Ou seja, o prêmio pro Tom Hooper não apenas foi vergonhoso, como absurdo!!!
Zodíaco é um dos filmes americanos mais importantes da década passada. Posso ficar aqui falando da injustiça do filme ter sido completamente esquecido no Oscar.Mas, no fim das contas, acho que é levar essa premiação è sério demais. Sendo que a própria Academia faz um grande esforço para não ser levada à sério
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