Lope de Vega é conhecido pela renovação que promoveu no teatro espanhol no século 16, quando a maioria das peças tinha caído na mesmice. Embora o filme de Andrucha Waddington frise essa importância do dramaturgo e poeta para a literatura espanhola, ela pouco parece importar ao próprio filme – que é reduzido pelo diretor a uma biografia genérica, que pouco contribui para trazer o autor à luz para quem não é familiarizado com seu trabalho.
Os aspectos que tornam a obra e o estilo de Lope singulares são apenas citados no filme, e de uma forma ainda mais superficial que uma página da Wikipedia é capaz de fazer. Bem diferente do que, por exemplo, Todd Haynes fez com Bob Dylan no inigualável “Não Estou Lá”, em “Lope”, a obra do artista jamais infuencia a forma ou o entendimento da narrativa para o espectador. Pelo contrário, Lope, que também serviu à Marinha espanhola, acaba passando por um espadachim insolente, um herói de uma história de Alexandre Dumas, que vive suas aventuras amorosas e, nas horas vagas, revoluciona o teatro espanhol.
Pode-se atribuir essa caracterização equivocada do personagem ao roteiro de Jordi Gasull e Ignacio del Moral, mas a culpa por "Lope" ter se tornado só mais um filme de época é toda de Waddington. O cineasta brasileiro não demonstra a mínima criatividade na construção dos planos e não consegue fugir do esquema de cores e iluminação que é usado em nove de cada dez longas do gênero. Aliás, é fácil imaginar que, se fosse feito no Brasil, o projeto daria uma perfeita minissérie da Globo. Feito no Reino Unido, fatalmente seria indicado ao Oscar.
Salvam-se no filme as boas atuações de Alberto Ammann, no papel principal, e de Leonor Watling, como Isabel, uma das amantes de Lope. As participações dos brasileiros Sônia Braga e Selton Mello são boas, mas não faria muita diferença se atores desconhecidos do público tivessem sido escalados.
No mais, Waddington merecia melhor sorte depois de dois bons filmes feitos no Brasil, “Eu Tu Eles” e “Casa de Areia”. Quem sabe um retorno ao país, depois desse auto-exílio no cinema internacional, traga de volta o cineasta que vinha traçando uma carreira sólida?
Lope (2010, Espanha/Brasil)
direção: Andrucha Waddington; roteiro: Jordi Gasull, Ignacio del Moral; fotografia: Ricardo Della Rosa; montagem: Sérgio Mekler; música: Fernando Velázquez; produção: Mercedes Gamero, Jordi Gasull, Edmon Roch, Teddy Villalba, Andrucha Waddington; com: Alberto Ammann, Leonor Watling, Pilar López de Ayala, Miguel Ángel Muñoz, Juan Diego, Luis Tosar, Selton Mello, Sonia Braga; estúdio: Antena 3 Films, Conspiração Filmes, Ikiru Films, El Toro Pictures; distribuição: Warner Bros. 106 min
Os aspectos que tornam a obra e o estilo de Lope singulares são apenas citados no filme, e de uma forma ainda mais superficial que uma página da Wikipedia é capaz de fazer. Bem diferente do que, por exemplo, Todd Haynes fez com Bob Dylan no inigualável “Não Estou Lá”, em “Lope”, a obra do artista jamais infuencia a forma ou o entendimento da narrativa para o espectador. Pelo contrário, Lope, que também serviu à Marinha espanhola, acaba passando por um espadachim insolente, um herói de uma história de Alexandre Dumas, que vive suas aventuras amorosas e, nas horas vagas, revoluciona o teatro espanhol.
Pode-se atribuir essa caracterização equivocada do personagem ao roteiro de Jordi Gasull e Ignacio del Moral, mas a culpa por "Lope" ter se tornado só mais um filme de época é toda de Waddington. O cineasta brasileiro não demonstra a mínima criatividade na construção dos planos e não consegue fugir do esquema de cores e iluminação que é usado em nove de cada dez longas do gênero. Aliás, é fácil imaginar que, se fosse feito no Brasil, o projeto daria uma perfeita minissérie da Globo. Feito no Reino Unido, fatalmente seria indicado ao Oscar.
Salvam-se no filme as boas atuações de Alberto Ammann, no papel principal, e de Leonor Watling, como Isabel, uma das amantes de Lope. As participações dos brasileiros Sônia Braga e Selton Mello são boas, mas não faria muita diferença se atores desconhecidos do público tivessem sido escalados.
No mais, Waddington merecia melhor sorte depois de dois bons filmes feitos no Brasil, “Eu Tu Eles” e “Casa de Areia”. Quem sabe um retorno ao país, depois desse auto-exílio no cinema internacional, traga de volta o cineasta que vinha traçando uma carreira sólida?
Lope (2010, Espanha/Brasil)
direção: Andrucha Waddington; roteiro: Jordi Gasull, Ignacio del Moral; fotografia: Ricardo Della Rosa; montagem: Sérgio Mekler; música: Fernando Velázquez; produção: Mercedes Gamero, Jordi Gasull, Edmon Roch, Teddy Villalba, Andrucha Waddington; com: Alberto Ammann, Leonor Watling, Pilar López de Ayala, Miguel Ángel Muñoz, Juan Diego, Luis Tosar, Selton Mello, Sonia Braga; estúdio: Antena 3 Films, Conspiração Filmes, Ikiru Films, El Toro Pictures; distribuição: Warner Bros. 106 min
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