Quando se pensa em filme sobre o fim do mundo, o que vem logo à cabeça são megaproduções repletas de efeitos especiais e cenas de ação, como “Armageddon”, “Independence Day”, “O Dia Depois de Amanhã” e o recente “2012”. Fugindo dessa linha lógica de catástrofe-heroísmo-salvação, “A Estrada” é um filme-desastre diferente. Dirigido pelo australiano John Hillcoat, o longa nos apresenta a um mundo já destruído, sem que os flashbacks do protagonista nos mostrem o que exatamente aconteceu. Há indícios extra-campo de que algum tipo de devastação natural levou ao fim da civilização. Mas nada é explícito. O foco de Hillcoat está naquilo que 99,9% dos filmes do gênero deixam de lado: o que é sobreviver DEPOIS do fim do mundo?
Viggo Mortensen interpreta o personagem principal, cujo único objetivo é sobreviver e garantir a sobrevivência de seu filho, ainda uma criança. A mãe, papel de Charlize Theron, surge apenas como assombração no único momento de paz do protagonista: o sono. Vagando por lugares inóspitos, mas que ainda detém uma beleza própria das ruínas, esse homem almeja apenas chegar ao Sul, como as aves migratórias, e com sorte evitar ladrões e canibais que rondam as estradas. Já a preocupação do filho é outra: ser bom, não matar, ajudar. Pureza em meio à selvageria transfigurada do homem que reaprendeu a ser bicho.
Ao contrário da ideia de velocidade a que os filmes de desastre ou o próprio título do longa possa remeter, “A Estrada” corre bem devagar, dando a sensação de estar fora de ritmo. Pode ser algo incômodo para o espectador, mas que de alguma forma condiz com a natureza da narrativa. Afinal, é de se esperar que no fim do mundo as coisas fiquem bem próximas do que se vê na tela. Ainda assim, existem cenas de ação, e não é a toa que elas lembram os tiroteios dos faroestes, já que o diretor vem de uma experiência bem sucedida naquele gênero: o poético e visceral “A Proposta”, de 2005, um dos melhores neo-faroestes de sua geração.
É assim que “A Estrada” se insere no rol de filmes-desastre da prole da computação gráfica – que já há duas décadas reprisa e estende os anos 70, época em que a produção de filmes-desastre foi proeminente e ajudou a criar o fenômeno do blockbuster. Em meio a tantos exemplares de gosto duvidoso, em que Roland Emmerich se sai como um Irwin Allen piorado, existem, sim, bons títulos, como “Filhos da Esperança”, “Matrix”, “Extermínio”, “Fim dos Tempos”, “Cloverfield”, “WALL•E”. Isso não é o fim do mundo, não é verdade?
Viggo Mortensen interpreta o personagem principal, cujo único objetivo é sobreviver e garantir a sobrevivência de seu filho, ainda uma criança. A mãe, papel de Charlize Theron, surge apenas como assombração no único momento de paz do protagonista: o sono. Vagando por lugares inóspitos, mas que ainda detém uma beleza própria das ruínas, esse homem almeja apenas chegar ao Sul, como as aves migratórias, e com sorte evitar ladrões e canibais que rondam as estradas. Já a preocupação do filho é outra: ser bom, não matar, ajudar. Pureza em meio à selvageria transfigurada do homem que reaprendeu a ser bicho.
Ao contrário da ideia de velocidade a que os filmes de desastre ou o próprio título do longa possa remeter, “A Estrada” corre bem devagar, dando a sensação de estar fora de ritmo. Pode ser algo incômodo para o espectador, mas que de alguma forma condiz com a natureza da narrativa. Afinal, é de se esperar que no fim do mundo as coisas fiquem bem próximas do que se vê na tela. Ainda assim, existem cenas de ação, e não é a toa que elas lembram os tiroteios dos faroestes, já que o diretor vem de uma experiência bem sucedida naquele gênero: o poético e visceral “A Proposta”, de 2005, um dos melhores neo-faroestes de sua geração.
É assim que “A Estrada” se insere no rol de filmes-desastre da prole da computação gráfica – que já há duas décadas reprisa e estende os anos 70, época em que a produção de filmes-desastre foi proeminente e ajudou a criar o fenômeno do blockbuster. Em meio a tantos exemplares de gosto duvidoso, em que Roland Emmerich se sai como um Irwin Allen piorado, existem, sim, bons títulos, como “Filhos da Esperança”, “Matrix”, “Extermínio”, “Fim dos Tempos”, “Cloverfield”, “WALL•E”. Isso não é o fim do mundo, não é verdade?
9 comentários:
Gostei bastante deste filme. e da narrativa lenta.Mas do que um fim do mundo, ele trata também da relação entre um pai e filho diante claro desta situação que é o mundo sem regras e caos. E nos filmes que voce citou ainda poderá acrescentar mais um. The Book of Eli, este sim é péssimo.
Acho que o ritmo lento só é incômodo para o espectador que espera o clichê de filmes-catástrofe, como os maus exemplos que você citou.
Quem pede por novidade e quer e consegue entender a essência deste filme com certeza irá gostar dele.
Eu só achei que o final poderia sair um pouco do lugar-comum. Mesmo assim, todo o desenrolar vale muito a pena.
a performance de Mortensen é o de grande importancia para o filme. Ele é 10!
http://cinespaco.blogspot.com/
Choraste no final ?
Filme excelente. Realmente os filmes que vc citou no inicio da resenha eu os classificaria de filmes-catastrofe. São veiculos para mostrar a destruição da terra ou algo do tipo. Tipo Aventura-acão.
Filmes que mostram a sobrevivencia pos-apocaliptica são aqueles que vc citou no final, acrescentaria Mad Max e Sou a Lenda.
O filme é fantástico! O ritmo desenvolvido sem pressa consegue criar cenas de tensão insuportável quando qualquer personagem surge em cena. E a fotografia é tão importante e linda que chega a ser um dos maiores personagens do filme. Aliás, tecnicamente o filme é impecável.
Eu acredito que o ritmo lento não é fácil de se acompanhar mesmo para espectadores abertos a todas as experiências. Digo isso por mim mesma, já que mesmo gostando do filme eu sentia esse "incômodo" (não sei se é a palavra certa). Mas isso não é ruim. É também uma forma de sentir o filme, de interagir e poder refletir.
Eu acredito que o cenário de fim de mundo é apenas uma forma de estudar o Homem, e não o objetivo final. O filme é completamente angustiante, aquela cena de pesssoas gritando porque estão sendo assassinadas para servirem de comida é horrível. Como a criança pergunta: faríamos isso ou não? Questões morais, etc. Agora, eu nunca me dou bem com filmes que o narrador, consciente de que está falando para um filme, morre e o filme continua. Eu realmente acredito que o filme deve acabar quando ele morre. E tb porque o filme perdeu força nesse final, na família que adota a criança, tentando colocar o "bem" na humanidade. Talvez isso seja até correto na nossa realidade, mas não combinava com tudo o que o filme apresentou.
Fazia tempo que não me sentia mal ao assistir um filme... e isso não é ruim! Um filme que nos desperta um sentimento assim certamente mostra o seu diferencial.
A cena das pessoas presas no porão me deixou simplesmente sem palavras.
Gostei muito. Pesado. A trilha sonora, assim como a de "A Proposta" é um dos pontos altos.
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