O Lobisomem

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 12 fevereiro 2010



  • Nesta refilmagem do clássico filme de monstro de 1941, da Universal Pictures, Benício Del Toro interpreta o personagem principal, um homem que retorna para sua cidade natal depois que seu irmão é vítima do ataque de uma criatura misteriosa. Ele também acaba sendo atacado e toma para si a maldição do lobisomem: vem a lua cheia e ele se transforma em um ser feroz e incontrolável.

    O grande destaque, sem dúvida, é a caracterização de Del Toro. Além de empregar à forma humana do personagem uma atuação de qualidade rara de se ver num filme do gênero, o ator também se sai um monstro muito bom. E Del Toro deve muito ao perito em efeitos especiais de maquiagem Rick Baker, que ganhou o Oscar em 1981 justamente por seu trabalho em “Um Lobisomem Americano em Londres”, de John Landis – que é considerado um dos, senão o melhor filme de lobisomem já feito.

    E é aí onde aparecem as falhas deste novo "O Lobisomem". Você certamente já viu a cena de “Um Lobisomem Americano em Londres” em que o protagonista, interpretado por David Naughton, se transforma no personagem-título. Toda aquela cena foi feita sem a ajuda de efeitos de computador, já que os mesmos não existiam não época. Já no “O Lobisomem” do século 21, a cena equivalente é duplamente decepcionante: primeiro, porque dispensa o trabalho de um profissional em extinção na indústria hollywoodiana como Rick Baker; e segundo, porque os efeitos de computador utilizados não ficaram nem um décimo convincentes como aqueles criados artesanalmente três décadas atrás.

    A cena funciona? Sim. Não estamos diante de algo mal feito. Mas é aquela já velha história de o CGI não conseguir ser "palpável" - isto é, você tem convicção absoluta de que aquilo, no fundo, não passa de um desenho animado (sei que eu não deveria utilizar o termo "desenho animado" de forma pejorativa, visto que sou admirador dos mesmos, mas acredito que o leitor entendeu o que eu quis dizer). Sem falar que toda vez que o lobisomem aparece correndo ou pulando podemos ver claramente que se trata de um boneco feito por computador, de tão artificial que é.

    Apesar dos pesares, a direção de Joe Johnston é estável o suficiente, embora ainda nos deixe esperando a promessa dos anos 90, com "Rocketeer" e "O Céu de Outubro", ser cumprida. Ele consegue criar boas cenas de ação (a do acampamento cigano se destaca) e construir uma atmosfera clássica em torno da história. Tão clássica, que chega a parecer datada em vários momentos. E talvez seja este o principal problema de "O Lobisomem": inova muito onde não precisava (nos efeitos visuais) e não traz nada que o irmão mais velho já não tenha oferecido.

    nota: 4/10 -- veja sem pressa

    O Lobisomem (The Wolfman, 2010, EUA/Reino Unido)
    direção: Joe Johnston; roteiro: Andrew Kevin Walker, David Self (baseado no roteiro de Curt Siodmak); fotografia: Shelly Johnson; montagem: Walter Murch, Dennis Virkler; música: Danny Elfman; produção: Sean Daniel, Benicio Del Toro, Scott Stuber, Rick Yorn; com: Benicio Del Toro, Anthony Hopkins, Emily Blunt, Hugo Weaving, Simon Merrells, Art Malik, David Sterne; estúdio: Universal Pictures, Relativity Media, Stuber Productions; distribuição: Universal Pictures. 125 min

    4 comentários:

    Mainardi disse...

    Salve Renato.

    Haa... lendo sua crítica, me lembrei na hora do comentário que postei no blógue da revista que participo, onde comento o primeiro trailer d'O Lobisomen.

    As impressões que tive do trailer batem exatamente com o que você colocou em sua crítica. Ou seja, como admirador da arte dos "profissionais em extinção" que você comentou: tô contigo e não abro.

    Ainda assim estou curiosíssimo para ver o filme.


    Segue o link do meu comentário, caso tenha curiosidade:
    http://farrazine.blogspot.com/search/label/Lobisomem

    Abraço

    Carlos André disse...

    Sim, o filme é datado. Sim, os efeitos computadorizados não são os melhores. Mas o texto é bom, a direção segura e Emily Blunt rouba todas a cenas em que aparece, expressiva e bela. É filme realizado para ser visto na tela grande.

    David Giassi disse...

    Crítica bastante equivocada esta!! Rick Baker PARTICIPA sim deste "Lobisomen", todas as cenas feitas com o Benicio Del Toro transformado foram com a maquiagem de Rick, portanto não entendi sua colocação! Fora isso, os efeitos são bem dosados (nada além que um "Transformers" da vida não tenha feito!) e o elenco é nota 10 (complementado por Anthony Hopkins). A ambientação é perfeita e as fotografia está maravilhosa! O roteiro foi reescrito e a estória ganhou contornos mais dramáticos, já que no original era apenas um conto sobre um homem que se transforma em lobisomen...O diretor acrescentou muitas cenas gore (cenas estas sem CGI) indo na contramão dos filmes atuais que pegam leve. Lembramos até mesmo dos bons filmes italianos de Lucio Fulci ou dos clássicos da Hammer!!

    Portanto, não consigo entender essa crítica negativa!!

    Anônimo disse...

    MEUS DEUS DO CÉU ACREDITEM!! TIVE UM SONHO A MAIS DE 5 ANOS ATRAS... IMAGINEI O ATOR BENICIO DEL TORO FAZENDO UM PAPEL DE LOBISOMEM, E OLHA SO O Q ACONTECEU?! PARA MINHA SURPRESA....
    CONCORDO EM PARTE Q TAMBEM NAO GOSTO DE CGI, MAS VAMOS DEIXAR O RADICALISMO DE LADO E VAMOS PENSAR QUE A QUANTOS ANOS NAO O MUNDO NAO FAZIA FILME SÓ SOBRE LOBISOMEM. E ALGUEM ENCAROU ESSA DIFICIL TAREFA ACHO O FILME BELISSIMO, DO COMEÇO AO FIM UM CLIMA SOMBRIO E ATRAENTE EU NAO PISQUEI NESSE FILME..
    E QUANTO A CENA DELE CORRENDO É BÁRBARA, MAGNIFICO , NAO CONCORDO QUE SEJA UM BONECO DE CGI.. FOI TUDO MUITO BEM FEITO, O UNICO DEFEITO DO FILME É NAO TER UMA CONTINUAÇAO.. ABRAÇO A TODOS ALEMAO DO ALTO

     
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