Dizer que Suzana Amaral foi influenciada por David Lynch para dirigir “Hotel Atlântico” é praticamente fazer papel de estraga-prazer para quem ainda não assistiu ao filme. Então, me desculpe se estou antecipando o que você vai encontrar no cinema, pois, ao mesmo tempo, posso estar auxiliando sua experiência, já que este não é dos filmes mais fáceis encontrados em cartaz.
A referência a David Lynch parte da estética onírica que o cineasta americano adota em “Cidade dos Sonhos” e “Império dos Sonhos”. Porém, não devemos esperar de “Hotel Atlântico” a mesma solução para o quebra-cabeça apresentado na tela. Se os filmes de Lynch podem ser interpretados como sonhos – ou melhor dizendo, pesadelos – o trabalho de Suzana Amaral pode ser tudo: sonho, devaneio, ilusão, realidade alternativa. Pode ser até uma história de fantasmas, de certa forma. Isto porque a cineasta é ainda mais enigmática que Lynch – o que pode ser frustrante, é verdade.
A jornada dantesca atravessada pelo protagonista, interpretado por Júlio Andrade, em mais uma ótima atuação depois de “Cão Sem Dono”, parece não ter fim em seus absurdos. Tanto pelas situações em que ele se envolve quanto pelos personagens que encontra pelo caminho, cujos destinos parecem sempre levar à morte (ou a algo próximo dela). Nesse freak show existencial, o espectador sobrevive através da intriga.
Suzana Amaral mantém a mão firme na direção deste estranho filme de estrada, sem recorrer em nenhum momento a imagens estilizadas – contribuição certeira para que o mistério exista sob a sombra do real, enquanto os fatos são levados pela maré. E a chave para que “Hotel Atlântico” funcione é justamente tais fatos não voltarem.
A referência a David Lynch parte da estética onírica que o cineasta americano adota em “Cidade dos Sonhos” e “Império dos Sonhos”. Porém, não devemos esperar de “Hotel Atlântico” a mesma solução para o quebra-cabeça apresentado na tela. Se os filmes de Lynch podem ser interpretados como sonhos – ou melhor dizendo, pesadelos – o trabalho de Suzana Amaral pode ser tudo: sonho, devaneio, ilusão, realidade alternativa. Pode ser até uma história de fantasmas, de certa forma. Isto porque a cineasta é ainda mais enigmática que Lynch – o que pode ser frustrante, é verdade.
A jornada dantesca atravessada pelo protagonista, interpretado por Júlio Andrade, em mais uma ótima atuação depois de “Cão Sem Dono”, parece não ter fim em seus absurdos. Tanto pelas situações em que ele se envolve quanto pelos personagens que encontra pelo caminho, cujos destinos parecem sempre levar à morte (ou a algo próximo dela). Nesse freak show existencial, o espectador sobrevive através da intriga.
Suzana Amaral mantém a mão firme na direção deste estranho filme de estrada, sem recorrer em nenhum momento a imagens estilizadas – contribuição certeira para que o mistério exista sob a sombra do real, enquanto os fatos são levados pela maré. E a chave para que “Hotel Atlântico” funcione é justamente tais fatos não voltarem.
nota: 8/10 -- vale o ingresso
Hotel Altântico (2009, Brasil)
direção: Suzana Amaral; roteiro: Suzana Amaral (baseado no livro de João Gilberto Noll); fotografia: José Roberto Eliezer; montagem: Idê Lacreta; música: Luiz Henrique Xavier; produção: Ary Pini; com: Júlio Andrade, Gero Camilo, Emerson Danesi, Renato Dobal, André Frateschi, Luis Guilherme, Helena Ignez, Lorena Lobato, João Miguel, Mariana Ximenes, Jiddú Pinheiro; estúdio: Planifilmes; distribuição: Espaço Filmes. 110 min
direção: Suzana Amaral; roteiro: Suzana Amaral (baseado no livro de João Gilberto Noll); fotografia: José Roberto Eliezer; montagem: Idê Lacreta; música: Luiz Henrique Xavier; produção: Ary Pini; com: Júlio Andrade, Gero Camilo, Emerson Danesi, Renato Dobal, André Frateschi, Luis Guilherme, Helena Ignez, Lorena Lobato, João Miguel, Mariana Ximenes, Jiddú Pinheiro; estúdio: Planifilmes; distribuição: Espaço Filmes. 110 min
1 comentários:
Sem dúvida se trata de um freak show existencial, mas que parece mais interessado em sacrificar o espectador, do que qualquer outra coisa. Com atuações regulares, um roteiro no mínimo solto e longas cenas que levam de lugar algum, para um ponto qualquer, o filme fracassa em atender até as expectativas de um simples road movie. Obs: O que incomoda mesmo é ver as "boas" qualificações que o filme tem levado por aí. Isso é apoio a industria nacional, ou um bando de gente desqualificada mesmo?
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