Apenas o Fim

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 03 julho 2009


  • A estréia de “Apenas o Fim” nos cinemas é um exemplo perfeito da desigualdade entre o número de filmes que aguardam uma data para serem exibidos e o número de salas de projeção disponíveis no país.

    Se fosse lançado na “baixa temporada”, isto é, entre março e abril ou setembro e outubro, o filme do cineasta estreante Matheus Souza poderia muito bem encontrar espaço nos cinemas de shopping. Afinal, trata-se de uma comédia romântica voltada para o público adolescente ou na faixa dos 30 anos de idade. Tem atores jovens e talentosos (Gregório Duvivier e Érika Mader, ambos de "Podecrer!"), uma direção simples e moderninha, bem ao gosto da geração MTV, além de uma tonelada de referências à cultura pop, presentes em praticamente todos os diálogos.

    Mas de nada adianta tudo isso com a concorrência injusta da temporada de férias escolares, quando temos, por exemplo, “A Era do Gelo 3” ocupando nada menos do que 5 das 10 salas de um multiplex da rede Cinemark. Que saída há para produções independentes e modestas, como “Apenas o Fim”, senão o circuito alternativo?

    O filme de Matheus Souza está longe de ser perfeito ou merecer figurar entre os melhores do ano. Tem problemas evidentes, principalmente no exagero de citações a outros filmes, séries de TV, brinquedos, videogames, bandas e até redes de fast-food. A sensação é a de estar numa sala onde Quentin Tarantino, Kevin Smith e Jerry Seinfeld, inspirações óbvias do cineasta, conversam sobre futilidades sem parar.

    Souza não coloca menção a "Antes do Amanhecer"/"Antes do Pôr do Sol" na boca dos personagens - o que pode soar estranho, uma vez que o antenado casal protagonista certamente assistiu àqueles filmes. Mas talvez Souza tenha optado por não ser tão óbvio e fazer do próprio filme uma referência a Richard Linklater.

    Apesar da overdose intertextual e do prolongamento de algumas cenas com o elenco coadjuvante, “Apenas o Fim” cresce em duas instâncias mais importantes. A primeira, a direção, com Souza privilegiando tomadas longas e planos-sequências entre o vai-e-vem desnecessariamente "cool" da narrativa. A outra, o sentimento sincero que evoca através do drama do fim do namoro, situação pela qual a maioria de nós já passou e que atinge em cheio o público jovem.

    Público esse que, por imposição dos grandes distribuidores, fatalmente não verá o filme e perderá seu tempo com “Transformers 2” e outras bobagens.

    nota: 7/10 -- vale o ingresso

    Apenas o Fim (2009, Brasil)
    direção: Matheus Souza; roteiro: Matheus Souza; fotografia: Julio Secchin; montagem: Julio Secchin; música: Pedro Carneiro; produção: Mariza Leão, Julia Ramil; com: Gregório Duvivier, Érika Mader, Marcelo Adnet, Nathalia Dill, Anna Sophia Floch, Álamo Facó, Julia Gorman; estúdio: Atitude Produções; distribuição: Filmes do Estação. 80 min

    4 comentários:

    Fred Burle disse...

    Eu mesmo sou um dos que andou trocando esse filme por bobagens, mas vou reparar esse desleixo antes que o filme saia de cartaz.

    Renato, essa semana recebi um selo e escolhi o seu blog para repassá-lo. Depois dê uma olhada lá no blog.
    Abraço!

    Caio. disse...

    Podcre eh um pessimo filme , parece uma Malhaçao retro.

    Apenas o fim eh bom e ponto. Nada muito alem , nao chega a ser sensacional como poderia ter sido , acredito que foi por causa do amadorismo dos diretores e roteristas , realmente o filme excessa nas referencias pop assim como voce falou , ninguem na vida real fala tanto desse tipo de coisa !!! eh tanta que acaba soando artificial.

    Achei a Erika Mader com uma atuaçao muito fraquinha porem ela tem potencial para ser uma atriz-celebridade da Globo, e o Gregorio Duvivier atua mais ou menos , ele deve ter mais talento do que foi visto. A quimica deles eh meio estranha , simplismente nao consegui acreditar que eles eram namorados e tambem as motivaçoes pra Erika terminar com o Gregorio nao me conveceram.

    Ja foste ver Jean Charles ? eh um filme maravilhoso e frustante , o que me chateou no filme foi que no fim fiquei com a sensaÇao de " - Porra , eh so isso ? O negocio tava ficando bom e acabou ? " , o roteiro encerrou a historia no momento errado e desperdiçou chances de debater assuntos muito importantes. Eh foda isso pois o filme tava bem legal , um desabafo amargo pra caramba mas que acabou mal aprofundado pelo roteiro.

    Alias a trilha sonora eh muito boa assim como a fotografia , repara.

    Amanha vou assistir Simonal - Ninguem Sabe o Duro que Dei , espero chorar no final.

    Foi mal pelos acentos , o computador que to digitando eh maluco.

    Marcos Tadeu disse...

    Já queria ver esse filme antes, pq sou fã da dupla Hawke/Delphy. Agora que vi que Nathalia Dill tá no elenco então...
    Sugiro uma crítica urgente sobre "Drag me to Hell". Uma homenagem escancarada ao bom e velho Sam Raimi de "Morte do Demônio", não necessariamente apenas no quesito trash. Roteiro excelente e simplório e efeitos que lavam a alma dos admiradores do terror honesto cansados de anos de dominação japonesa.

    ..Fael Piero.. disse...

    Filme muito bom. Infelizmente não consegui assisti-lo cinema, mas após vê-lo o achei tão bom quanto tinha ouvido a seu respeito e visto seus trailers.
    Mesmo se tratando do fim de namoro, o filme consegue, e muito, ser engraçado, graças a todas suas referência.

     
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