O Exterminador do Futuro: A Salvação

por
  • GUILHERME TOMASI em
  • 08 junho 2009



  • Em certo momento da pós-produção de “O Exterminador do Futuro: A Salvação”, James Cameron, criador do conceito e dos personagens da série, foi perguntado sobre a sua opinião quanto ao filme. Ele preferiu adiar sua resposta até que assistisse ao longa, para poder odiá-lo se necessário. A pergunta do cinematório é a seguinte: será Cameron a encarnação de Nostradamus?

    O filme tem problemas sérios, como furos no roteiro que desafiam o bom senso do espectador em vários momentos da projeção, além de cenas de ação mal cadenciadas que acabam subitamente sem trazer surpresa alguma. Talvez impedido de exercer a mistura de ação surrealista e humor grotesco que utilizou nos dois “As Panteras”, McG vem demonstrar o que realmente é: um diretor extremamente restrito e sem imaginação.

    Culpa também dos roteiristas John Brancato e Michael Ferris (e provavelmente de mais uma dúzia de pessoas que devem ter colocado as mãos no roteiro, o que fica óbvio pela colcha de retalhos em que o produto final se transformou). A dupla ignora fatos básicos da franquia, além de conceitos do próprio filme que são colocados na tela em certos momentos e ignorados depois.

    É notável também a influência de “Transformers”, algo que ocorreu semelhantemente pós-1999, quando quase todos os filmes de ação demonstravam a influência de "Matrix". Nem o fato de colocarem inúmeras referências aos outros filmes da série justificam o descaso com o roteiro, porque as mesmas estão confeitadas por todo o longa, tornando-o uma espécie de caça ao tesouro para os fãs.

    Impressiona ainda o fato de que vários atores conhecidos aparecem em papéis tão pequenos que se tornam dispensáveis, como a personagem de Jane Alexander, ou que se tornam ridículos pela inexpressíva participação, como as personagens de Bryce Dallas Howard (que deveria ter um papel muito maior e mais importante) e de Helena Bonham Carter (como a pseudo-vilã do filme, totalmente desnecessária).

    Não se salva nem Christian Bale ou Sam Worthington. Bale deveria saber melhor e talvez sua explosão no set deve ter sido um momento de auto-realização, quando notou onde havia se metido. Pena que descontou na pessoa errada. Worthington, o ator do momento (que logo vai estrelar “Avatar”, o tão esperado retorno do próprio James Cameron às telas, 11 anos após seu pequeno filme daquele barquinho que afunda), provavelmente não tinha idéia da mancha que estava colocando em seu currículo.

    “O Exterminador do Futuro: A Salvação” é apenas um filme de verão, nada mais do que isso. É uma pena, porque poderia ser um bom acréscimo à série e trazer uma nova leva de filmes de ficção-científica, algo que estamos precisando há algum tempo. Talvez tenhamos que esperar até “Avatar” estrear. Que Cameron venha salvar o gênero.

    nota: 4/10 -- não se culpe por não ver

    O Exterminador do Futuro: A Salvação (Terminator Salvation, 2009, EUA/Alemanha/Reino Unido)
    direção: McG; roteiro: John D. Brancato, Michael Ferris; fotografia: Shane Hurlbut; montagem: Conrad Buff; música: Danny Elfman; produção: Derek Anderson, Moritz Borman, Victor Kubicek, Jeffrey Silver; com: Christian Bale, Sam Worthington, Moon Bloodgood, Helena Bonham Carter, Anton Yelchin, Jadagrace Berry, Bryce Dallas Howard, Common, Jane Alexander, Michael Ironside; estúdio: The Halcyon Company; distribuição: Sony Pictures. 115 min

    5 comentários:

    RENATO SILVEIRA disse...

    Assino embaixo. E acrescento algo que eu disse no Twitter: "Terminator Salvation" é um filme que tem cara de produção de US$ 200 milhões, mas que passa a sensação de uma dessas continuações lançadas direto em DVD.

    Numa história que se resume a explodir a base inimiga, McG se espelha em Michael Bay, e não em James Cameron, fazendo com que qualquer coisa seja motivo para uma explosão a mais.

    Muita gente elogiando o Sam Worthington por aí. Realmente, ele se destaca. Só é uma pena seu personagem ser impossível, se alguma continuidade na franquia tem que ser respeitada.

    "Terminator Salvation" é um filme desesperado. Até o "I'll be back" e a música do Guns eles inventaram de enfiar em algum lugar. A referência a "Transformers" que o Guilherme mencionou é perfeita: tem até "cobra terminator" no troço.

    Não dá. E se vocês lerem o artigo do link abaixo, vão ver que era um projeto condenado desde o início:

    http://chud.com/articles/articles/19577/1/EXCLUSIVE-WHAT-WENT-WRONG-WITH-TERMINATOR-SALVATION/Page1.html

    []s!

    Caio. disse...

    a franquia Exterminador do Futuro é um claro exemplo do que pode acontecer quando as ambições dos executivos de estúdio se realizam: continuações forçadas que soam como algo sem propósito de existir , ou tu achas que os chefões não querem fazer um outro De Volta Para o Futuro ? um Batman 4 e 5 ? esse é o verdadeiro sonho deles , é uma lógica capitalista , se algo deu lucro que se façam mais dele , aliás fico muito preocupado em relação ao Batman do Chris Nolan pois claramente os filmes estão sendo feitos como uma história com começo/meio/fim , depois só Deus sabe qual crime a Warner vai cometer com a mitologia da obra.


    Eu semprei achei que os dois primeiros Terminator eram um cículo fechado e fazer mais um filme seria algo ofensivo , quando a Rebelião das Máquinas estreou tudo o que eu temia se tornou real e a paródia foi longe contando ainda com um seriado de tv !

    Enfim , as vezes acho que deveria existir nos filmes de ação dois diretores: um pra dirigir a história e outro pra dirigir as cenas de ação , melhor do que deixar nas mãos de uma única pessoa que não tem talento em todas as vertentes necessárias para a direção de um filme , deveriam ter feito isso no Terminator Salvation.

    RENATO SILVEIRA disse...

    Caio, o uso desse segundo diretor, para as cenas de ação se mostra adequado mesmo quando o diretor principal não saca muito da coisa. Vários filmes medianos poderiam ser beneficiados caso houvesse uma "unidade de ação", digamos.

    O que eu acho curioso também é que nesses filmes da era CGI, muitas vezes o diretor só dá seu aval às sequência de ação criadas no computador. Ele mesmo nem botou a mão naquilo, e quem fez foi a equipe de computação gráfica. O melhor exemplo que consigo pensar agora é a nova trilogia "Star War". Nos extras dos DVDs, você vê claramente que o George Lucas aparecia apenas para dar sua aprovação em storyboards e sequências pré-animadas. Ele escreveu as cenas, claro. Mas de forma alguma foi ele quem concebeu a forma final que elas tomaram. Para quem vai o crédito nesse caso? Voltando ao "Terminator", no fim a gente nem sabe o que foi que o McG fez mesmo, o quê ali é idéia dele ou do "cara do CGI". Ainda mais quando a gente sabe que ele é um cineasta medíocre.

    Ah, Caio, valeu pelos links no post anterior, dos vídeos-tributos. Bem bacana. :)

    []s!

    Tiago Lipka disse...

    Sem querer ser chato, eu fui mais bondoso com o filme no meu blog... =P

    Tá certo, sei que o filme não é perfeito, mas é infinitamente superior ao terceiro, e tem cenas bastante bem feitas que merecem uma conferida no cinema. Pra mim, é Nota 7.

    Abraço o/

    timewillcome disse...

    Acabem com essa série e me tirem daqui!!!
    Foi o que pensei quando assisti.

    Resumindo.
    Uma grande caca de elefante.

     
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