X-Men Origens: Wolverine

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 01 maio 2009


  • Quando o primeiro filme dos X-Men foi lançado, no ano 2000, havia motivo para muita festa. Personagens adorados dos fãs de revistas em quadrinhos finalmente ganhavam suas versões em carne e osso, com ótimos efeitos especiais, atores carismáticos e uma história que rendeu uma trilogia. Nove anos depois, estréia “X-Men Origens: Wolverine”, mas pelo menos dois fatores impedem que o filme-solo do mutante mais marcante do grupo alcance o mesmo sucesso.

    Primeiro, temos a questão da cópia inacabada, sem efeitos especiais, que vazou na internet quase um mês antes do lançamento. Para tentar remediar, os produtores afirmaram que aquela versão não era a mesma que seria exibida nos cinemas. E ainda adotaram a estratégia de criar diversos finais extras, aqueles que aparecem depois dos créditos, para estimular os fãs a comprar mais ingressos para ver cenas diferentes.

    Ao bem da verdade, os efeitos especiais de “Wolverine” são bem feitos e devem fazer muita falta. Afinal, existem cenas que são efeitos especiais. Além disso, ver os atores dando saltos com cabos presos às costas deve afastar qualquer verossimilhança do que acontece na tela. Portanto, se é para acreditar no filme, assistir à versão final, com tudo no lugar, é indispensável.

    Já em relação à história contada, a coisa muda de figura. Por mais que se tenha tentado mudar alguma coisa em cima da hora por causa da cópia pirata, nem um, nem dois, nem dez finais extras seriam capazes de fazer o filme melhorar. O que nos leva ao segundo fator que prejudica “Wolverine”: o filme nada mais faz do que apenas ventilar a série “X-Men”, sem acrescentar nada novo ou revelador sobre o personagem. Apenas torna mais explícito aquilo que os filmes anteriores já indicavam por meio de flashbacks: como Logan chegou até o projeto Arma X e se transformou no mutante feroz de garras de adamantium. Decepcionante também é que Wolverine, apesar de ser interpretado com a competência de sempre por Hugh Jackman, está mais “manso” do que nos filmes anteriores. O que não deixa de ser frustrante, já que agora ele tem um filme todo para ele.

    Além da origem de Wolverine, existem outras curiosidades, como a participação de personagens dos quadrinhos que ainda não tinham aparecido no cinema, nem mesmo naquela orgia que foi o terceiro “X-Men”. Gambit (Taylor Kitsch), por sinal, cumpre esse papel com excelência, apesar de seu senso de humor não ser tão bem explorado. Por outro lado, pelo menos um personagem forte, candidato potencial a um filme-solo, é deturpado de suas características na HQ, para a irritação dos fãs mais ortodoxos. O que no fim é contraditório: se este é um filme para fãs, por que não agradá-los e fazer tudo direito?

    Nesse ponto, o diretor Gavin Hood difere e se assemelha a Zack Snyder, que este ano lançou “Watchmen”. Difere porque não demonstra ter muito cuidado estético na composição das cenas - preocupação que Bryan Singer teve e fez de “X-Men 2” o mais distinto dos filmes da franquia. O que é espantoso é que Hood fez um exímio trabalho visual em “Infância Roubada”, seu longa de estréia, mas aqui parece acuado, com medo do material. E ele ainda se rende ao uso indiscriminado de câmera lenta nas cenas de ação, se assemelhando aí a Snyder em “300” e “Watchmen”. Pelo visto, esse é o efeito de câmera que vai caracterizar os anos 00, tal como, por exemplo, o zoom marcou os anos 70.

    O roteiro de David Benioff (“Tróia”) e Skip Woods (“Hitman”) ainda faz um prelúdio para o próximo filme do selo “X-Men Origens”, que possivelmente vai mostrar a primeira turma de jovens mutantes do Professor Xavier. Mas será que é realmente necessário contar essa história? Se “Wolverine” for a resposta, é melhor os produtores refazerem seus planos.

    nota: 6/10 -- veja sem pressa

    X-Men Origens: Wolverine (X-Men Origins: Wolverine, 2009, Austrália/EUA/Canadá)
    direção: Gavin Hood; roteiro: David Benioff, Skip Woods; fotografia: Donald McAlpine; montagem: Nicolas De Toth, Megan Gill; música: Harry Gregson-Williams; produção: Hugh Jackman, John Palermo, Lauren Shuler Donner, Ralph Winter; com: Hugh Jackman, Liev Schreiber, Danny Huston, Will i Am, Lynn Collins, Kevin Durand, Dominic Monaghan, Taylor Kitsch, Daniel Henney, Ryan Reynolds, Scott Adkins, Tim Pocock; estúdio: 20th Century Fox, Marvel Entertainment, Donners' Company, Seed Productions, Dune Entertainment; distribuição: 20th Century Fox. 107 min

    11 comentários:

    Thiago Lucio disse...

    Pôxa, Renato, você foi bem econômico nas palavras pra falar do filme... eu acho que muito mais do que deixar de contar mais coisas sobre o passado de Wolverine... o grande pecado do filme é a pressa... o filme é curto, enxuto e não dá muito tempo para maiores explicações... existe um ou dois momentos em que a narrativa pára para dar um tempo para o personagem se assentar... e dizer que o filme não pára não é necessariamente um elogio à dinâmica, mas sim a preferência à ação em detrimento à profundidade da história. Além do excesso de tempo dado a outros mutantes, sendo uma espécie de "X-Men" genérico, inclusive o sr. Gambitt que me decepcionou quanto a sua caracterização e a sua própria função narrativa. Quanto ao outro personagem que vc citou, confesso que a impressão deixada no início do filme foi ótima e que ela não se cumpriu posteriormente, concordo.

    Como tudo que envolve as HQ´s, sou um zero a esquerda, embora adore o Wolverine dos desenhos animados e do cinema, logo por mais que eu reconhecesse o projeto militar no qual o personagem faz parte, muitas coisas novas foram inseridas, como o episódio trágico familiar, a sua relação fraternal com Victor Creed, a sua relação com Kayla, os interesses por de trás da injeção de adamantium em Wolverine, enfim, eu acho meio injusto essa afirmação que muitos tem feito sobre "ah, o filme não acrescenta em nada do que já sabíamos sobre o personagem"... mas aquela coisa, como são muitos, o equivocado pode ser eu... ainda assim fico com a minoria... minhas impressões estão registradas em www.monocineblog.blogspot.com ... WOLVERINE - 7/10

    RENATO SILVEIRA disse...

    Thiago, essas coisas novas que foram inseridas REALMENTE faziam falta antes de você ver o filme? Claro que o filme tem informações que o pessoal que não conhece o quadrinho não sabia, caso contrário não existiria o filme. A questão é que nenhuma delas faz falta lá na frente, nos filmes seguintes. É encheção de linguiça. Concordo que este filme tem pressa.

    []s!

    Thiago Lucio disse...

    Essa coisas novas REALMENTE faziam falta antes de eu ver o filme? Sinceramente... NÃO. Até porque eu aqui assumo que gostava do Wolverine antes mesmo dos 3 filmes dos X-Mens, ou seja, apenas assistindo alguns dos episódios da animação nas manhãs da Globo. Depois com os 3 filmes, eu passei a gostar também da sua versão cinematográfica, apenas com as informações que os dois filmes do Singer e o do Ratner me oferecia. E agora, depois do filme-solo (que de solo não tem nada e esse é um problema), confesso que com relação a ARMA X, nada mudou, agora a relação com o Victor Creed desde a infância, o trauma vivenciado com a perda da mulher que ele amava (e tudo o que estava envolvido nesse pretexto) e a maneira como ele foi usado e tal... eu não posso negar que são méritos desse filme. Enfim... nem concordo muito também com esse argumento de que o Wolverine ficou menos bruto para que um público mais novo possa assistí-lo. O filme é bom, tem seus problemas, assim como o primeiro "X-Men" também tinha... enfim...

    Silvia disse...

    Ei, Renato!

    O que mais me incomodou neste filme são algumas infelidelidades com os personagens... Há muitos anos, quando ainda nem estava na faculdade, li as revistinhas contando a história de Wolverine. Bom, faz algum tempo, mas pelo que eu me lembro, a mulher do Wolwerine não tinha poderes especiais e nem simulou sua primeira morte; Wolverine já saiu da aplicação de adamantium desmemoriado... A personalidade de Gambit foi meio decepcionante. Pelo que eu me lembro dele não é uma cara amiguinho camarada, ele é bem egoísta só fazendo o que vai lhe beneficiar... Aquelas acrobacias dele também... parecia outro personagem... Enfim, acho que a história foi muuito adaptada para ser um filme para fãs. E olha que nem sou fazona, apenas simpatizante.

    Thiago disse...

    Concordo com o Renato e discordo do Thiago. Falar que a relação com o irmão, a perda da mulher e o fato dele ter sido usado são méritos desse filme...
    Vc encontra esse tipo de trama em qualquer novela das 8 e até mais bem desenvolvida, diga-se de passagem.

    O Wolverine era um perosnagem bem mais interessante antes desse filme. Decepção total!!!

    Aliás, concordo em gênero, número e grau quando o Renato diz que o "Wolverine" está manso. Aliás, poderia se chamar "Cordeirine - O Filme". O personagem menos PG-13 dos X-Men virou o protagonista de um filmezinho de ação adolescente, com humor bobo e infantil e melodraminhas de novela das 8.

    Um desperdício...

    RENATO SILVEIRA disse...

    Oi, Sílvia! Bom te ver por aqui. Pois é... Achei uma contradição fazerem tantas mudanças se o objetivo era fazer um filme para os fãs. Por isso que discordo de quem critica o Zack Snyder por ter sido tão fiel ao "Watchmen" nesse sentido. Fez alterações por questões de economia, mas manteve quase tudo como está nos quadrinhos. Ele pode não ser um ótimo diretor, mas nisso ele fez certo.

    Thiago, você disse tudo. "Wolverine" é um filme medroso.

    P.S.: Alguém tem notícia se existem finais extras em cópias diferentes aqui no Brasil também?

    []s!

    Flávio disse...

    Eu achei o filme um bom passatempo. Inferior à triologia X-Men, com alguns defeitos, mas nada que chegue a comprometer uma diversão pipoca. Não conheço a história do Wolverine por não gostar de Hqs, mas se o roteiro tivesse sido hábil em mostrar a mudança de personalidade do Wolverine teria melhorado e muito o filme. Afinal acompanhar o processo do manicaca virando o Wolverine de que todos gostam seria bom, mas ficar só com o manicaca molenga o tempo todo é deprimente!

    MARIANA DESLANDES disse...

    Críticas a parte, o filme é um prato cheio para o "Por eles..." 2009!

    Raquel Gomes disse...

    Mesmo sem ter visto o filme ainda, já concordo com a Mariana. Só falta tirar a prova. :p

    Raquel Gomes disse...

    O filme tem muita ação, mas do Wolverine que eu conheço e gosto, quase nada. Senti falta de mais personalidade também no Gambit (personagem que adoro), inclusive de seu sotaque cajun (aprendi agora que é o sotaque da Louisiana de onde ele vem, uma mistura de francês com sotaque sulista dos EUA). Enfim, se para mim que conheço pouco dos X-Men já foi decepcionante, imagina para quem é fã de verdade!

    Anônimo disse...

    Na minha humilde opinião, como fã do Wolverine e X-man que sou, o grande defeito do filme, realmente é o pouco tempo de duração. Isso contribuiu para o outro defeito que se seguiu: o fato de não poder dar espaço às grandes lutas dos personagens principais, como é o caso do Gambit. Quanto à história, realmente teria que ser como foi, do contrário pecaria no que vc mencionou, não seria fiel às personagens que deram origem ao filme. O que teria que se esperar era uma atenção maior à origem do Wolverine mesmo, só que com a trama girando em torno dela. Como surgiu o Wolverine todos já sabiam e não poderia ser diferente.

     
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