Anjos e Demônios

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 15 maio 2009



  • Uma bomba é colocada em um edifício histórico e ameaça a vida de milhares. Para desarmá-la, é preciso decifrar pistas e enfrentar capangas do autor do atentado. E adivinhe: a verdadeira identidade do vilão só é revelada após uma reviravolta na trama.

    Você já escutou e viu essa história antes em qualquer suspense policial, desses feitos em série por Hollywood. E o que “Anjos e Demônios” faz é basicamente replicar essa fórmula, usando o Vaticano como cenário para uma conspiração religiosa – um prato cheio para Dan Brown, autor de “O Código Da Vinci”, que com sua literatura caça-níqueis utiliza a Igreja Católica como trampolim para o status de escritor de best-sellers.

    Ao menos, por pior que seja, “O Código Da Vinci” desperta a curiosidade por envolver as supostas mensagens subliminares na obra do artista renascentista. Já “Anjos e Demônios” nem isso causa. Desta vez, tudo se resume a vermos Tom Hanks correndo de um lado para o outro.

    O ator mais uma vez encarna o professor simbologista Robert Langdon, visto aqui em um período anterior a “O Código Da Vinci” - não que o filme deixe isso claro, a não ser pelo cabelo mais curto de Hanks. Novamente, ele tem uma bela mulher ao lado (Ayelet Zurer, de “Munique”, no lugar de Audrey Tautou) que o ajuda na missão de impedir que a residência papal vá pelos ares. O que pode causar o estrago? Um partícula de antimatéria ("Você está falando do momento da criação!", diz Hanks estupefato com o grande "Oh!" do enredo).

    Mais do que nunca, a trama soa como mera desculpa para chamar a atenção e aplicar um golpe de publicidade comprado pela mídia e pela própria Igreja. O motivo do alarde não fica claro, uma vez que não existem polêmicas em “Anjos e Demônios”. Se a Igreja deve condenar algo é o uso da religião como exploitation toy.

    Ron Howard, que voltou à direção pouco depois de filmar “Frost/Nixon” (seu melhor filme em anos), não tem tanta culpa desta vez. Apesar de seu habitual estilo burocrático, ele ao menos deixa aquele didatismo irritante para trás e cria um visual mais bem trabalhado, coisa que faltava em “Da Vinci”. Seu pecado – me desculpem o trocadilho – é apenas não dar um ritmo mais ágil ao longa, que se torna cansativo em suas 2 horas e 20 minutos.

    Verdade seja dita, para um filme de mistério com elementos históricos, “A Lenda do Tesouro Perdido” é bem mais envolvente. Um tom mais leve e despojado funciona melhor com esse tipo de material, como já vimos em “Indiana Jones” ou mesmo nas histórias de Sherlock Holmes. E o segredo é simples: não se levar tão a sério. Mas esse parece ser um enigma que Robert Langdon não consegue resolver.

    nota: 4/10 -- não se culpe por não ver

    Anjos e Demônios (Angels & Demons, 2009, EUA)
    direção: Ron Howard; roteiro: David Koepp, Akiva Goldsman (baseado no livro de Dan Brown); fotografia: Salvatore Totino; montagem: Daniel P. Hanley, Mike Hill; música: Hans Zimmer; produção: John Calley, Brian Grazer, Ron Howard; com: Tom Hanks, Ewan McGregor, Ayelet Zurer, Stellan Skarsgård, Pierfrancesco Favino, Armin Mueller-Stahl; estúdio: Columbia Pictures, Imagine Entertainment; distribuição: Columbia Pictures, Sony Pictures. 138 min

    7 comentários:

    Sw.Prem Jayesh disse...

    Caro Renato,aposto muito neste filme,possuo a edição hisórica do código da Vinci.
    Espero que a produtora tenha o bom gosto em montar este trabalho por completo em uma edição com qualidade em DVD e fotos.

    Se voce ficar sabendo,como será a edição me envie por E -mail ou divulgue no seu site.
    mais uma vez tomei a liberdade e divulguei sua critica no meu blogger.
    Diversidade Sustentavel.
    Jayesh Junior.
    E - mail... jaysso@hotmail.com

    Flávio disse...

    Vi o filme mais cedo e devo dizer que realmente não é empolgante, nem mesmo a trilha sonora que em o código da vinci é arrebatadora repete aqui êxito igual. O ritmo tenta ser frenético mas é cansativo, faltam bons momentos de tensão extrema e o excesso de finais é de dar vontade de sair da sala.
    Mas dá pra segurar as duas horas até.

    RENATO SILVEIRA disse...

    Flávio, sobre a trilha, achei que finalmente arrumaram a desculpa perfeita para uso de coro gregoriano em cenas de suspense. hehehe

    []s!

    Thiago Lucio disse...

    Bom, ainda não vi o filme, vou seguir o conselho do Renato e me arriscar numa quarta-feira... ou, se não, com a namorada... mas não estou com muita pressa.

    Uma das coisas que eu admiro no seu trabalho Renato e só tenho a oportunidade de comentar neste caso especificamente é que eu li a crítica e nenhum momento me senti arrependido pelo nível de detalhes, pelo contrário, você foi conciso e mesmo assim deixou bem claro o seu ponto de vista.

    Eu adoro críticas detalhadas, mas sem spoilers, é claro, gosto dessa maneira de escrever, o Pablo, por exemplo, mas esse tipo de crítica mais curta e mais resumida tem seu espaço e aqui se mostrou eficaz. Talvez o filme não tenha empolgado e/ou não tenha feito jus a um maior número de caracteres (talvez nem pra isso o filme tenha servido, mas preciso ver crer... rsrs).

    A minha única observação é que eu li que embora o livro se passe antes dos eventos de "O Código da Vinci", o filme seria o oposto e se passaria depois. Mas, logicamente não conseguiria confirmar... por enquanto...

    Flávio disse...

    kkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Engraçado, Renato, é que, apesar de ter vários elementos da trilha de OCDV, a trilha parece deslocada, sem propósito, nem mesmo adicionando aquele tchan na cena que deixam os nervos à flor da pele. Em alguns momentos me lembrou bastante o trabalho de Harry Gregson Williams (espero ter escrito certo, tá demorando demais pra abrir o IMDB aqui pra eu procurar o nome correto)...

    Agora é tentar ver Jornada nas Estrelas que eu odeio desde bebê de colo.

    RENATO SILVEIRA disse...

    Valeu, Thiago. É, ultimamente tenho escrito críticas mais curtas mesmo. Um, por motivo do trabalho na rádio, onde tenho que ser mais direto por questão do tempo (não posso ultrapassar 2 minutos de locução). Certamente isso está me influenciando. E dois, porque realmente sempre achei que detalhes demais só cabem numa crítica que saia depois de você ter visto o filme duas, três vezes, e que você escreva duas, três semanas após o filme ter sido lançado. Claro, há aqueles que tem mais facilidade para detalhar as coisas logo na estréia (como o Pablo, que faz anotações durante o filme, o que certamente o ajuda - eu já não consigo trabalhar dessa forma). Mas é isso... Acho que o principal é opinião, e nisso creio que tenho servido bem meus textos, mesmo sendo eles curtos.

    []s!

    Anônimo disse...

    Olha eu acho 4 uma nota íncrivelmente baixa e até desrespeitosa para um filme de tamanho nível. Falaram que não se empolgaram, mais é óbvio o filme não é um baile de funk carioca para você se empolgar é suspense e para assisti-lo sugiro ter ao menos um conhecimento básico de história.
    Em relação a trilha sonora eu tenho que concorda com vocês pois foi ruim, comparado ao código da vinci.

    valeu

     
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