Divã

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 17 abril 2009



  • Sucesso no teatro, “Divã” agora entra em cartaz em outra casa cultural. Nas salas de cinema, a adaptação da peça, inspirada no livro de Martha Medeiros, tem novamente a atriz Lilia Cabral como a protagonista, Mercedes, uma mulher de 40 anos que procura um psicanalista por curiosidade e acaba enxergando com novos olhos o cotidiano da vida conjugal.

    Mas calma: não deduza logo de cara que “Divã” é um grito niilista de mulheres a beira de um ataque de nervos por conta de seus casamentos infelizes, prontas para serem recrutadas por manuais de auto-ajuda, na entrada da idade da loba. Mercedes pode externar esse estereótipo – que é mais comum do que se imagina, temos que admitir – mas o filme trata de equilibrar as generalizações que por vezes saem da boca da personagem.

    Essa mulher que cansou de ser submissa, que não quer ser refém do primeiro namorado para o resto da vida, que, enfim, quer saborear a vida sem a culpa católica, existe, sim, mas não é a resposta definitiva para a questão feminista. A personagem funciona porque tem a amiga Monica (Alexandra Richter) do lado. É feliz a escolha de contrabalançar a perspectiva de Mercedes com a dessa mulher satisfeita com o casamento duradouro e ainda apaixonada o bastante pelo marido para acordá-lo com um beijo de língua.

    Monica é fundamental, e por isso é decepcionante o destino que o roteiro de Marcelo Saback (também autor do texto da peça) lhe reserva. Aliás, toda a segunda metade do filme deixa a desejar, perdendo o tom reflexivo inicial para recorrer a cenas de riso ou de lágrimas fáceis – o que não deixa de ser irônico, uma vez que isso passa a ocorrer logo após o divórcio de Mercedes, que surge como a solução que ela buscava para sua vida começar a melhorar. Tudo bem ela querer namorar um cara mais novo, mas a relação com o personagem de Cauã Reymond é inverossimil, ao contrário daquela que surge com Reynaldo Gianecchini. Parece ser apenas um pretexto para chegar a cena da boate - que é engraçada, mas inorgânica dentro da proposta inicial.

    Outro problema que impede “Divã” de crescer é a forma de crônica que a narrativa assume, algo claramente perceptível nos diálogos permeados por frases de efeito e em cenas construídas como células cômicas. Em vários momentos do filme, fica a impressão de uma adaptação literal de um capítulo de livro. Em outros, parece uma tira de jornal filmada ("Gatão de Meia Idade" vem em mente). Para complicar ainda mais, as escolhas do diretor musical Guto Graça Melo para compor a trilha sonora variam do tema de novela a MPB clichê.

    Funcionando acima do esperado para um filme do mesmo diretor de “Os Normais”, “Zoando na TV” e filmes dos Trapalhões do fim dos anos 80, “Divã” se revela uma comédia romântico-dramática que tem cara de cinema, e não de um especial de TV. Apesar de ter mais experiência na telinha com sitcoms – como a bem-sucedida “A Diarista” e outras que resultaram em fracasso, como “Os Aspones” e “Minha Nada Mole Vida” – José Alvarenga Jr. ao menos entendeu que um filme não precisa de números de dança gratuitos, mas, sim, de atmosfera, tanto narrativa quanto visual. Temos aqui cenas bem construídas e até bem fotografadas. Há uma em especial, em que Lilia Cabral aparece nua, que de tão inesperada fica bonita à beça.

    Lilia, aliás, é quem leva “Divã” com segurança até o fim – não por carregar o filme nas costas, mas por segurá-lo pela mão, demonstrando um verdadeiro carinho de mãe por sua personagem.

    nota: 6/10 -- vale o ingresso

    Divã (2009, Brasil)
    direção: José Alvarenga Jr.; roteiro: Marcelo Saback (baseado no livro de Martha Medeiros); fotografia: Nonato Estrela; montagem: Diana Vasconcelos; música: Guto Graça Melo; produção: Iafa Britz, Marcos Didonet, Vilma Lustosa, Walkiria Barbosa; com: Lilia Cabral, José Mayer, Alexandra Richter, Reynaldo Gianecchini, Cauã Reymond, Eduardo Lago, Paulo Gustavo, Julianne Trevisol; estúdio: Total Entertainment; distribuição: Downtown Filmes. 93 min

    8 comentários:

    Flávio disse...

    Demorei pacas a ver Divã, acho que por conta das bombas nacionais que chegam às salas do grande circuito. Mas fiquei extramamente feliz com o resultado. Um filme fácil, divertido, dramático e emocionante. Passa longe das grosserias das comédias como A Casa da Mãe Joana.
    A Lilian Cabral sempre me surpreendeu em alguns papeis fantásticos nas novelas globais e aqui tem um desempenho não mínimo que excelente. Magnético, diria.

    Anônimo disse...

    nossa... esse filme é muito fraco.
    gastei meu dim dim a toa!
    as piadas sao infantis e nao tem a minima graça, o drama dela é ridiculo pq ela é quem o cria.
    sacal, infantil, barato e sem talento...
    gostaria do meu dinheiro de volta
    e ainda danos por preda de tempo

    seandra disse...

    Nossa,quando terminou e vi Lilian no final, andando no parque..todo mundo ao meu redor ficou imagindo, Acabou?!, a sensação foi de bater palmas.É uma reflexão do cotidiano, da vida a dois, a três.O comodismo, o que será?Foi show, valeu o riso, o ridiculo, a reflexão.Bom demais.

    Unknown disse...

    Relutei bastante em ver o filme porque pensava ser mais uma novela adaptada ao cinema, onde coisas eram prometidas e não cumpridas. Mas não me arrependi de assisti-lo. É uma delícia a mistura de sensações que mexe com você durante o filme: risos, drama, reflexões.... Fora a Lílian Cabral que está um arraso! Recomendadíssimo!

    Unknown disse...

    Lilian Cabral está um espetáculo em Divã...
    Prendeu minha atenção as várias emoções causada pelo filme. Sensação de indignação, alegria, perda, pena...O estímulo aos mais diversos sentimentos humanos. O clihê, o ridículo, o drama que ela mesma cria que é comumente encontrado, o que gera um turbilhão de sentimentalidades no telespectador, a revisão de conceitos, preconceitos. Não sejamos hipócritas, o drama move a vida, o ridiculo torna nossas almas mais leves...Momentos de infantilidade torna a vida carregavel.

    Unknown disse...

    Lilian Cabral está um espetáculo em Divã...
    Prendeu minha atenção as várias emoções causada pelo filme. Sensação de indignação, alegria, perda, pena...O estímulo aos mais diversos sentimentos humanos. O clihê, o ridículo, o drama que ela mesma cria que é comumente encontrado, o que gera um turbilhão de sentimentalidades no telespectador, a revisão de conceitos, preconceitos. Não sejamos hipócritas, o drama move a vida, o ridiculo torna nossas almas mais leves...Momentos de infantilidade torna a vida carregavel.

    Roni disse...

    Bom Nunca concordei com tantas criticas e maus pensamentos aos nosos filmes brasileiros; Como outros filmes esse asisti pensando já em ser uma grande produção nacional, apos tambem ter visto comentarios sobre o filme...Um espataculo...um espetaculo da vida narrado e vivido por ninguem melhor que mercedes ou melhor Lilian Cabral que sempre surprende; ao mostrar a nós as varias fases da vida e as varias peçãs ou melhor fatos que acontece a nós desmentindo falsas fantasias como personagens criados em muitas produções, nos mostra uma realidade e sentimentos que se misturam em um enlace surprendende, a alegria que você obtem dentro de si na satisfação de ter acompanhado.

    espaço da criação disse...

    só existe uma palavra para este filme, "PERFEITO"

     
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