Glauber sopra velinhas

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 10 março 2009




  • Glauber Rocha completaria 70 anos no próximo sábado. Em homenagem ao cineasta, a TV Cultura preparou uma programação especial para esta semana. Além do documentário "Que Viva Glauber", que será exibido na quinta-feira às 22h10, o programa Zoom de sábado vai exibir o raro curta "Pátio", primeiro filme de Glauber, rodado em 1959. Imperdível. Abaixo, o release completo:

    Criador da expressão “uma idéia na cabeça e uma câmera na mão”, que fundou o Cinema Novo brasileiro na década de 60, o cineasta Glauber Rocha, se estivesse vivo, completaria 70 anos no sábado, dia 14/03. Para homenageá-lo, a TV Cultura exibe dois programas especiais.

    Na quinta-feira (12/03), às 22h10, leva ao ar o documentário Que Viva Glauber (Brasil/1991). Dirigido por Aurélio Michiles, o especial mostra a vida e obra do cineasta baiano, que aos seis anos de idade já sabia qual seria sua profissão.

    Já o Zoom do sábado (14/03), às 22h30 vai apresentar um verdadeiro retrato do controvertido e incompreendido Glauber Rocha, patrulhado tanto pela direita como pela esquerda, que tinha uma visão apocalíptica e decadente do mundo refletida em sua obra. Para o poeta Ferreira Gullar, "Glauber se consumiu em seu próprio fogo".

    Gravado no Tempo Glauber, associação cultural responsável pela preservação do vasto acervo do cineasta baiano, a atração reúne depoimentos de personalidades como o do cineasta gaúcho Carlos Reichenbach, autor de mais de 20 filmes, entre os mais recentes Falsa Loura (2007), Bens Confiscados (2005) e Garotas do ABC (2004); do cineasta Zelito Vianna (pai do ator Marcos Palmeira e irmão de Chico Anísio); e de familiares como sua mãe, Lúcia Rocha; e sua filha, Paloma Rocha, que contam detalhes de sua vida e carreira.

    Zoom também vai brindar os telespectadores com uma raridade: o primeiro curta metragem de Glauber Rocha, Pátio, filme experimental rodado na Bahia, em 1959, que mostra sua fase concretista.

    O especial exibe ainda o filme De Glauber para Jirges, de André Ristum (2005) que, por meio de trechos das cartas que Glauber enviava ao amigo e colaborador Jirges Ristum, na metade dos efervecentes anos 70, revelam um pouco da relação do cineasta com a Itália e com o cinema, além de sua perspectiva sobre as condições sócio-político-culturais brasileiras daquela época. A obra mostra ainda um pouco da intimidade de Glauber, reconstituída por meio de escritos, filmes Super 8 antigos e poesias.

    Glauber Rocha nasceu em Vitória da Conquista, Bahia, em 14 de março de 1939. Ao longo de sua carreira, fez 11 longas e seis curtas, tendo a luta pela liberdade como tema recorrente. Liderou o movimento do Cinema Novo que buscava quebrar radicalmente com o estilo cinematográfico americano. A idéia era ter um cinema com mais realidade, mais conteúdo e menor custo. Com obras como Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Terra em Transe (1967) e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) fez duras críticas sociais sobre a realidade brasileira. Morreu no Rio de Janeiro, no dia 22 de agosto de 1981.

    1 comentários:

    Rafael Carvalho disse...

    O legado de Glauber permanecerá vivo por muito tempo. O cara, antes de tudo, era um grande agitador social. Em tempos que Slumdogs ganham uma cacetada de Oscars, há de se lembrar de uma frase de Glauber: "Acorda, humanidade!"

    Escrevo de Vitória da Conquista, cidade onde o próprio nasceu, e aqui também há uma programação especial em alguns pontos da cidade para apresentar filmes dele e sobre ele, e analisá-los. Coisa que suscita muitas discussões interessantes. Ele pode ser um cara de personalidade difícil (assim como alguns de seus filmes), arrogante e cheio de si, mas seus filmes são importantíssimos para a cinematografia brasileira. E mundial. Scorsese que o diga!!!!

     
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