Criador da expressão “uma idéia na cabeça e uma câmera na mão”, que fundou o Cinema Novo brasileiro na década de 60, o cineasta Glauber Rocha, se estivesse vivo, completaria 70 anos no sábado, dia 14/03. Para homenageá-lo, a TV Cultura exibe dois programas especiais.
Na quinta-feira (12/03), às 22h10, leva ao ar o documentário Que Viva Glauber (Brasil/1991). Dirigido por Aurélio Michiles, o especial mostra a vida e obra do cineasta baiano, que aos seis anos de idade já sabia qual seria sua profissão.
Já o Zoom do sábado (14/03), às 22h30 vai apresentar um verdadeiro retrato do controvertido e incompreendido Glauber Rocha, patrulhado tanto pela direita como pela esquerda, que tinha uma visão apocalíptica e decadente do mundo refletida em sua obra. Para o poeta Ferreira Gullar, "Glauber se consumiu em seu próprio fogo".
Gravado no Tempo Glauber, associação cultural responsável pela preservação do vasto acervo do cineasta baiano, a atração reúne depoimentos de personalidades como o do cineasta gaúcho Carlos Reichenbach, autor de mais de 20 filmes, entre os mais recentes Falsa Loura (2007), Bens Confiscados (2005) e Garotas do ABC (2004); do cineasta Zelito Vianna (pai do ator Marcos Palmeira e irmão de Chico Anísio); e de familiares como sua mãe, Lúcia Rocha; e sua filha, Paloma Rocha, que contam detalhes de sua vida e carreira.
Zoom também vai brindar os telespectadores com uma raridade: o primeiro curta metragem de Glauber Rocha, Pátio, filme experimental rodado na Bahia, em 1959, que mostra sua fase concretista.
O especial exibe ainda o filme De Glauber para Jirges, de André Ristum (2005) que, por meio de trechos das cartas que Glauber enviava ao amigo e colaborador Jirges Ristum, na metade dos efervecentes anos 70, revelam um pouco da relação do cineasta com a Itália e com o cinema, além de sua perspectiva sobre as condições sócio-político-culturais brasileiras daquela época. A obra mostra ainda um pouco da intimidade de Glauber, reconstituída por meio de escritos, filmes Super 8 antigos e poesias.
Glauber Rocha nasceu em Vitória da Conquista, Bahia, em 14 de março de 1939. Ao longo de sua carreira, fez 11 longas e seis curtas, tendo a luta pela liberdade como tema recorrente. Liderou o movimento do Cinema Novo que buscava quebrar radicalmente com o estilo cinematográfico americano. A idéia era ter um cinema com mais realidade, mais conteúdo e menor custo. Com obras como Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), Terra em Transe (1967) e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) fez duras críticas sociais sobre a realidade brasileira. Morreu no Rio de Janeiro, no dia 22 de agosto de 1981.
Glauber sopra velinhas
por RENATO SILVEIRA em 10 março 2009
Glauber Rocha completaria 70 anos no próximo sábado. Em homenagem ao cineasta, a TV Cultura preparou uma programação especial para esta semana. Além do documentário "Que Viva Glauber", que será exibido na quinta-feira às 22h10, o programa Zoom de sábado vai exibir o raro curta "Pátio", primeiro filme de Glauber, rodado em 1959. Imperdível. Abaixo, o release completo:
1 comentários:
O legado de Glauber permanecerá vivo por muito tempo. O cara, antes de tudo, era um grande agitador social. Em tempos que Slumdogs ganham uma cacetada de Oscars, há de se lembrar de uma frase de Glauber: "Acorda, humanidade!"
Escrevo de Vitória da Conquista, cidade onde o próprio nasceu, e aqui também há uma programação especial em alguns pontos da cidade para apresentar filmes dele e sobre ele, e analisá-los. Coisa que suscita muitas discussões interessantes. Ele pode ser um cara de personalidade difícil (assim como alguns de seus filmes), arrogante e cheio de si, mas seus filmes são importantíssimos para a cinematografia brasileira. E mundial. Scorsese que o diga!!!!
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