Há algo na forma como Woody Allen constrói seus thrillers que é capaz de surpreender o espectador. Quando uma reviravolta na trama acontece, ela não é previsível. O set-up da cena é feito de uma maneira muito sutil, pegando o público desprevenido, mas sem fazer alarde. Isto acontece porque a virada e o que a antecede, assim como suas conseqüências, acontecem em um mesmo ritmo. É nisso, aliás, que “Match Point” e este “O Sonho de Cassandra” se encaixam na filmografia de Allen, majoritariamente formada por comédias. Por mais que esses dois títulos pertençam a um gênero diferente e representem uma fase do cineasta, ambos são guiados com a mesma cadência, sem chamar a atenção para a própria direção.
Outro ponto em comum entre esses dois filmes na obra de Allen são os enredos, que se desdobram por meio de dilemas morais que seus protagonistas vivem. Ian (Ewan McGregor) e Terry (Colin Farrell) são personagens clássicos do cineasta: confusos e ansiosos. Mas tal como Jonathan Rhys Meyers em “Match Point”, eles estão inseridos em uma tragédia policial (uma designação bem mais adequada do que “thriller”). Allen novamente coloca crime e castigo em jogo, mas agora em dose dupla, com os dois irmãos representando culpa e conformação. “O Sonho de Cassandra” é sobre a dinâmica da contradição entre os dois.
Muito também como “Match Point”, que usava uma partida de tênis como metáfora para as ações do protagonista, aqui Allen pauta o rumo da história através da analogia com jogos de azar. Em várias ocasiões, surge no filme um momento em que os personagens principais se vêem confrontados pela sorte. Por exemplo, da mesma forma como Terry ganha muito dinheiro em apostas e depois perde uma quantidade significativa, quais são as chances de você encontrar uma mulher deslumbrante como Hayley Atwell sozinha na estrada e ela acabar se tornando a grande paixão da sua vida? Você faz planos, as coisas parecem estar se ajeitando e, então, surge uma proposta arriscada que pode levar a uma vida tranqüila e estável. Se você a aceita, quais são as chances de dar certo ou errado, de ganhar ou perder? Allen trabalha com essa noção para criar o suspense até o desfecho – quando, num plano final, ele encerra com maestria essa homenagem a Hitchcock.
Ligando os momentos de tensão, estão cenas em que Allen exercita sua habitual observação sobre relacionamentos, com diálogos onde a ironia está sempre presente, assim como nos acontecimentos da trama. Tanto “O Sonho de Cassandra” quanto “Match Point” são contos de moralidade, onde a moral da história é a mesma: o destino tem um senso de humor muito peculiar.
Outro ponto em comum entre esses dois filmes na obra de Allen são os enredos, que se desdobram por meio de dilemas morais que seus protagonistas vivem. Ian (Ewan McGregor) e Terry (Colin Farrell) são personagens clássicos do cineasta: confusos e ansiosos. Mas tal como Jonathan Rhys Meyers em “Match Point”, eles estão inseridos em uma tragédia policial (uma designação bem mais adequada do que “thriller”). Allen novamente coloca crime e castigo em jogo, mas agora em dose dupla, com os dois irmãos representando culpa e conformação. “O Sonho de Cassandra” é sobre a dinâmica da contradição entre os dois.
Muito também como “Match Point”, que usava uma partida de tênis como metáfora para as ações do protagonista, aqui Allen pauta o rumo da história através da analogia com jogos de azar. Em várias ocasiões, surge no filme um momento em que os personagens principais se vêem confrontados pela sorte. Por exemplo, da mesma forma como Terry ganha muito dinheiro em apostas e depois perde uma quantidade significativa, quais são as chances de você encontrar uma mulher deslumbrante como Hayley Atwell sozinha na estrada e ela acabar se tornando a grande paixão da sua vida? Você faz planos, as coisas parecem estar se ajeitando e, então, surge uma proposta arriscada que pode levar a uma vida tranqüila e estável. Se você a aceita, quais são as chances de dar certo ou errado, de ganhar ou perder? Allen trabalha com essa noção para criar o suspense até o desfecho – quando, num plano final, ele encerra com maestria essa homenagem a Hitchcock.
Ligando os momentos de tensão, estão cenas em que Allen exercita sua habitual observação sobre relacionamentos, com diálogos onde a ironia está sempre presente, assim como nos acontecimentos da trama. Tanto “O Sonho de Cassandra” quanto “Match Point” são contos de moralidade, onde a moral da história é a mesma: o destino tem um senso de humor muito peculiar.
nota: 8/10 -- vale o ingresso
O Sonho de Cassandra (Cassandra’s Dream, 2007, EUA/Reino Unido/França)
direção: Woody Allen; com: Ewan McGregor, Colin Farrell, John Benfield, Clare Higgins, Tom Wilkinson, Hayley Atwell, Sally Hawkins; roteiro: Woody Allen; produção: Letty Aronson, Stephen Tenenbaum, Gareth Wiley; fotografia: Vilmos Zsigmond; montagem: Alisa Lepselter; música: Philip Glass; estúdio: Iberville Productions, Virtual Studios, Wild Bunch; distribuição: Imagem Filmes. 108 min
direção: Woody Allen; com: Ewan McGregor, Colin Farrell, John Benfield, Clare Higgins, Tom Wilkinson, Hayley Atwell, Sally Hawkins; roteiro: Woody Allen; produção: Letty Aronson, Stephen Tenenbaum, Gareth Wiley; fotografia: Vilmos Zsigmond; montagem: Alisa Lepselter; música: Philip Glass; estúdio: Iberville Productions, Virtual Studios, Wild Bunch; distribuição: Imagem Filmes. 108 min
2 comentários:
Woody Allen é genial!
É interessante como esse filme tem ecos de Match Point e, principalmente, de um filme mais antigo do Allen, o excelente Crimes e Pecados. Mas O Sonho de Cassandra possui alguns surpresas e um final inesperado. E a construção psicológica dos personagens é incrível (algo que sempre me adimirou no diretor e roteirista), aliado ao suspense que a trama carrega e que vai ficando cada vez mais sufocante. Elenco afiadíssimo e se Tom Wilkinson e Ewan McGregor mostram o habitual talento, Colin Farrell surpreende e muito. Espero que ele continue assim.
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