Em certo momento de “Princesas”, a prostituta Caye, protagonista do filme, oferece uma justificativa para o título do longa enquanto conversa com uma amiga: “Dizem que as princesas são tão sensíveis que passam mal quando estão longe do lugar onde vivem.” É exatamente a sensibilidade com que o diretor-roteirista Fernando León de Aranoa trata suas personagens que torna o filme tão bonito.
Assim como em seu trabalho anterior, o excelente “Segundas-feiras ao Sol”, o cineasta espanhol volta sua lente para personagens marginalizados pela sociedade ao narrar os dramas de duas prostitutas sob uma perspectiva intimista. Caye (Candela Peña) esconde da família sua real profissão. Ela está juntando dinheiro para colocar silicone nos seios e atrair mais clientes, já que, assim como suas amigas, está perdendo espaço para as prostitutas imigrantes que cobram mais barato. Uma dessas “concorrentes” é a esbelta Zulema (Micaela Nevárez), que saiu da República Dominicana para morar no mesmo condomínio de Caye. Certo dia, Caye encontra Zulema espancada em seu apartamento e a leva ao hospital. A partir daí, forma-se uma amizade entre as duas e acompanhamos também o drama de Zulema, que foge de um “padrinho” agressivo ao mesmo tempo em que luta para conseguir os documentos necessários para que possa voltar ao seu país e rever seu filho pequeno, deixado aos cuidados da avó.
Uma das cenas mais tocantes do filme é aquela que surge logo após um diálogo entre Caye e Zulema, no qual a primeira lhe confessa que um de seus sonhos é ser buscada pelo namorado depois do trabalho. Para a maioria das mulheres, isso sequer chega a ser um desejo; é uma expectativa. Mas dada a natureza da profissão de Caye, ganhar uma carona do namorado é algo praticamente inalcançável, e que a leva às lágrimas quando pergunta a Manuel (Luis Callejo), programador de computadores com quem ela iniciou um romance, se ele poderia buscá-la. A seqüência retrata bem o dilema de Caye, já que, ao ir ao banheiro para limpar o rosto, ela é abordada por um homem que lhe oferece uma quantia generosa de dinheiro para que ela lhe faça sexo oral ali mesmo. Caye deve aceitar a grana, que representaria um ganho três vezes maior do que ela teria num programa normal? Ou deve valorizar o jantar romântico, em respeito a Manuel, e não passar por cima dos próprios sentimentos?
O problema do filme é que Zulema não tem sua história desenvolvida com clareza, já que a conhecemos apenas pela superfície por passar o filme inteiro fugindo de seu agressor ou lamentando a distância que está do filho. Fica parecendo que ela existe apenas para representar um modelo no qual Caye se espelha, tanto por sua beleza quanto por sua personalidade. Talvez se o drama de Zulema fosse diluído em subtramas para as amigas de Caye, “Princesas” cresceria, ganhando um elenco mais heterogêneo.
Destaque ainda para a gostosa trilha sonora, que conta com canções de Manu Chao.
Assim como em seu trabalho anterior, o excelente “Segundas-feiras ao Sol”, o cineasta espanhol volta sua lente para personagens marginalizados pela sociedade ao narrar os dramas de duas prostitutas sob uma perspectiva intimista. Caye (Candela Peña) esconde da família sua real profissão. Ela está juntando dinheiro para colocar silicone nos seios e atrair mais clientes, já que, assim como suas amigas, está perdendo espaço para as prostitutas imigrantes que cobram mais barato. Uma dessas “concorrentes” é a esbelta Zulema (Micaela Nevárez), que saiu da República Dominicana para morar no mesmo condomínio de Caye. Certo dia, Caye encontra Zulema espancada em seu apartamento e a leva ao hospital. A partir daí, forma-se uma amizade entre as duas e acompanhamos também o drama de Zulema, que foge de um “padrinho” agressivo ao mesmo tempo em que luta para conseguir os documentos necessários para que possa voltar ao seu país e rever seu filho pequeno, deixado aos cuidados da avó.
Uma das cenas mais tocantes do filme é aquela que surge logo após um diálogo entre Caye e Zulema, no qual a primeira lhe confessa que um de seus sonhos é ser buscada pelo namorado depois do trabalho. Para a maioria das mulheres, isso sequer chega a ser um desejo; é uma expectativa. Mas dada a natureza da profissão de Caye, ganhar uma carona do namorado é algo praticamente inalcançável, e que a leva às lágrimas quando pergunta a Manuel (Luis Callejo), programador de computadores com quem ela iniciou um romance, se ele poderia buscá-la. A seqüência retrata bem o dilema de Caye, já que, ao ir ao banheiro para limpar o rosto, ela é abordada por um homem que lhe oferece uma quantia generosa de dinheiro para que ela lhe faça sexo oral ali mesmo. Caye deve aceitar a grana, que representaria um ganho três vezes maior do que ela teria num programa normal? Ou deve valorizar o jantar romântico, em respeito a Manuel, e não passar por cima dos próprios sentimentos?
O problema do filme é que Zulema não tem sua história desenvolvida com clareza, já que a conhecemos apenas pela superfície por passar o filme inteiro fugindo de seu agressor ou lamentando a distância que está do filho. Fica parecendo que ela existe apenas para representar um modelo no qual Caye se espelha, tanto por sua beleza quanto por sua personalidade. Talvez se o drama de Zulema fosse diluído em subtramas para as amigas de Caye, “Princesas” cresceria, ganhando um elenco mais heterogêneo.
Destaque ainda para a gostosa trilha sonora, que conta com canções de Manu Chao.
nota: 7/10 -- vale o ingresso
Princesas (2005, Espanha), dir.: Fernando León de Aranoa – em cartaz nos cinemas
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