O Tigre e a Neve

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 30 maio 2007


  • Talvez o que mais chame a atenção em “O Tigre e a Neve” não seja o humor de Roberto Benigni, mas, sim, o quanto seu personagem é trágico. Neste mundo de hoje, onde o cinismo impera e a falta de esperança parece tomar conta do nosso dia-a-dia, ver o multi-facetado italiano tentar de tudo para manter sua amada viva, quando quase todos ao seu redor tentam desacreditá-lo, pode causar no espectador um suspiro de melancolia ao invés do riso.

    Benigni interpreta Attilio, professor de poesia (sim, ainda existe um professor de poesia em pleno século 21) que viaja para o Iraque a fim de salvar Vittoria, sua ex-esposa (Nicoletta Braschi), que fora atingida durante uma explosão enquanto trabalhava e agora corre o risco de morrer. Chegando lá, Attilio pode contar apenas com a ajuda do amigo Fuad (Jean Reno), que acompanhava Vittoria no país.

    É um filme lírico, em que a personalidade sempre alegre e agitada de Benigni (que além de atuar, dirige e assina o roteiro) se sobressai em praticamente todas as cenas. A história é situada em plena Bagdá durante o primeiro ano da Guerra do Iraque, cenário que, para Benigni, representa o estado de espírito depressivo em que se encontra a humanidade.

    Attilio, com tuda sua vivacidade, parece não pertencer a este planeta (a metáfora do título implica que ele é essa criatura rara). Desde o início do filme, quando o vemos na sala de aula, ele tenta mostrar aos outros personagens e ao espectador que podemos enxergar a vida de uma forma que diminua o sofrimento imposto pela dura realidade que nos cerca. O que o difere do Guido de “A Vida é Bela” é que, a todo o momento, Attilio também tenta mostrar isso para si mesmo, não apenas para o filho no campo de concentração nazista ou, no caso, para a ex-mulher que se encontra em estado de coma.

    São poucas as cenas cômicas que realmente funcionam, mas algumas rendem momentos notáveis e comoventes, como aquele em que Attilio tenta desesperadamente conseguir de um farmacêutico idoso uma solução que sirva para salvar Vittoria. “O Tigre e a Neve” é uma história de amor, acima de tudo. Não é tão tocante quanto “A Vida é Bela”, mas, ainda assim, emociona com sua inocência.

    nota: 5/10 -- veja sem pressa

    O Tigre e a Neve (La Tigre e la Neve, 2005, Itália), dir.: Roberto Benigni – em cartaz nos cinemas

    2 comentários:

    Anônimo disse...

    Olá Renato
    E da maravilhosa música da abertura do filme, "You Can Never Hold Back Spring" do Tom Waits, você gostou? Eu daria nota 10 pra musica e 8 pro filme, que achei muito divertido.

    RENATO SILVEIRA disse...

    A música é ótima mesmo, Jonatan. Eu ia escrever sobre a participação do Tom Waits, só que depois acabei fechando o texto e ficou de fora. Mas é um ponto positivo do filme, sem dúvida.

    []s!

     
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