Que tal conhecer nossa casa nova?

  • 26 outubro 2015
  • por
  • RENATO SILVEIRA
  • Olá! Seja bem-vindo(a) ao Cinematório!

    Ficamos contentes que você esteja aqui, mas gostaríamos de convidá-lo(a) para visitar nossa sede oficial no www.cinematorio.com.br

    A versão do site onde você está agora fica hospedada no Blogger e continua no ar apenas como arquivo para as postagens antigas. Os textos novos estão sendo publicados no endereço oficial, OK? Passa lá!

    Forte abraço e obrigado pela visita!
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    SAMMIE 2013: Troféus Especiais

  • 31 janeiro 2013
  • por
  • RENATO SILVEIRA

  • MELHOR DIÁLOGO

    007 - OPERAÇÃO SKYFALL

    
    Raoul Silva: [acariciando Bond] Há sempre uma primeira vez...
    James Bond: [amarrado a uma cadeira] O que faz você pensar que esta é a minha primeira vez?

    MELHOR FINAL

    O HOMEM DA MÁFIA


    O CARA MAIS ENGRAÇADO
    EMPATE!
    SETH MACFARLANE, Ted
    
    MILTON GONÇALVES, Billi Pig
    
    A CENA MAIS HILÁRIA

    Channing Tatum e Jonah Hill tentando vomitar no banheiro, em ANJOS DA LEI

    MELHOR CITAÇÃO ou REFERÊNCIA

    A CHEGADA DO TREM À ESTAÇÃO, dos irmãos Lumière, em A INVENÇÃO DE HUGO CABRET, de Martin Scorsese.

    

    CENA QUE MAIS CHOCOU, INCOMODOU OU PERTURBOU

    Keira Knightley em crise, em UM MÉTODO PERIGOSO

    

    MELHOR PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

    EMPATE!

    Sam "Flash Gordon" Jones, em TED

    

    A mosca, em RAUL, O INÍCIO, O FIM, O MEIO

    

    MELHOR USO DE MÚSICA EM UMA CENA

    "The Concept" - Teenage Fanclub, em JOVENS ADULTOS - na cena de abertura e na cena do bar

    

    MELHOR CENA PÓS-CRÉDITOS

    OS VINGADORES - THE AVENGERS

    

    Prêmio QUENTIN TARANTINO para o que de mais "cool" apareceu na tela

    Chuck Norris, em OS MERCENÁRIOS 2

    

    E a partir de agora, este troféu passa a se chamar "Prêmio CHUCK NORRIS para o que de mais Tarantino apareceu na tela!"
    Troféu WHAT THE FUCK!? para o que quase fez você surtar na poltrona
    Denis Lavant em HOLY MOTORS
    
    "WTF!?" num bom sentido!
    Troféu TAMANHO NÃO É DOCUMENTO para participações pequenas, mas expressivas
    Eva Mendes em HOLY MOTORS
    Troféu PRECISOU, TÔ LÁ! para quem mais apareceu na tela num espaço de um ano
    Empate técnico!

    TOM HARDY
    
    Filmes lançados no Brasil em 2012: O ESPIÃO QUE SABIA DEMAIS, GUERREIRO, GUERRA É GUERRA, OS INFRATORES e BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE.
    JESSICA CHASTAIN
    
    Filmes lançados no Brasil em 2012: HISTÓRIAS CRUZADAS, O ABRIGO, CORIOLANO, A GRANDE MENTIRA e OS INFRATORES - mais MADAGASCAR 3: OS PROCURADOS (voz).
    Troféu CERA DE CARNAÚBA para o mais cara de pau

    Empate! PETER JACKSON recebe dois troféus pelo mesmo prêmio!
     
    
    Um troféu por ele ter dividido a adaptação de O HOBBIT em três filmes, sendo que o livro não tem a metade da quantidade de páginas de um dos três O SENHOR DOS ANÉIS. E outro troféu por ter alardeado a versão 48 fps do filme como uma "grande revolução", mas a tecnologia não impressionou como o esperado e, um mês depois, quase nem se fala nela mais e pouca gente está ansiosa para ver se ficou melhor no segundo filme.

    Prêmio JOHN TRAVOLTA também conhecido como "Agora não dá mais!" ou "Empurrão à beira do abismo"

    A parceria Tim Burton/Johnny Depp/Helena Bonham Carter, repetida pela enésima vez em SOMBRAS DA NOITE.
    
    Troféu JAMES BOND para a cena mais inverossímil do ano

    O plano elaborado pelo protagonista de 2COELHOS
    
    Troféu OPS! EU ACHO QUE LI O ROTEIRO ERRADO para bons atores em filmes medíocres
    Emile Hirsch em A HORA DA ESCURIDÃO e SELVAGENS
    

    Troféu SÓ SOBROU VOCÊ para o pior casting
    Leonardo DiCaprio como John Edgar Hoover em J.EDGAR
    
    Troféu MOFEI NA GAVETA (E DEVIA TER FICADO LÁ) para filmes que demoraram anos para sair e não vingaram
    
    Troféu REGAN para a melhor cara de vômito
    Cody Horn em MAGIC MIKE
    
    Troféu DAMIEN para a criança maldita do ano
    A bicampeã Mackenzie Foy, por AMANHECER - PARTE 2
    Troféu TOURO INCANSÁVEL

    Robert Pattinson, pelo conjunto da obra
    

    Troféu ESTÁ PERDOADO! para quem só vinha fazendo bombas e finalmente fez algo que presta
    Robert Pattinson, por COSMÓPOLIS 
    
    
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    Por Eles ELAS Entram em Coma 2013 - Os indicados

  • 30 janeiro 2013
  • por
  • RAQUEL GOMES
  • O ano de 2012 bombou em filmes que faz brilhar os nossos olhinhos com o elenco masculino. Posso dizer que nunca foi tão difícil escolher os dez indicados para esse prêmio, pois choveu colírio na telona. Mas em nossos corações há lugares para todos, não é mesmo? Tanto que o tema “coração dividido” foi bastante explorado nos filmes, o que me deu a ideia de formular duas premiações especiais para esse ano. Além de escolherem os mais gatos, as leitoras do cinematório também poderão escolher o melhor elenco e o melhor “triângulo” da temporada. Ou seja, o "Por Eles ELAS Entram em Coma! 2013 vai tirar o seu fôlego! Votem à vontade, pois a mesa está farta. O resultado será divulgado na sexta-feira, dia 1º de fevereiro.
     
    BRAD PITT, O Homem que Mudou o Jogo/O Homem da Máfia.

    CHANNING TATUM, Magic Mike/A Toda Prova/Para Sempre/Anjos da Lei
    CHRIS HEMSWORTH, Os Vingadores/Branca de Neve e o Caçador
    COLIN FARRELL, O Vingador do Futuro
    GARRETT HEDLUND, Na Estrada
    LOUIS GARREL, Um Verão Escaldante

    MICHAEL FASSBENDER, Shame

    TAYLOR KITSCH, John Carter/Battleship/Selvagens

    TOM CRUISE, Rock of Ages

    TOM HARDY, Guerra é Guerra/Os Infratores/Guerreiro

    MELHOR ELENCO
    "Magic Mike". Dispensa maiores apresentações. São gatos. São strippers. E dançam muito.

    "Os Vingadores". Nossos heróis... Juntos! Fica difícil escolher para quem pedir socorro.

    
    "Amanhecer: Parte 2". A saga pode ser bem adolescente, mas os homens da família Cullen e seus amigos (incluindo todos os lobinhos) sabem deixar tudo mais interessante.

    MELHOR TRIÂNGULO
    “Selvagens”: Blake Lively apaixonada pela vida boa ao lado de Taylor Kitsch e Aaron Taylor-Johnson.

    “Na Estrada”: Kristen toda animadinha diante das beldades Sam Riley e Garrett Hedlund.
    “Guerra é Guerra”: Reese Witherspoon, sortuda, sendo disputada pelo Chris Pine e Tom Hardy.
    “Entre o Amor e a Paixão”: Michelle Williams não sabe se vai ou se fica, pois de um lado é o marido fofo Seth Rogen, do outro o hipnotizante Luke Kirby.
     
     
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    As Aventuras de pi

  • 29 dezembro 2012
  • por
  • RENATO SILVEIRA

  • A fé, por definição, está ligada à religião, mas também significa ter confiança, credibilidade, compromisso. Significa acreditar. E no cinema, acreditar é fundamental. O realizador tem que confiar no seu trabalho e acreditar no resultado de seu filme para que nós, espectadores, possamos crer no que estamos vendo na tela.

    Esta fé cinéfila, em especial no cinema de espetáculo de Hollywood, abalada por um sem número de grandes produções que se valem apenas de números (cifras, partes um, dois, três, quatro ponto dois...) para serem consideradas tais, é recuperada por Ang Lee com “As Aventuras de Pi”.

    A história é aquela de sobrevivência em circunstâncias inacreditáveis – no caso, a de um garoto indiano chamado Pi (apelido que ele mesmo se deu por considerar que ser conhecido pela constante matemática seria melhor do que pelo nome de batismo, Piscine, advindo de uma luxuosa piscina pública francesa que seus pais frequentavam). Pi perde a família em um naufrágio e acaba sozinho em um bote na companhia de uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre. As “aventuras” do péssimo título brasileiro (a tradução correta seria “A Vida de Pi”, como o livro de Yann Martel) se dão naquele espaço confinado e são narradas pelo protagonista a um escritor, alter ego do autor do livro.

    O velho chavão diz que “o cinema é feito de 24 mentiras por segundo”, e o que determina o quanto nós acreditamos nelas é justamente a narrativa. O diretor, auxiliado pelo roteirista, o diretor de fotografia, o montador, o designer de produção, o compositor, o elenco, enfim, tem que saber narrar para fazer o público crer em seu filme, por mais absurdo que possa parecer o universo em que ele se passa.

    A base do filme de Ang Lee – e do livro de Martel – é justamente esta: fazer acreditar. Não em Deus, como propõe a premissa, mas acreditar na história que está sendo contada, por mais fantásticas que algumas de suas passagens sejam. Acreditar, nesse sentido, não tem nada a ver com fatos. Se aconteceu ou não, pouco importa.

    Ainda que Lee acabe fazendo um filme de mensagem, com um desfecho didático, suas escolhas são formidáveis na maior parte do tempo. O voice-over do protagonista adulto (Irrfan Khan, finalmente deixando de ser coadjuvante numa produção fora de seu país) está presente em toda a introdução e parte do segundo ato, quando Pi embarca rumo ao Canadá com a família. A partir da magnífica cena do naufrágio, sua voz só voltará a aparecer bem mais adiante, no exato momento em que Lee precisa nos “trazer de volta” para concluir seu argumento (que é onde surgirá, finalmente, o tema recorrente da obra do diretor: sentimentos e emoções reprimidos, que aqui explodem numa fala de singela e sincera comoção do protagonista).

    Esta é a primeira experiência de Lee com o 3D e as imagens que exploram bem o potencial fotográfico da tecnologia causam um maravilhamento que só uma tela gigante e projeção cristalina são capazes de proporcionar ao espectador. Lee, como cineasta sutil, objetivo e elegante que é, não parece interessado apenas na profundidade de campo, mas usa o 3D para explorar também a tridimensionalidade dos detalhes, como, por exemplo, no impressionante close-up do tigre no barco, quando Pi levanta uma parte da lona para espiar e encarar a fera. É um uso pontual e de grande impacto sensorial. O mesmo pode ser dito dos planos abertos em que Pi aparece minúsculo no meio do oceano espelhado, ao entardecer ou à noite.

    Não que Lee resista aos efeitos lúdicos do 3D. Se por um lado a cena da baleia, vendida no trailer do filme, decepcione um pouco (continua sendo uma cena linda, mas sem o 3D também o seria), existem outros momentos em que o cineasta brinca com o gimmick de fazer as coisas saltarem da tela e assustarem o espectador. Um desses momentos, inclusive, fatalmente perderá seu efeito real devido à projeção não adequada do filme. É a cena dos peixes voadores, em que Lee muda a razão de aspecto para dar a impressão de que os peixes estão efetivamente saindo do quadro.

    À exceção de duas cenas, todo o filme é projetado na razão 1.85:1, que é o tamanho padrão da maioria das telas de multiplexes e de televisores full HD. Na sequência em que o cardume de peixes voadores passa pelo barco de Pi, a razão muda para o formato scope 2.35:1. Numa projeção correta, a sensação é a de que os peixes estão saltando do próprio quadro do filme, uma vez que os vemos “caindo” por cima das “barras pretas” que são criadas abaixo e acima da janela.

    É um efeito curioso e divertido, de brincar mesmo com as possibilidades do 3D. Porém, é um efeito que se perde nos cinemas em que a projeção não ocupa a totalidade da tela. Aparentemente, se a sala possui uma tela mais larga (mas que não é scope), o projecionista ajusta a imagem para que a razão 1.85:1 fique centralizada. Desta forma, sobra algum espaço à direita e à esquerda. Porém, no momento em que a razão muda para 2.35:1, o resultado é semelhante ao de vermos um DVD com formato de tela letterbox 4:3 (aberração criada pela indústria de home video) em uma TV widescreen.


    Formato correto, em 2.35:1.

    Formato errado, com 2.35:1 contido numa janela menor.

    Tendo visto o filme duas vezes, em dois cinemas diferentes, eu pude fazer a comparação e atesto que é um problema técnico da sala e que falha com a intenção do diretor. Para se ter uma ideia mais clara, mas, infelizmente, sem o efeito 3D, este link disponibiliza a cena em questão, com a mudança de razão de aspecto. Veja o vídeo em tela cheia e você terá uma ideia melhor de como é a projeção correta.

    O outro momento do filme em que Lee muda a razão de aspecto surge mais adiante, quando vemos uma baleia passando por baixo do barco de Pi num dos vários planos plongée usados pelo diretor (aliás, o plongée também é bastante utilizado por Martin Scorsese em “A Invenção de Hugo Cabret” para o efeito 3D). É quando a tela é “cortada” para 1.33:1, o formato quadrado. Usualmente, é uma opção dos diretores para delimitar o espaço da ação, tornar a cena claustrofóbica, mas que aqui surge como opção estética de função narrativa não muito clara.

    Sejam todos esses efeitos lúdicos, práticos, diegéticos ou gratuitos, “As Aventuras de Pi” é cinema espetáculo em boa forma, e que mostra que, aos poucos, o público que acreditou que um homem pode voar, que um tubarão mecânico assusta (e muito) e que uma Delorean pode se transformar numa máquina do tempo, pode também acreditar que um tigre e um menino conviveram em um barco à deriva. Isso porque os efeitos digitais, desenvolvidos pela Rhythm & Hues Studios, enfim voltaram a mostrar sinais claros de evolução depois do Gollum de “O Senhor dos Anéis”. Ou você acredita que Richard Parker esteve mesmo naquele barco?

    Eu acreditei.
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    O Hobbit: Uma Jornada Inesperada

  • 15 dezembro 2012
  • por
  • RENATO SILVEIRA
  • Quase dez anos após o último filme da trilogia “O Senhor dos Anéis”, o diretor, roteirista e produtor Peter Jackson nos leva mais uma vez até a Terra Média, agora para acompanharmos a aventura que aconteceu antes da jornada de Frodo (Elijah Wood) para destruir o Anel do Poder. Em “O Hobbit”, o protagonista é o tio de Frodo, Bilbo Bolseiro (agora interpretado por Martin Freeman, o Arthur Dent de “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, embora Ian Holm, o intérprete original, faça uma breve aparição, logo no começo do filme). Bilbo é chamado pelo mago Gandalf (novamente Ian McKellen) para acompanhar uma comitiva de anões guerreiros e ajudá-los a recuperar o reino que eles perderam para o impiedoso dragão Smaug.

    “O Hobbit” tenta fazer de tudo para agradar aos fãs do escritor J.R.R. Tolkien, autor dos livros que inspiram a trilogia “O Senhor dos Anéis” e, agora, a trilogia “O Hobbit”. É que o livro, apesar de ser bem mais curto que “O Senhor dos Anéis”, também dá origem a três filmes. Sendo assim, já era de se esperar que Jackson expandiria a história, ou, vulgarmente falando, encheria linguiça para dar conta de fazer três longas-metragens com cerca de três horas de duração cada um.

    O resultado é que esta primeira parte, intitulada “Uma Jornada Inesperada”, é um tanto cansativa se comparada ao primeiro “O Senhor dos Anéis”. O filme se dedica muito a cenas que servem apenas para agradar aos fãs, que querem ver tudo da forma mais detalhada possível, e Jackson claramente busca saciar essa vontade, novamente valorizando o trabalho da equipe de design de produção com planos de detalhe que exploram as minúcias dos ambientes, e mesmo com planos abertos contemplativos em cada cenário em que os personagens pisam.

    Ao público geral, no entanto, o que interessa mesmo é conhecer os personagens e acompanhar a aventura. E não fossem tantas pausas para flashbacks e conversas, talvez fosse mais agradável chegar até o final do filme, que poderia perfeitamente durar cerca de duas horas, talvez até menos, sem prejudicar a lógica da narrativa. Por outro lado, algumas das cenas “desnecessárias” são as mais divertidas, como o encontro de Bilbo e os anões com um trio de trolls na floresta (um momento que faz ligação direta com “A Sociedade do Anel”, onde os personagens passam pelo mesmo local e encontram as três criaturas petrificadas).

    O maior problema do filme, então, talvez não seja o seu ritmo, mas a repetição da estrutura do roteiro. “Uma Jornada Inesperada” segue praticamente o mesmo riscado de “A Sociedade do Anel”: começa na casa de Bilbo, segue pela floresta, passa pelo campo, entra em Valfenda (o lar dos elfos), atravessa um desfiladeiro (trocando a avalanche de neve por rochas – aliás, numa sequência visualmente formidável) e chega numa montanha - de onde os personagens sairão para uma última batalha. E, claro, o final fica em aberto, com o destino surgindo no horizonte. Até nisso o filme se repete: Erebor, a fortaleza dos anões, funciona exatamente como Mordor em “O Senhor dos Anéis”. Até o olho do dragão se assemelha ao de Sauron.

    Da mesma forma, o espectador é privado da surpresa, já que Jackson, acreditando demais no sucesso dos três filmes anteriores, se limita a reencenar várias situações, especialmente as que envolvem Gandalf. Se é uma rima pontual e singela quando o mago bate a testa no lustre do teto da casa de Bilbo, vê-lo soprando algumas palavras mágicas para uma borboleta em um momento de perigo é frustrante, pois você sabe exatamente o que acontecerá em seguida, uma vez que o mesmo truque já foi utilizado pelo personagem, em duas ocasiões, em “O Senhor dos Anéis”.

    Isso talvez faça parte da clara tentativa de Jackson em ligar as duas trilogias. Ao invés de funcionar como uma aventura solo, como é o livro, “O Hobbit” a todo momento faz menções ao mal que está voltando a assombrar a Terra Média, dando a entender que os dois filmes seguintes irão fazer ainda mais referências e fazer ligações com “O Senhor dos Anéis”, inclusive com participações de personagens que não estão no material original.

    Apesar de ser mais do mesmo, “Uma Jornada Inesperada” é entretenimento acima da média das produções do gênero em Hollywood. As cenas de ação são boas (embora Jackson continue a filmar perto demais em vários momentos de cenas de batalha) e há mais humor, porque os anões são personagens mais piadistas. E por falar nos anões, eles são muitos e surge a dificuldade de identificá-los e guardar seus nomes e características próprias. Em “O Senhor dos Anéis”, os personagens são de raças diferentes e têm personalidades distintas. Já em “O Hobbit”, os anões diferem um do outro fisicamente, mas são quase todos iguais e mal desenvolvidos. Apenas três ou quatro se sobressaem, entre eles o líder Thorin Escudo de Carvalho, que faz as vezes de Aragorn como o guerreiro relutante e destemido.

    Outro ponto positivo é que, assim como em “O Senhor dos Anéis”, os cenários, figurinos e efeitos visuais enchem os olhos. Um trabalho primoroso que fica ainda mais bonito se visto em 3D, que potencializa a fotografia de Andrew Lesnie (que também trabalhou nos três filmes anteriores). O uso da profundidade de campo é formidável e os gimmicks, como atirar coisas em direção a plateia, são pontuais e efetivos.

    “O Hobbit” também pode ser visto nos cinemas na versão 48 frames por segundo (ou HFR – High Frame Rate – como alguns cinemas têm chamado), que é o dobro da velocidade de captação tradicionalmente usada para filmar. Aqui, a captação é feita com uma câmera digital, a RED epic, o que também resulta na eliminação da granulação. O resultado é que as imagens ficam com um aspecto mais “limpo”, mas não deixam de parecer imagens de cinema, pois a iluminação continua fazendo toda a diferença e distingue perfeitamente o filme de uma novela transmitida na TV em Full HD, por exemplo.

    O problema mais grave dos 48 frames reside mesmo é na velocidade. Não se pode dizer que o filme fica mais natural ou realista, como Jackson tem preconizado, porque, afinal, em mais de um século de cinema, o que é natural para o espectador é ver um filme em 24 frames. Logo, o contato inicial com um filme em 48 frames não terá nada de natural e certamente será estranho e incômodo. E muito disso, como podemos observar nesta primeira experiência direta com um filme narrativo feito dessa forma, se deve à fluidez das imagens. Em várias ocasiões, todas elas quando a câmera se movimenta muito rápido em uma tomada muito curta, ou quando há algum movimento rápido em um plano fechado (alguém abrindo uma porta, por exemplo), a sensação é a de estarmos vendo o filme acelerado, com o botão Fast Forward pressionado. Ou, para quem tem uma TV mais moderna, é como se o recurso TruMotion, que pretende “suavizar” movimentos rápidos, estivesse ligado.

    Por outro lado, os personagens feitos por computador e os cenários ficam soberbos se vistos na versão 48 frames. Os trolls, os goblins e os orcs, além, claro, do Gollum, parecem mesmo mais reais, o que beneficia a interação deles com os atores e fortalece a impressão de que eles estão lá de verdade. E para o cenário, a água correndo e o balançar das folhas das árvores ou do capim ao longo da estrada ficam realmente mais fluidos.

    Claro, esses são aspectos periféricos e que não têm importância narrativa. Aumenta a verossimilhança? Sim. Mas, novamente, não são naturais para os nossos olhos acostumados a ver filmes em 24 frames. Pode ser que, com o passar do tempo, a utilização cada vez mais ampla dos 48 frames venha a beneficiar o modo de fazer e ver um filme. Mas, por enquanto, vale mais como curiosidade. O melhor formato para assistir a “O Hobbit” é em 3D, em 24 frames. Depois que você tiver visto assim, não deixe de rever em 48 frames. Se do ponto de vista da realização é um formato problemático, do lado da experimentação é, sem dúvidas, válido.

    O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, 2012, EUA/Nova Zelândia). Direção: Peter Jackson. Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson, Guillermo del Toro (baseado no livro "O Hobbit", de J.R.R. Tolkien). Fotografia: Andrew Lesnie. Montagem: Jabez Olssen. Música: Howard Shore. Produção: Carolynne Cunningham, Peter Jackson, Fran Walsh, Zane Weiner. Estúdio: New Line Cinema, MGM, WingNut Films, 3Foot7. Distribuição: Warner Bros. 169 min
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    36ª Mostra de SP: ranking de filmes

  • 05 novembro 2012
  • por
  • RENATO SILVEIRA
  • "Tabu", de Miguel Gomes.

    Primeira Mostra de São Paulo que eu acompanho na íntegra, a 36ª edição proporcionou duas boas semanas de descobertas, praticamente renovando todo o meu top 10 de melhores filmes de 2012 (que ainda será atualizado aqui no blog). No entanto, melhores ainda foram as redescobertas, com sessões inesquecíveis de "Tubarão", "Lawrence da Arábia", "Era uma Vez no Oeste" e "Solaris". Ver clássicos como esses numa tela de cinema (especialmente numa tela grandiosa como a do CineSesc) coloca as coisas em outra perspectiva, inclusive no sentido de avaliação dos novos filmes a que assistimos costumeiramente em tela grande.

    Desconsiderando os clássicos, eis, então, o meu ranking de filmes vistos na Mostra, incluindo os que participaram da competição Novos Diretores, cujo vencedor eu ajudei a escolher por participar do júri da ABRACCINE (confira o resultado).

    Imperdíveis

    TABU, Miguel Gomes
    O SOM AO REDOR, Kleber Mendonça Filho
    UM ALGUÉM APAIXONADO, Abbas Kiarostami
    ALÉM DAS MONTANHAS, Cristian Mungiu
    NA SUA AUSÊNCIA, Sandrine Bonnaire
    A BELA QUE DORME, Marco Bellochio

    Ótimas pedidas

    FRANCISCO BRENNAND, Mariana Brennand Fortes
    SINFONIA DE UM HOMEM SÓ, Cristiano Burlan
    APRÈS MAI, Olivier Assayas
    REALITY, Matteo Garrone
    OUTRAGE: BEYOND, Takeshi Kitano
    O GEBO E A SOMBRA, Manoel de Oliveira
    UMA HISTÓRIA DE AMOR E FÚRIA, Luiz Bolognesi

    Bacanas

    OS SELVAGENS, Alejandro Fadel
    A MEMÓRIA QUE ME CONTAM, Lúcia Murat
    IMPERDOÁVEL, André Téchiné
    ANTIVIRAL, Brandon Cronenberg
    O RESTO DO MUNDO, Damien Odoul
    NOVE CRÔNICAS PARA UM CORAÇÃO AOS BERROS, Gustavo Galvão

    Mezzo

    CORES, Francisco Garcia
    RAPSÓDIA ARMÊNIA, Cassiana Der Haroutiounian, Cesar Gananian, Gary Gananian
    METRÔ, Guilherme Hoffmann
    A COPA ESQUECIDA, Lorenzo Garzella e Filippo Marcelloni
    KEYHOLE, Guy Maddin
    CHAMADA A COBRAR, Anna Muylaert
    PRA LÁ DO MUNDO, Robert Studart
    MUITO ALÉM DO PESO, Estela Renner
    LACUNA, André Lavaquial
    YOU AND ME FOREVER, Kaspar Munk
    ANTES DO FIM DO MUNDO, Sabrina Marostica e Hebert Gondo
    A PORTA LARGA, Aleandro Tubaldi

    O pior da 36ª Mostra

    JARDIM ATLÂNTICO, Jura Capela
    SEM OUTONO, SEM PRIMAVERA, Iván Mora Manzano
    A ARTE DE INTERPRETAR - A SAGA DA NOVELA ROQUE SANTEIRO, Lúcia Abreu
    EMBU - TERRA DAS ARTES, Maria de Fátima Seehagen

    Aqueles que ficaram marcados na programação, mas não consegui ver (somente filmes novos)

    ARCADIA, Olivia Silver
    BARBARA, Christian Petzold
    BOA SORTE, MEU AMOR, Daniel Aragão
    A BUSCA, Luciano Moura
    A CAÇA, Thomas Vinterberg
    CINE HOLLIÚDY, Halder Gomes
    CITY STATE, Olaf de Fleur Johannesson
    O COMBOIO, Alexey Mizgirev
    ELENA, Petra Costa
    ENTRE O AMOR E A PAIXÃO, Sarah Polley
    ERA UMA VEZ EU, VERÔNICA, Marcelo Gomes
    ESTUDANTE, Darezhan Omirbayev
    A FEITICEIRA DA GUERRA, Kim Nguyen
    A FLORESTA DE JONATHAS, Sérgio Andrade
    INFÂNCIA CLANDESTINA, Benjamín Ávila
    JARDS, Eryk Rocha
    LOVE IS ALL YOU NEED, Susanne Bier
    NA NEBLINA, Sergei Loznitsa
    NO, Pablo Larraín
    A PARTE DOS ANJOS, Ken Loach
    PARVIZ, Majid Barzegar
    PERDER A RAZÃO, Joachim Lafosse
    POR ENQUANTO, Hal Hartley
    POSTCARDS FROM THE ZOO, Edwin
    PREENCHENDO O VAZIO, Rama Burshtein
    O QUE SE MOVE, Caetano Gotardo
    RAROS SONHOS FLUTUANTES, Eizo Sugawa
    SHAMELESS, Filip Marczewski
    SPEED - EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO, Florian Opitz
    SUPER NADA, Rubens Rewald

    Peço que vocês deixem sugestões de bons filmes vistos na 36ª Mostra e que não estejam na lista acima. Agradeço antecipadamente!
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    36ª Mostra de SP: Júri ABRACCINE

  • 22 outubro 2012
  • por
  • RENATO SILVEIRA
  • Atualização, em 05/11/2012.

    O filme escolhido pelo júri ABRACCINE foi o documentário "Francisco Brennand". Eis a nossa justificativa:

    Pela construção de um imaginário artístico à altura da complexidade do personagem, evitando armadilhas narrativas, o Prêmio ABRACCINE da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo vai para o longa-metragem FRANCISCO BRENNAND, de Mariana Brennand Fortes.
    Infelizmente, "Francisco Brennand" ainda não tem previsão de estreia no circuito, mas acredito que ganhará uma data logo, já que tem distribuição garantida (Videofilmes). Não percam. Página do filme no site da Mostra.

    Trailer:


    Francisco Brennand Trailer from Mariola Filmes on Vimeo.

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    Eu tive a honra de ser convocado para integrar o júri da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) na 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Nosso júri vai eleger o melhor filme brasileiro da Mostra entre os realizados por diretores iniciantes.

    Eis os 14 longas-metragens concorrentes:

    1. A Arte de Interpretar – A Saga da Novela Roque Santeiro, de Lucia Abreu

    2. A Porta Larga, de Aleandro Tubaldi

    3. Antes Do Fim Do Mundo, de Sabrina Marostica e Herbert Gondo

    4. Cores, de Francisco Garcia

    5. Embu – Terra das Artes, de Maria De Fátima Seehagen

    6. Francisco Brennand, de Mariana Brennand Fortes

    7. Rapsódia Armênia, de Cassiana Der Haroutiounian, Cesar Gananian e Gary Gananian

    8. Jardim Atlântico, de Jura Capela

    9.  Lacuna, de André Lavaquial

    10. Muito Além do Peso, de Estela Renner

    11. Nove Crônicas Para Um Coração aos Berros, de Gustavo Galvão

    12. Pra Lá do Mundo, de Roberto Studart

    13. Sinfonia De Um Homem Só, de Cristiano Burlan

    14. Metro, de Guilherme B. Hoffmann

    Comigo, no júri, estão os colegas de ABRACCINE: Heitor Augusto (presidente do júri - SP), Cesar Zamberlan (SP), Gabriel Carneiro (SP), Paulo Camargo (PR), Suyene Correia (SE) e Tatiana Babadobulos (SP).

    Depois eu atualizo esta página com o resultado. A 36ª Mostra vai até 2 de novembro.
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    "O Ditador" e a nova política do humor

  • 27 agosto 2012
  • por
  • RENATO SILVEIRA

  • O maior desafio para a comédia atualmente é conseguir conduzir uma narrativa durante uma hora e meia ou mais, sem fragmentá-la em esquetes ou gags que durante muito tempo bastavam para sustentar filmes dirigidos ou protagonizados por artistas que nem precisavam ser realmente bons de serviço para se garantirem. Mas, hoje, a comédia de cinema tem a forte, eu diria até desigual concorrência da internet. São vídeos no YouTube, foto-montagens em Tumblrs, posts compartilhados no Facebook, enfim, toda sorte de piadas que comediantes de plantão ou de ocasião conseguem tornar públicas e populares.

    É nesse cenário que um filme como “O Ditador” entra em cartaz. Sacha Baron Cohen fez fama na TV e na internet antes de levar seus repórteres Borat e Brüno para a tela grande, onde também foram bem-sucedidos. Mas o comediante enfrenta em seu novo filme justamente esse desafio de ter que contar uma história, e não apenas juntar suas provocativas experiências como um personagem fictício inserido no mundo real.

    A premissa é a mesma de “Borat” e “Brüno”, com o ditador do título indo parar nos Estados Unidos, onde se sente um peixe fora d’água. Existe ali ainda alguma coisa de suas investidas anteriores na linguagem (pseudo-)documental junto ao diretor Larry Charles, mas a ideia é mesmo fazer uma comédia nos moldes convencionais, abusando de piadas grosseiras e infames.

    Há espaço de sobra para o politicamente incorreto, mas o humor não deve nada ao que de melhor (ou pior) o Casseta e Planeta ou Marcelo Adnet produzem aqui no Brasil, no cinema e na TV. A diferença é que Cohen tem mais dinheiro para investir em seu filme e pagar um elenco de grandes nomes, como o vencedor do Oscar Ben Kingsley, o indicado pela Academia John C. Reilly e alguns outros atores que fazem rápidas participações.

    Essas pontas, aliás, fazem parte de uma grande piada com Hollywood que está presente por trás do filme, assim como a sátira política que Cohen propõe fazer. O alvo é a suposta democracia norte-americana e o comediante acerta em cheio em seu momento mais incisivo. Mas é aquilo: no Facebook, essas piadas provavelmente conseguiriam muito mais curtidas do que risadas nas salas de cinema. São ótimas, mas funcionam isoladamente. Como experiência fílmica e narrativa, "O Ditador" é um fracasso.
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