Poder Sem Limites

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 22 março 2012



  • “Poder Sem Limites” chegou sorrateiro aos cinemas e se tornou um sucesso inesperado nas bilheterias americanas. Já no Brasil, a história de três amigos que ganham superpoderes não pegou e o longa já está saindo de cartaz após menos de um mês em exibição.

    Uma tremenda injustiça, pois trata-se de uma aventura eficiente e que traz novo fôlego ao gênero de filmes de super-heróis – e sem ser exatamente um filme de super-herói. A gênese está lá, especialmente em como surgem os heróis e os vilões (esses, em especial). Mas é mais como se Peter Parker pertencesse à geração do "Jack-Ass" que qualquer outra coisa.

    O diretor estreante Josh Trank faz uso do formato câmera na mão e filmagens encontradas (ou produzidas para "colocar no YouTube", que seria mais o caso) já tão explorado por filmes como “A Bruxa de Blair”, “Cloverfield” (texto) e “Atividade Paranormal”. Aqui, ele brinca a valer com essa estética suja, de imagens tremidas e com cortes brutos entre uma cena e outra, fazendo usos inventivos que sua história permite, especialmente a cada nova habilidade especial descoberta pelos personagens.

    O cineasta também aposta que o público já assimilou a lógica desse tipo de filme e não se importa em, por exemplo, deixar pelo caminho personagens com quem o espectador já pode ter se identificado. O que num filme convencional tenderia a se tornar um evento, com direito a câmera lenta e acordes altos, em “Poder Sem Limites” se resume a imagens desfocadas e sons desconexos seguidos de uma tela escura. A tensão fica suspensa por trás do ruído.

    Trank e o roteirista Max Landis forçam um pouco a barra na hora de justificar o uso da câmera em primeira pessoa a todo o momento, como por exemplo na personagem da blogueira que serve de interesse romântico para um dos protagonistas. No entanto, a dupla encontra um uso genial do conceito na realização da principal cena de ação do filme, quando imagens originadas dos mais variados tipos de câmera são utilizadas para narrar o evento que finalmente aproxima aqueles garotos de serem algum tipo de super-herói.

    Mas eles não saíram de uma revista em quadrinhos. Aliás, eles sequer mencionam os nomes de personagens como Homem-Aranha ou Superman. É como se eles decidissem não salvar o mundo e preferissem usar seus poderes para se divertirem e resolver pequenas questões pessoais. Sintoma de uma geração? Talvez. O fato é que “Poder Sem Limites” é um filme que merece atenção, portanto, corra para vê-lo nos cinemas enquanto é tempo. Se não der, redescubra-o em DVD ou Blu-ray.

    PODER SEM LIMITES (Chronicle, 2012, Reino Unido/EUA). Direção: Josh Trank. Roteiro: Max Landis. Fotografia: Matthew Jensen. Montagem: Elliot Greenberg. Produção: John Davis, Adam Schroeder. Com: Dane DeHaan, Alex Russell, Michael B. Jordan, Michael Kelly, Ashley Hinshaw, Bo Petersen, Anna Wood, Rudi Malcolm, Luke Tyler, Crystal-Donna Roberts. Distribuição: Fox Film. 84 min

    1 comentários:

    Mateus Denardin disse...

    Subestimado mesmo aqui no Brasil. Esperava uma enxurrada de comentários nas redes sociais, mas não. Vi semana passada sem saber quase nada do filme, nem lembrava que alguém o tinha mencionado. Por um lado, algo muito positivo, já que adorei ser surpreendido assim. Filme barato, arrecadou o dobro do orçamento já no primeiro dia nos EUA. Efeitos eficientes e uma história renovada em estrutura e abordagem.

     
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