"O Ditador" e a nova política do humor

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 27 agosto 2012



  • O maior desafio para a comédia atualmente é conseguir conduzir uma narrativa durante uma hora e meia ou mais, sem fragmentá-la em esquetes ou gags que durante muito tempo bastavam para sustentar filmes dirigidos ou protagonizados por artistas que nem precisavam ser realmente bons de serviço para se garantirem. Mas, hoje, a comédia de cinema tem a forte, eu diria até desigual concorrência da internet. São vídeos no YouTube, foto-montagens em Tumblrs, posts compartilhados no Facebook, enfim, toda sorte de piadas que comediantes de plantão ou de ocasião conseguem tornar públicas e populares.

    É nesse cenário que um filme como “O Ditador” entra em cartaz. Sacha Baron Cohen fez fama na TV e na internet antes de levar seus repórteres Borat e Brüno para a tela grande, onde também foram bem-sucedidos. Mas o comediante enfrenta em seu novo filme justamente esse desafio de ter que contar uma história, e não apenas juntar suas provocativas experiências como um personagem fictício inserido no mundo real.

    A premissa é a mesma de “Borat” e “Brüno”, com o ditador do título indo parar nos Estados Unidos, onde se sente um peixe fora d’água. Existe ali ainda alguma coisa de suas investidas anteriores na linguagem (pseudo-)documental junto ao diretor Larry Charles, mas a ideia é mesmo fazer uma comédia nos moldes convencionais, abusando de piadas grosseiras e infames.

    Há espaço de sobra para o politicamente incorreto, mas o humor não deve nada ao que de melhor (ou pior) o Casseta e Planeta ou Marcelo Adnet produzem aqui no Brasil, no cinema e na TV. A diferença é que Cohen tem mais dinheiro para investir em seu filme e pagar um elenco de grandes nomes, como o vencedor do Oscar Ben Kingsley, o indicado pela Academia John C. Reilly e alguns outros atores que fazem rápidas participações.

    Essas pontas, aliás, fazem parte de uma grande piada com Hollywood que está presente por trás do filme, assim como a sátira política que Cohen propõe fazer. O alvo é a suposta democracia norte-americana e o comediante acerta em cheio em seu momento mais incisivo. Mas é aquilo: no Facebook, essas piadas provavelmente conseguiriam muito mais curtidas do que risadas nas salas de cinema. São ótimas, mas funcionam isoladamente. Como experiência fílmica e narrativa, "O Ditador" é um fracasso.

    1 comentários:

    Anônimo disse...

    Olá Renato,

    Sou leitor do cinematório e sou cinéfilo de carteirinha. Eu estou mandando esse email porque estou trabalhando numa empresa que desenvolveu um portal sobre cinema - o Cinema Total (www.cinematotal.com). Um dos atrativos do site é que você cria uma página dentro do site, podendo escrever textos de blog e críticas de filmes. Então, gostaria de sugerir que vocês também passassem a publicar seus textos no Cinema Total - assim vocês também atingem o público que acessa o Cinema Total e não conhece o cinematório.

    Se vocês gostarem do site, também peço que coloquem um link para ele no cinematório, na seção "Recomendamos".

    Se você quiser, me mande um email quando criar sua conta que eu verifico se está tudo ok.

    Um abraço,

    Marcos
    www.cinematotal.com
    marcos@cinematotal.com

     
    Copyright (c) 2010 Blogger templates by Bloggermint