Esta cena de "Era Uma Vez no Oeste" é o exemplo perfeito de algo que se perdeu com o surgimento da internet. Nos extras do DVD, Henry Fonda explica em uma entrevista a surpresa que foi para o público descobrir que ele interpretava o vilão principal do filme no momento em que a câmera de Sergio Leone lentamente contorna o ator por trás do ombro e revela seu rosto. Fonda sempre interpretou mocinhos e este foi seu primeiro grande vilão. Hoje, já sabemos antes mesmo de um ator ser escalado qual papel ele irá interpretar. A surpresa morreu.
Já há algum tempo venho adotando uma pequena lista de regras para aproveitar mais a minha experiência de assistir a um filme. Qualquer tipo de filme: novo, antigo, clássico, trash, não importa.
Comecei a fazer isso depois que percebi que muitas vezes eu estava estragando o prazer de ser um espectador pelo simples fato de me informar demais a cerca dos filmes que pretendia ver. E hoje, em plena era web, você praticamente não precisa procurar, as informações chegam a você até mesmo sem você pedi-las.
Portanto, compartilho esse guia despretensioso que, talvez, possa ajudar a tornar uma sessão de cinema ou DVD algo um pouco mais misterioso e prazeroso no nosso dia-a-dia de cinéfilo.
1. Nunca leia críticas antes de ver um filme. Não se trata nem de se expor a possíveis spoilers, mas de ler uma interpretação do crítico que impeça que você faça a sua própria leitura do filme. Em muitos casos, é pior do que saber o final. É OK consultar a média de notas do IMDb ou do Rotten Tomatoes. Mas sendo um pouco mais radical, é melhor evitar os pequenos comentários que acompanham as páginas dos filmes nesses sites, pois pode incorrer no mesmo perigo de ler uma crítica inteira.
2. Não assista a trailers. Principalmente na internet, onde os estúdios têm jogado inúmeras versões, muitas vezes revelando cenas que perdem a graça se vistas depois no contexto do filme. Ver clipes de cenas inteiras então, expressamente proibido.
3. Não leia a sinopse. É estranho ir para um filme sem saber nada a respeito da trama, mas é só até você se acostumar. Sinopses muitas vezes entregam detalhes importantes e até mesmo descrevem erroneamente um filme. Ver "no escuro" é tão mais interessante, pois possibilita que você tenha um contato mais natural e direto com o tema trabalhado pelo diretor, e não apenas com a história contada.
4. Conheça o filme pelos nomes. O IMDb está aí para isso. A melhor maneira de se informar sobre um filme é saber quem o fez: o diretor, o roteirista e os atores principais. Se você já conhece os nomes que estão na ficha, não precisa de sinopse ou trailer. Se não conhece, faça uma breve consulta ao currículo deles. Muitas vezes, um nome estranho está associado a filmes conhecidos - e não necessariamente por boas razões.
5. Filtre as notícias de cinema que você lê. Novidades sobre elenco e novos projetos são bacanas, mas muitas vezes uma participação especial que seria surpresa acaba sendo revelada meses antes de um filme ficar pronto. Sem falar que várias vezes o enredo é detalhado em excesso pelos sites de notícias, porque eles têm acesso a roteiros não-finalizados, descrições enviadas a agências de casting, sem falar que os próprios estúdios divulgam mais do que devem nos press-releases. Notícias de celebridades são legais às vezes, sim, não se culpe. Mas acompanhá-las todos os dias pode acabar fazendo com que assuntos da vida pessoal de atores ou cineastas, que nada têm a ver com o trabalho deles, influenciem a sua opinião sobre o que efetivamente está na tela.
Já há algum tempo venho adotando uma pequena lista de regras para aproveitar mais a minha experiência de assistir a um filme. Qualquer tipo de filme: novo, antigo, clássico, trash, não importa.
Comecei a fazer isso depois que percebi que muitas vezes eu estava estragando o prazer de ser um espectador pelo simples fato de me informar demais a cerca dos filmes que pretendia ver. E hoje, em plena era web, você praticamente não precisa procurar, as informações chegam a você até mesmo sem você pedi-las.
Portanto, compartilho esse guia despretensioso que, talvez, possa ajudar a tornar uma sessão de cinema ou DVD algo um pouco mais misterioso e prazeroso no nosso dia-a-dia de cinéfilo.
1. Nunca leia críticas antes de ver um filme. Não se trata nem de se expor a possíveis spoilers, mas de ler uma interpretação do crítico que impeça que você faça a sua própria leitura do filme. Em muitos casos, é pior do que saber o final. É OK consultar a média de notas do IMDb ou do Rotten Tomatoes. Mas sendo um pouco mais radical, é melhor evitar os pequenos comentários que acompanham as páginas dos filmes nesses sites, pois pode incorrer no mesmo perigo de ler uma crítica inteira.
2. Não assista a trailers. Principalmente na internet, onde os estúdios têm jogado inúmeras versões, muitas vezes revelando cenas que perdem a graça se vistas depois no contexto do filme. Ver clipes de cenas inteiras então, expressamente proibido.
3. Não leia a sinopse. É estranho ir para um filme sem saber nada a respeito da trama, mas é só até você se acostumar. Sinopses muitas vezes entregam detalhes importantes e até mesmo descrevem erroneamente um filme. Ver "no escuro" é tão mais interessante, pois possibilita que você tenha um contato mais natural e direto com o tema trabalhado pelo diretor, e não apenas com a história contada.
4. Conheça o filme pelos nomes. O IMDb está aí para isso. A melhor maneira de se informar sobre um filme é saber quem o fez: o diretor, o roteirista e os atores principais. Se você já conhece os nomes que estão na ficha, não precisa de sinopse ou trailer. Se não conhece, faça uma breve consulta ao currículo deles. Muitas vezes, um nome estranho está associado a filmes conhecidos - e não necessariamente por boas razões.
5. Filtre as notícias de cinema que você lê. Novidades sobre elenco e novos projetos são bacanas, mas muitas vezes uma participação especial que seria surpresa acaba sendo revelada meses antes de um filme ficar pronto. Sem falar que várias vezes o enredo é detalhado em excesso pelos sites de notícias, porque eles têm acesso a roteiros não-finalizados, descrições enviadas a agências de casting, sem falar que os próprios estúdios divulgam mais do que devem nos press-releases. Notícias de celebridades são legais às vezes, sim, não se culpe. Mas acompanhá-las todos os dias pode acabar fazendo com que assuntos da vida pessoal de atores ou cineastas, que nada têm a ver com o trabalho deles, influenciem a sua opinião sobre o que efetivamente está na tela.
10 comentários:
Ei Renato, você gosta de Arcade Fire ?
então veja isso: http://www.youtube.com/watch?v=Pyp34v6Lmcc
suas observações sobre Inception na parte de comentários estão ótimas, são uma perfeita continuação do seu texto.
Sou ainda mais radical que você, faço isso tanto para filmes quanto para episódios de séries de TV.
Inception/A Origem, por exemplo, fui sem saber nada do filme, só dias antes da estréia dei de cara com algumas manchetes que diziam se tratar de um ladrão de sonhos - o que já foi o bastante pra me irritar.
E isso só aconteceu porque demorou pra estrear aqui em relação aos EUA.
Deu tão certo que me surpreendi quando apareceram Ken Watanabe e Ellen Page no filme.
Estava com a Empire, que assino, com Inception na capa fechada em casa esperando eu ver o filme antes.
Desde que matei o final de O Sexto Sentido no trailer do filme (havia uma cena, cortada do filme, que mostrava o Bruce Willis atravessando uma rua e um carro passando sem desacelerar - imediatamente concluí que ele estava morto) não vejo mais trailer algum.
Nos cinemas inclusive fecho os olhos e fico ouvindo música durante os traileres pra não ser surpreendido - para eterna vergonha da namorada.
Assim que um filme em produção me chama atenção paro de ler qualquer coisa sobre ele.
Fui ver "O Segredo dos Seus Olhos" sem saber se era comédia, ação, romance, policial ou o que quer que seja.
Qualquer filme fica muito melhor assim.
Eu entendo a preocupação e estas regras que o Renato coloca, mas eu não as sigo religiosamente até porque tudo é muito relativo e subjetivo. Eu, por exemplo, evito ler críticas de filmes que quero ver antes de vê-lo. Porém, se é sobre um filme que não tenho muito interesse, eu leio. E não tenho como mensurar o quanto essa leitura antecipada prejudica a experiência até pq acabo vendo-o 1 mês, 6 meses, 1 ano depois e a experiência em si acaba sendo nova, sem qualquer tipo de afetação.
Eu adoro ver trailers e vejo-os constantemente. E novamente as impressões do filme afetadas por isso não é possível de se mensurar, é tudo muito relativo e subjetivo.
Não dá pra colocar a experiência cinematográfica e o filme dentro de uma cartilha. Essas regras funcionam ou não, funcionam em parte, mais pro sim ou para o não, nada é certeiro, por isso prefiro não seguir regra nenhuma. Comporte-se diante daquele filme da maneira que você julgar pertinente: se quiser ver o trailer, veja; se não quiser ver não veja; quer ler a crítica antes, leia; não quer, não leia. E por aí vai.
Eu também tomo umas certas medidas em relação aos filmes que pretendo assistir.
1. Não ver trailers
Esse é o principal, tenho uma memória fotográfica e na hora de assistir o filme lembro de tudo que foi exibido no trailer.
Além de revelar boa parte da história (spoilers), também revela geralmente as melhores cenas de ação, piadas, etc
Então assim como outro já falou, costumo fechar os olhos e ouvidos durante os trailers no cinema (mas só quando já sei qual filme é e se ja planejo assistir. Costumo descobrir nos primeiros segundos mesmo sem nunca ter visto).
2 - Não leio criticas antes de ver o filme.
Mas vejo as notas dadas pelos criticos que admiro, além de ler um pouco comentários gerais sobre a analise (mas as vezes me arrependo com isso)
3 - Evito ler algumas noticias de determinados filmes, principalmente as que falam sobre cenas ou história do filme
Maravilha o videoclipe, Caio. Valeu pelo link!
Não é clipe oficial, certo?
Arcade Fire é uma banda que estou querendo conhecer mais de perto.
[]s.
Cara, adorei seu post! Você responderia umas perguntas que eu lhe mandasse que servirão de base para o meu TCC sobre a relação blogs e crítica cinematográfica? Estou mapeando alguns blogs como o seu para registrar opiniões.
Realmente o caráter de surpresa nos filmes parece ser coisa do passado. Quem tentou reavivar isso recentemente foi o Scorcese no Os Infiltrados, jogando com a plateia e não dizendo de cara quem era o traidor e quem era o policial infiltrado.
Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com
Um dos melhores posts que você já fez. Assino embaixo.
Um forte abraço.
Há anos sigo religiosamente as regras nº1 e 3, e dá muito certo; realmente assim é possível preservar um pouco do fator surpresa e da "virgindidade" da experiência cinematográfica, algo difícil hoje em dia!
Eu já faço um pouco isso, de evitar informações demais, sobre determinado filme que quero ver. Embora nem sempre resista.
Estou tentando com "A Origem (Inception)", não me informar demais. Por exemplo, ainda não li sua crítica/analise, e nem a do Pablo, e nem de nenhuma outra fonte, que costumo ler na internet. Engraçado, só agora me dei conta, que, atualmente só leio sobre cinema/criticas, em sites/paginas da internet. Há uns tempos atrás lia em jornais, revistas (hj só as versões online), e até livros sobre o assunto. Atualmente minha fonte é só internet. :)... mudanças de hábitos, provocadas pela internet.
Muito embora, como já disse antes, uma crítica sobre um filme, pode me despertar o interesse em um filme, mas o contrário, tirar o interesse, não. Se alguma obra me interessa, por qualquer motivo (o diretor, o ator, o assunto/tema, até o 'hype" em cima da obra, etc), vou ve-lo mesmo que os críticos que gosto e que em geral tem gostos parecidos com os meus, ou amigos, inimigos :), etc, digam que não presta.
xlucas
http://womni.blogspot.com
5. Filtre as notícias de cinema que você lê.
Em relação a vida pessoal dos artistas; sempre consegui separar o homem/mulher do artista e sua obra/arte.
O fato do artista ser um ser desprezível (ou parecer ser, de acordo com a pouco confiável 'mídia"), não influencia a minha percepção, gosto, pela sua obra (ao menos acho que não... sei lá se inconscientemente afeta, né).
Caso recente é o do Mel Gibson, que tem se revelado aparentemente um crápula, mas do qual não perco um trabalho e em geral gosto muito. Como pessoa pode ser desprezível, mas como artista me agrada muito.
xlucas
http://womni.blogspot.com
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