Filmes de espionagem envolvendo a Guerra Fria são produzidos desde 1962, quando Sean Connery estreou no papel de James Bond em “007 Contra o Satânico Dr. No”. Mas mesmo depois do fim da tensão entre Rússia e Estados Unidos, o cinema, principalmente o de ação, continuou a se apoiar nesse período da história para mexer com a imaginação da plateia. Afinal, haverá ainda uma conspiração entre os governos russo e americano para retomar a ameaça de uma guerra atômica?
É partindo dessa premissa que “Salt” chega às telas. A direção é de Phillip Noyce, que estava afastado das grandes produções de Hollywood desde 1999, quando foi lançado o suspense “O Colecionador de Ossos”, que marcou a primeira parceria do cineasta com Angelina Jolie, aqui novamente sua atriz principal. Noyce já havia feito outros dois bem sucedidos thrillers de espionagem nos anos 90. Todos devem se lembrar de “Perigo Real e Imediato” e “Jogos Patrióticos”, ambos estrelados por Harrison Ford no papel do agente da CIA Jack Ryan, dos livros de Tom Clancy. Agora, o material com que Noyce trabalha é original: a espiã vivida por Jolie é uma criação do roteirista Kurt Wimmer ("Equilibrium", "Thomas Crown - A Arte do Crime", "O Novato", mas também "Ultravioleta" e "Código de Conduta"). E, curiosamente, a personagem seria um homem. O papel foi escrito primeiro para Tom Cruise interpretar, mas como ele não aceitou (sendo que também viveria um espião em outro filme lançado quase simultaneamente, "Encontro Explosivo"), foi feita uma adaptação para que Jolie pudesse ser a protagonista.
Se um homem poderia atuar perfeitamente em várias das cenas de ação ininterrupta de “Salt”, em outros momentos podemos perceber claramente as mudanças feitas no texto, como a cena em que a personagem recorre a um absorvente feminino para estancar o sangue de um ferimento. Aliás, isso de usar objetos do dia-a-dia em situações de emergência é só um dos elementos de "Salt" que remetem aos filmes da trilogia “Bourne” - que também lida com um espião perseguido pela própria agência devido a problemas envolvendo sua verdadeira identidade. Ou seja: sobra pouca originalidade no material escrito por Wimmer no fim das contas.
Outra característica que lembra os filmes "Bourne" é o próprio estilo adotado por Noyce, que assim como Paul Greengrass utiliza cortes rápidos nas cenas de ação, movimentos frenéticos com a câmera e tomadas feitas bastante próximas da ação. Felizmente, Noyce sabe como dirigir dessa maneira e o resultado é satisfatório, embora não apresente um diferencial. Na verdade, o cineasta cai em vícios do gênero, como recorrer à já manjada trilha de batimentos cardíacos em um momento em que a protagonista se vê num momento de tensão. Mesmo assim, “Salt” se sai como diversão escapista acima da média oferecida na já restrita programação dos multiplexes em período de férias.
Salt (2010, EUA)
direção: Phillip Noyce; roteiro: Kurt Wimmer; fotografia: Robert Elswit; montagem: Stuart Baird, John Gilroy, Steven Kemper; música: James Newton Howard; produção: Lorenzo di Bonaventura, Sunil Perkash; com: Angelina Jolie, Liev Schreiber, Chiwetel Ejiofor, Daniel Olbrychski, August Diehl; estúdio: Columbia Pictures, Relativity Media, Di Bonaventura Pictures, Wintergreen Productions; distribuição: Sony Pictures. 100 min
É partindo dessa premissa que “Salt” chega às telas. A direção é de Phillip Noyce, que estava afastado das grandes produções de Hollywood desde 1999, quando foi lançado o suspense “O Colecionador de Ossos”, que marcou a primeira parceria do cineasta com Angelina Jolie, aqui novamente sua atriz principal. Noyce já havia feito outros dois bem sucedidos thrillers de espionagem nos anos 90. Todos devem se lembrar de “Perigo Real e Imediato” e “Jogos Patrióticos”, ambos estrelados por Harrison Ford no papel do agente da CIA Jack Ryan, dos livros de Tom Clancy. Agora, o material com que Noyce trabalha é original: a espiã vivida por Jolie é uma criação do roteirista Kurt Wimmer ("Equilibrium", "Thomas Crown - A Arte do Crime", "O Novato", mas também "Ultravioleta" e "Código de Conduta"). E, curiosamente, a personagem seria um homem. O papel foi escrito primeiro para Tom Cruise interpretar, mas como ele não aceitou (sendo que também viveria um espião em outro filme lançado quase simultaneamente, "Encontro Explosivo"), foi feita uma adaptação para que Jolie pudesse ser a protagonista.
Se um homem poderia atuar perfeitamente em várias das cenas de ação ininterrupta de “Salt”, em outros momentos podemos perceber claramente as mudanças feitas no texto, como a cena em que a personagem recorre a um absorvente feminino para estancar o sangue de um ferimento. Aliás, isso de usar objetos do dia-a-dia em situações de emergência é só um dos elementos de "Salt" que remetem aos filmes da trilogia “Bourne” - que também lida com um espião perseguido pela própria agência devido a problemas envolvendo sua verdadeira identidade. Ou seja: sobra pouca originalidade no material escrito por Wimmer no fim das contas.
Outra característica que lembra os filmes "Bourne" é o próprio estilo adotado por Noyce, que assim como Paul Greengrass utiliza cortes rápidos nas cenas de ação, movimentos frenéticos com a câmera e tomadas feitas bastante próximas da ação. Felizmente, Noyce sabe como dirigir dessa maneira e o resultado é satisfatório, embora não apresente um diferencial. Na verdade, o cineasta cai em vícios do gênero, como recorrer à já manjada trilha de batimentos cardíacos em um momento em que a protagonista se vê num momento de tensão. Mesmo assim, “Salt” se sai como diversão escapista acima da média oferecida na já restrita programação dos multiplexes em período de férias.
Salt (2010, EUA)
direção: Phillip Noyce; roteiro: Kurt Wimmer; fotografia: Robert Elswit; montagem: Stuart Baird, John Gilroy, Steven Kemper; música: James Newton Howard; produção: Lorenzo di Bonaventura, Sunil Perkash; com: Angelina Jolie, Liev Schreiber, Chiwetel Ejiofor, Daniel Olbrychski, August Diehl; estúdio: Columbia Pictures, Relativity Media, Di Bonaventura Pictures, Wintergreen Productions; distribuição: Sony Pictures. 100 min
1 comentários:
Concordo com praticamente tudo o que você disse. Porém, me incomodou demais a intenção dos produtores em criar uma franquia, deixando, dessa maneira, um final bem sem-vergonha.
Mas, realmente, até que deu pra divertir.
Um forte abraço.
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