Atividade Paranormal

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 15 dezembro 2009


  • O lançamento de "Atividade Paranormal" em 2009 é mais do que uma coincidência com o aniversário de 10 anos de "A Bruxa de Blair". É a prova da capacidade dos marketeiros de Hollywood em persuadir audiências e do público em ser influenciado. É o triunfo de uma fórmula comercial que vem dando certo há uma década: gasta-se pouco com o produto; investe-se em marketing viral e boca-a-boca; e o lucro equivale a múltiplas vezes o valor da despesa total. É bom para indústria, sem dúvida. Mas se a publicidade acompanha a evolução tecnológica (não existia You Tube quando os diretores de "A Bruxa de Blair" criaram um website para divulgar o filme), o mesmo não pode ser dito sobre a linguagem usada nesse tipo de filme. Na verdade, "Atividade Paranormal" parece ser um passo dado para trás.

    "A Bruxa de Blair" deixa de meter medo depois da segunda vez que você assiste ao filme. "Atividade Paranormal" não mete medo nem na primeira. São 90 minutos que levam a um único grande susto. A não ser que você seja uma pessoa fortemente impressionável, nada mais no filme irá fazer você pular da cadeira, mas acredito que, mesmo o espectador sendo mais sensível, lá pela terceira vez em que a porta do quarto dos protagonistas se mexer sozinha, ele já não ficará assim tão assustado.

    Este talvez seja o principal defeito do longa: os momentos mais "fortes", digamos, acontecem dentro do quarto, com a câmera parada num tripé. Ora: reclama-se que em "A Bruxa de Blair", "[REC]" e "Cloverfield" a movimentação extrema da câmera não nos deixa ver nada. Agora, vemos que o plano estático nos deixa ver tudo e, por isso mesmo, tudo se torna previsível. Ou a porta irá mexer ou o lençol irá levantar ou um barulho virá da escada. Fica fácil assustar assim, jogando algo de diferente na tela depois de tanto tempo de mesmice. E acaba que até mesmo o estilo documental, amador, perde sua aura, já que um detestável efeito sonoro indica a presença da entidade paranormal.

    O ponto é que o diretor Oren Peli investe - e com razão - nos personagens, mas parece não saber como se faz um filme de horror. Seria ótimo se "Atividade Paranormal" dissesse algo, trabalhasse um tema, mas fica claro que a intenção do cineasta é só mesmo levar o espectador para uma volta num Trem Fantasma. Em "A Bruxa de Blair", Daniel Myrick e Eduardo Sánchez fazem as duas coisas: constróem os personagens e suas relações por um tempo até chegarem ao primeiro susto, a partir de onde eles adotam o método Spielberg de pontuar a narrativa com momentos de tensão, em picos de adrenalina que surgem entre intervalos dramáticos. Se você analisar, verá que, mesmo sem levar sustos novamente, "A Bruxa de Blair" é um filme muito bem construído.

    Colocados na balança os sustos e os diálogos entre o casal de atores Katie Featherston e Micah Sloat (que são bastante convincentes), "Atividade Paranormal" lembra mais "Mar Aberto" - o filme de tubarão que frustrou muita gente que esperava por suspense absoluto. No entanto, "Mar Aberto" é inegavelmente superior, já que é um verdadeiro estudo de personagem, coisa que "Atividade Paranormal" não é e não pretende ser.

    nota: 4/10 -- não se culpe por não ver

    Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2009, EUA)
    direção: Oren Peli; roteiro: Oren Peli; montagem: Oren Peli; produção: Jason Blum, Oren Peli; com: Katie Featherston, Micah Sloat, Mark Fredrichs, Ashley Palmer, Amber Armstrong; estúdio: Blumhouse Productions; distribuição: PlayArte. 86 min

    16 comentários:

    Ivan Bender disse...

    Mesmo não concordando em nada com esta crítica, ela é ótima. Muito bem embasada. Parabéns.

    P.S. Gostei do filme e não sou facilmente impressionável. :)

    Fred Burle disse...

    Eu também não concordo em nada com a crítica, apesar de boa.
    Não acho que o diretor tenha querido assustar ninguém, mas sim trabalhar a tensão. Eu fiquei tenso, numa sessão de 10 da manhã, e não sou facilmente impressionável, como o Ivan.
    Enfim, o filme dividiu as opiniões. No meu post, quase saiu briga entre os que comentaram! rsrs
    Abraço, Renato!

    RENATO SILVEIRA disse...

    Sério, Fred? Nem tenso eu fiquei. Acho que é falta de jeito mesmo do cara para fazer filme do gênero. "Quarentena", que é remake do "REC", me deixou mais tenso, e eu já sabia o que ia acontecer.

    []s.

    eu disse...

    tensão? eu ri o filme inteiro
    principalmente a hora em que katie e arrastada hilário

    Pedro Marques disse...

    Finalmente alguém concordou comigo... achei o filme chaaaato pra caramba... não me impressionou em nada, muito pelo contrário, me fez foi ter sono ao invés de tirá-lo. E olhe que minha mãe faleceu faz 2 meses e eu tô morando sozinho na casa...

    Um besteirada sem tamanho e sem sentido... ai, ai, ai.

    Abraços.

    PS: Agora até hoje em dia Bruxa de Blair me dá medo pacas. O.o

    Unknown disse...

    Concordo com a crítica.

    Raquel disse...

    O mais engraçado é que conheço pessoas que caíram direitinho na pegadinha de marketing do filme e estavam areditando que tudo era veridico, inclusive a gravação. Não me aguentei de tanto rir dessas pobres almas.

    lutandoporumacausajusta disse...

    poxa meu esse filme foi o mais real de todos os que eu já olhei em toda a minha vida...ele é muito perfeito

    Caloni disse...

    Com certeza "É a prova da capacidade dos marketeiros de Hollywood em persuadir audiências e do público em ser influenciado". Tanto que muitos odiaram o filme por ele não ser o que se esperava de um filme clássico de terror da década. De certa forma, faz sentido o sentimento de ter sido ludibriado, de ter pago R$ 15,00 para ver um filme sem superefeitos especiais.

    Da mesma forma, a crítica se constrói com o mesmo embasamento do público, que prefere algo parecido com os 500 frames por segundo de Michael Bay e o seus epiléticos Transformers I/II, ou que, tendo-se firmado uma narrativa eficiente como a Bluxa de Blair, não consegue enxergar outras formas de se fazer o medo.

    Bom, assim como é fácil expor o filme ao ridículo sem apresentar argumentos conciliadores, é fácil pré-analisar um filme comparado tão somente aos seus predecessores em forma.

    Nota da crítica: 2/5

    katilaine disse...
    Este comentário foi removido pelo autor.
    katilaine disse...

    A reação das pessoas no cinema quando fui assistir a esse filme contradizem o que você diz no seu texto. É claro que cada um reage a um filme de formas diferentes, mas vamos lá.

    Lembro que no começo as pessoas riam mais do que se assustavam. Eu mesma confesso que dei minhas gargalhadas. Mas com o tempo, com o passar dos sustos, as pessoas começaram a demonstrar medo. Tipo, alguns soltavam gritinhos abafados, outros tampavam o rosto em algumas cenas (eu fui uma). Uma amiga minha segurava a minha mão toda hora de tanto medo que ela sentia.

    Acho que o filme é bem sucedido na expectativa que desperta na gente, e que o mérito aí não é o susto em si (a porta mexendo, lençól levantando... como você falou) mas sim a expectativa, a impressão constante de que alguma coisa de ruim está pra acontecer.

    Bom, é isso.

    Ah, uma amiga minha teria concordado com seu texto. Ela disse que ela e o pai dela praticamente bocejaram durante o filme inteiro.

    Abraços

    Anônimo disse...

    Gosto é igual cu. E o seu tá doce demais.

    Filme fantástico, que recuperou a alma do verdadeiro terror não "sangue-sangue".

    Anônimo disse...

    QUem fala que não deu medo quer ser o "fodão".
    Esses mesmo é que as pregas piscam.

    RENATO SILVEIRA disse...

    Prezado Anônimo, se para você "gosto é igual cu", respeite o meu, que respeito o seu.

    []s.

    timewillcome disse...

    Detestável.
    Dizer algo mais que isso sobre esta porcaria, com certeza será um elogio.

    Anônimo disse...

    Finalmente alguém que possui alcance real da proposta do filme até aqui só vi a crítica pretenciosa de amantes de RPGs, mangas, folclores e contos da crípta que curtem filmes de terror baseados em video-games ou folclore e lendas seja algo completamente oriundo da fantasia, imaginação e efeitos especiais com ou sem visceras tse, tse isso tudo não me assusta desde os 8 anos de idade é a fuga absoluta daquilo q pode tangenciar a realidade... pelo crítica ele demonstra que risca do convívio social qualquer amigo ou ente querido que esteja em tratamento psiquiatrico por sindrome do pânico,esquisofrenia ou bipolaridade e faça uso de medicação tarja-preta pra se tornar sociavel prefere ter medo do fruto da imaginação de terceiros e que seja fantasia com efeitos visuais o medo real ele nem de longe quer sentir largue de lado o seu tédio enfadonho e vá a um sanatório ver de perto o que vc tem que ter medo la estão encerrados química e ou em cárcere algumas pessoas que tiveram intimidade com o medo do qual vc não alcança por isso sua crítica é tão futil e superficial não tem conhecimento de causa... largue seu tabuleiro de RPG e vá la sentir a adrenalida de quem não sabe mais a diferença do real e do além e veja como a sociedade lida com o que vc escarnece não conhece e não compreende castra quimicamente ou do convívio social esse é o medo que vc desconhece e mantem afastado por isso não alcança a proposta do filme que é uma obra de ficção sem dúvida (3 finais alternativos) mas faz vc refletir sobre as portas que abre... afinal pode estar morando ao seu lado... na pessoa com quem vc convive ou ira conviver afinal dependência química (drogas) vícios e insanidade são portas que te jogam na mão do desconhecido e quando vc se da conta esta dentro de um pesadelo... aceite o desafio o medo real é mais apavorante do que o fruto da imaginação de terceiros faça um laboratório pessoal antes de querer formar a opinião dos outros com críticas superficiais de "contos da crípta" afinal quantos orçamentos $ 15.000,00 no cinema mundial conseguem atravessar continentes e obter notoriedade vc pode relacionar? nos últimos 50 anos? é sinal que as pessoas tem sede de preencher esse vazio sem resposta esse é o segredo da popularidade e não tão somente a histeria mídiática um filme de meias verdades... e muito intrigante... meche com suas crenças, verdades, medos e ceticismo...
    joga na sua cara as pessoas que vc ignora mas estão aí... em tratamento ou não ...
    esperimente desafie, escarneça e tripudie do que vc não compreende e filme o seu quarto durante 6 meses ... enquanto vc dorme e poste aqui... se possivel observe o seu dia-a-dia... essa é a proposta.

     
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