Em certo momento de “This Is It”, Michael Jackson aparece inserido digitalmente entre os fotogramas do clássico “No Silêncio da Noite”, de 1950, dirigido por Nicholas Ray, e também de “Gilda”, de 1946, que tem direção de Charles Vidor. Ali, o cantor contracena virtualmente com Humphrey Bogart e Rita Hayworth, sem saber que, alguns meses depois das filmagens, ele se juntaria àqueles astros na imortal galeria de ícones gerados pela indústria do entretenimento.
A sequência toda dura dois ou três minutos que nada mais são do que outro exemplo do bom gosto do artista pela sétima arte, já demonstrado tantas vezes em seus videoclipes. Aliás, tanto pela escolha dos filmes citados quanto pelo figurino usado por Michael Jackson nessas cenas, temos a impressão de estarmos diante de uma continuação do clipe da música “Smooth Criminal”, no qual o cantor já havia homenageado os filmes noir.
As cenas com Jackson fugindo dos tiros disparados por Bogart foram criadas para ser exibidas em um telão no fundo do palco daquela que seria a derradeira turnê do Rei do Pop. Como a série de 50 shows em Londres teve que ser cancelada devido à morte de Michael, em 25 de junho deste ano, as cenas foram aproveitadas para este pseudo-documentário. Cenas, aliás, que são o mais próximo que “This Is It” chega de ser algo parecido com cinema, já que todo o resto não passa de uma colcha de retalhos.
Kenny Ortega – que possui passado duvidoso atrás das câmeras, tendo como suas “maiores experiências” os filmes do “High School Musical” – toma para si o crédito de diretor de “This Is It”. Mas eu pergunto: ele efetivamente dirigiu a filmagem das cenas que vemos na tela? Não, ele não dirigiu. Simplesmente porque 90% do que vemos são imagens que foram gravadas para uso próprio de Michael Jackson e para sua equipe analisar e acertar detalhes do show. Em nenhum momento as cenas em que Michael ensaia seu repertório com os dançarinos e a banda foram feitas para ser exibidas numa tela de cinema. Ortega dirigiu o espetáculo, o que é muito diferente de dirigir um filme. Ele pode até ter dito onde os câmeras deveriam se posicionar, mas mesmo assim ele estava orientando a filmagem de qualquer outra coisa: a transmissão televisiva, a gravação do DVD ou mesmo as imagens que seriam projetadas em telões ao lado do palco. Tudo, menos um filme para cinema.
Sem diretor, “This Is It” é apenas a organização das imagens de ensaio e de bastidores para ter como resultado um filme-concerto mal ajambrado (é perfeitamente percecptível a troca de fonte das imagens, algumas gravadas em baixa resolução), no qual os fãs de Michael podem ver as últimas performances do ídolo. Aliás, o próprio Ortega se encarrega de dizer, em um letreiro inicial, que o filme é dedicado aos fãs, na tentativa de se eximir de críticas negativas. Pois bem, o show – ou o que seria o show – está lá, e qualquer pessoa que goste das músicas de Michael Jackson, como eu, vai sentir satisfação ao ouvir novamente os clássicos do artista, mesmo que eles não sejam interpretados em sua plenitude pelo cantor, que evidentemente se poupa para guardar as energias para a turnê. Mas eu não sou crítico de dança, nem crítico de música. Sou crítico de cinema e, como tal, tenho que ser sincero com meus olhos. E “This Is It” é tudo, menos um filme honesto. A memória e a história de Michael Jackson merecem todo o respeito que esse empreendimento caça-níqueis não merece, já que foi feito exclusivamente para arrancar mais dinheiro dos fãs – que certamente irão comprar o DVD depois de pagarem pelo ingresso.
Este filme é um acidente, assim como foi a morte de Michael.
A sequência toda dura dois ou três minutos que nada mais são do que outro exemplo do bom gosto do artista pela sétima arte, já demonstrado tantas vezes em seus videoclipes. Aliás, tanto pela escolha dos filmes citados quanto pelo figurino usado por Michael Jackson nessas cenas, temos a impressão de estarmos diante de uma continuação do clipe da música “Smooth Criminal”, no qual o cantor já havia homenageado os filmes noir.
As cenas com Jackson fugindo dos tiros disparados por Bogart foram criadas para ser exibidas em um telão no fundo do palco daquela que seria a derradeira turnê do Rei do Pop. Como a série de 50 shows em Londres teve que ser cancelada devido à morte de Michael, em 25 de junho deste ano, as cenas foram aproveitadas para este pseudo-documentário. Cenas, aliás, que são o mais próximo que “This Is It” chega de ser algo parecido com cinema, já que todo o resto não passa de uma colcha de retalhos.
Kenny Ortega – que possui passado duvidoso atrás das câmeras, tendo como suas “maiores experiências” os filmes do “High School Musical” – toma para si o crédito de diretor de “This Is It”. Mas eu pergunto: ele efetivamente dirigiu a filmagem das cenas que vemos na tela? Não, ele não dirigiu. Simplesmente porque 90% do que vemos são imagens que foram gravadas para uso próprio de Michael Jackson e para sua equipe analisar e acertar detalhes do show. Em nenhum momento as cenas em que Michael ensaia seu repertório com os dançarinos e a banda foram feitas para ser exibidas numa tela de cinema. Ortega dirigiu o espetáculo, o que é muito diferente de dirigir um filme. Ele pode até ter dito onde os câmeras deveriam se posicionar, mas mesmo assim ele estava orientando a filmagem de qualquer outra coisa: a transmissão televisiva, a gravação do DVD ou mesmo as imagens que seriam projetadas em telões ao lado do palco. Tudo, menos um filme para cinema.
Sem diretor, “This Is It” é apenas a organização das imagens de ensaio e de bastidores para ter como resultado um filme-concerto mal ajambrado (é perfeitamente percecptível a troca de fonte das imagens, algumas gravadas em baixa resolução), no qual os fãs de Michael podem ver as últimas performances do ídolo. Aliás, o próprio Ortega se encarrega de dizer, em um letreiro inicial, que o filme é dedicado aos fãs, na tentativa de se eximir de críticas negativas. Pois bem, o show – ou o que seria o show – está lá, e qualquer pessoa que goste das músicas de Michael Jackson, como eu, vai sentir satisfação ao ouvir novamente os clássicos do artista, mesmo que eles não sejam interpretados em sua plenitude pelo cantor, que evidentemente se poupa para guardar as energias para a turnê. Mas eu não sou crítico de dança, nem crítico de música. Sou crítico de cinema e, como tal, tenho que ser sincero com meus olhos. E “This Is It” é tudo, menos um filme honesto. A memória e a história de Michael Jackson merecem todo o respeito que esse empreendimento caça-níqueis não merece, já que foi feito exclusivamente para arrancar mais dinheiro dos fãs – que certamente irão comprar o DVD depois de pagarem pelo ingresso.
Este filme é um acidente, assim como foi a morte de Michael.
nota: 2/10 -- não se culpe por não ver (a não ser que você seja um fã)
This Is It (2009, EUA)
direção: Kenny Ortega; música: Michael Bearden; produção: Paul Gongaware, Kenny Ortega, Randy Phillips, Robb Wagner; com: Michael Jackson; estúdio: Columbia Pictures, The Michael Jackson Company, AEG Live, Stimulated; distribuição: Sony Pictures. 121 min
direção: Kenny Ortega; música: Michael Bearden; produção: Paul Gongaware, Kenny Ortega, Randy Phillips, Robb Wagner; com: Michael Jackson; estúdio: Columbia Pictures, The Michael Jackson Company, AEG Live, Stimulated; distribuição: Sony Pictures. 121 min
2 comentários:
Putz Renato... por pouco vc não jogou pedra na tela, hein!? :>).
Bem, eu assisti cego pela paixão que tenho por Michael Jackson... e gostei de ver (embora triste) suas últimas performances.
E sim, vou comprar o DVD, baixar o .avi, o .mkv, etc... fazer o que, fã, quer ter tudo do seu ídolo, né :>) , esse é o tipo de arapuca que fã em geral, acaba caindo, mesmo. enfim!
xlucas
http://womni.blogspot.com
P.S. Escrevi sobre "This is it", em meu blog, se animar (e tiver coragem :>) ), dá uma lida lá.
Nunca fui fã desesperada, porém sempre gostei muito das musicas de MJ. Assisti acidentalmente o "filme" no domingo e senti uma grande nostalgia. Que pena q ele morreu pq astro espetacular como ele, dificilmente veremos. Ele era perfeito na arte de fazer musicas, cantar, dançar, etc, q até esquecemos as bobagens que ele fez (ou não fez?...)
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