“Se Beber, Não Case” é um novo ponto alto na carreira do diretor Todd Phillips, que desde “Dias Incríveis”, de 2003, não fazia um filme tão divertido. Narrando uma história que se revela uma semiparódia de filme noir, o cineasta retoma a fórmula do dude flick e do road movie – que ele já havia explorado em “Caindo na Estrada” (2000). Essa mistura a princípio estranha de subgêneros, aliada ao acerto na escolha dos atores, resulta em um longa que faz rir com um humor que não chega a ser plenamente escatológico, mas que também toma certa distância de qualquer refinamento ou intelecto. É comédia física e de tiradas, besta e cativante.
Há também, no cinema de Phillips, um cuidado com a imagem pouco comum em um gênero enlatado pelo cinema americano. Primeiro, pela consciência de Phillips em não tentar emular o estilo noir apesar da estrutura do roteiro, que segue a jornada de mistério, perigos e surpresas feita por três caras que tentam desvendar o sumiço do amigo que está para se casar. O cineasta mantém o padrão de filmagem de seus trabalhos anteriores, nos quais já demonstrava ser um dos diretores de comédias mainstream que melhor sabe enquadrar hoje em dia, usando bem a largura da tela, de forma nada gratuita, mesmo trabalhando com diferentes diretores de fotografias a cada projeto. Phillips não engessa seu estilo com firulas, o que lhe deixa aberto o caminho para por na tela citações das mais variadas, desde referências a “Jornada nas Estrelas”, “Curtindo a Vida Adoidado” e “Mulher-Gato” (!) ao remake exato de uma famosa tomada de “Cassino”, de Martin Scorsese, rodada no deserto próximo a Las Vegas.
Phillips filma melhor que Judd Apatow, e talvez até melhor que os irmãos Farrelly, para citar cineastas que trabalham com um tipo de humor parecido. E por falar nisso, é um alívio ver que “Se Beber, Não Case” é uma comédia que não parece ser mais um produto da Apatow Produções. É claro que é um “bromance” na tradição do que Apatow e sua trupe fazem, mas Phillips tem uma pegada mais autêntica, bem diferente do que John Hamburg faz em “Eu Te Amo, Cara”, por exemplo. Creio que, além da imagem mais bem cuidada, essa diferença recai no modo como Phillips lida com o roteiro: não existem aqui cenas isoladas de piadas em que o humor é puramente baseado em diálogos ou na improvisação dos atores. Phillips realmente parece mais preocupado na forma como uma cena engraçada será vista do que escutada pela platéia. E como o roteiro não é dele – embora certamente tenha feito ajustes, já que o retrospecto de Jon Lucas e Scott Moore não os favorece (“A Hora da Virada”, “Surpresas do Amor”, “Minhas Adoráveis Ex-namoradas”) – o diretor não deve ter se rendido a vaidades e se concentrou em decupar e filmar.
Outro fator que afasta a lembrança de Apatow é o elenco principal ser formado por atores que não costumamos ver em nove de cada dez comédias que entram em cartaz no ano. À exceção de Bradley Cooper, que já é um pouco mais conhecido hoje, os outros quase não fazem papéis de destaque. Ed Helms (do seriado “The Office”) é o que mais se destaca, pelo timing e por fazer um humor físico muito bom. O mesmo pode ser dito de Zach Galifianakis (“Jogo de Amor em Las Vegas”) que faz rir pelo bom uso da postura desleixada de seu personagem. Sem falar que é genial o que Phillips faz com Justin Bartha, que acaba se tornando quase um McGuffin, um pretexto para a trama acontecer.
Há também, no cinema de Phillips, um cuidado com a imagem pouco comum em um gênero enlatado pelo cinema americano. Primeiro, pela consciência de Phillips em não tentar emular o estilo noir apesar da estrutura do roteiro, que segue a jornada de mistério, perigos e surpresas feita por três caras que tentam desvendar o sumiço do amigo que está para se casar. O cineasta mantém o padrão de filmagem de seus trabalhos anteriores, nos quais já demonstrava ser um dos diretores de comédias mainstream que melhor sabe enquadrar hoje em dia, usando bem a largura da tela, de forma nada gratuita, mesmo trabalhando com diferentes diretores de fotografias a cada projeto. Phillips não engessa seu estilo com firulas, o que lhe deixa aberto o caminho para por na tela citações das mais variadas, desde referências a “Jornada nas Estrelas”, “Curtindo a Vida Adoidado” e “Mulher-Gato” (!) ao remake exato de uma famosa tomada de “Cassino”, de Martin Scorsese, rodada no deserto próximo a Las Vegas.
Phillips filma melhor que Judd Apatow, e talvez até melhor que os irmãos Farrelly, para citar cineastas que trabalham com um tipo de humor parecido. E por falar nisso, é um alívio ver que “Se Beber, Não Case” é uma comédia que não parece ser mais um produto da Apatow Produções. É claro que é um “bromance” na tradição do que Apatow e sua trupe fazem, mas Phillips tem uma pegada mais autêntica, bem diferente do que John Hamburg faz em “Eu Te Amo, Cara”, por exemplo. Creio que, além da imagem mais bem cuidada, essa diferença recai no modo como Phillips lida com o roteiro: não existem aqui cenas isoladas de piadas em que o humor é puramente baseado em diálogos ou na improvisação dos atores. Phillips realmente parece mais preocupado na forma como uma cena engraçada será vista do que escutada pela platéia. E como o roteiro não é dele – embora certamente tenha feito ajustes, já que o retrospecto de Jon Lucas e Scott Moore não os favorece (“A Hora da Virada”, “Surpresas do Amor”, “Minhas Adoráveis Ex-namoradas”) – o diretor não deve ter se rendido a vaidades e se concentrou em decupar e filmar.
Outro fator que afasta a lembrança de Apatow é o elenco principal ser formado por atores que não costumamos ver em nove de cada dez comédias que entram em cartaz no ano. À exceção de Bradley Cooper, que já é um pouco mais conhecido hoje, os outros quase não fazem papéis de destaque. Ed Helms (do seriado “The Office”) é o que mais se destaca, pelo timing e por fazer um humor físico muito bom. O mesmo pode ser dito de Zach Galifianakis (“Jogo de Amor em Las Vegas”) que faz rir pelo bom uso da postura desleixada de seu personagem. Sem falar que é genial o que Phillips faz com Justin Bartha, que acaba se tornando quase um McGuffin, um pretexto para a trama acontecer.
nota: 8/10 -- vale o ingresso
Se Beber, Não Case (The Hangover, 2009, EUA/Alemanha)
direção: Todd Phillips; roteiro: Jon Lucas, Scott Moore; fotografia: Lawrence Sher; montagem: Debra Neil-Fisher; música: Christophe Beck; produção: Daniel Goldberg, Todd Phillips; com: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Heather Graham, Sasha Barrese, Jeffrey Tambor, Ken Jeong, Rachael Harris, Mike Tyson, Mike Epps; estúdio: Warner Bros. Pictures, Legendary Pictures, Green Hat Films, IFP Westcoast; distribuição: Warner Bros. 100 min
direção: Todd Phillips; roteiro: Jon Lucas, Scott Moore; fotografia: Lawrence Sher; montagem: Debra Neil-Fisher; música: Christophe Beck; produção: Daniel Goldberg, Todd Phillips; com: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Heather Graham, Sasha Barrese, Jeffrey Tambor, Ken Jeong, Rachael Harris, Mike Tyson, Mike Epps; estúdio: Warner Bros. Pictures, Legendary Pictures, Green Hat Films, IFP Westcoast; distribuição: Warner Bros. 100 min
13 comentários:
vai rolar crítica do JCVD ?
Getúlio,
Citando a trilha de "Curtindo a Vida Adoidado": "Oh yeah!"
[]s
Fora do topico:
é que queria sugerir uma pauta sobre as proporçoes (formato das telas) dos filmes. vc não acha que tem filmes que sao tao "alongados" que vira quase uma "tripa" em nossas tvs/monitores.
quando tava pra comprar meu monitor fiquei em duvida sobre 16:10 ou 16:9.
Repito abaixo o que postei em um forum e no meu blog. (desculpe o assunto e qualquer besteira, é que ja to quase dormindo, mas quis falar desse assunto)
Pesquisando um pouco pela net e fazendo minhas proprias medições, descobri, que a proporção 16:10 oferece uma área útil maior do que a proporção 16:9.
Alías, eu particularmente, detestei a proporção 16:9, pois se perde área na altura, levando a ter que rolar a página verticalmente, em casos em que no 16:10 já não precisa.
Em 16:9 a tela vira uma "tripa". Ok, que alguns filmes tenham essa proporção e, em tese, se assistiria um filme em tela cheia, toda preenchida, sem faixas pretas; mas no 16:10 pelo que percebi, se veria o filme com o mesmo tamanho que em 16:9, só que surgiriam as faixas pretas, mas no 16:9 elas não aparecem, simplesmente porque foi "cortado" fisicamente um pedaço da tela.
Bem, pode ser que eu tenha apreendido errado as informações que pesquisei, mas, sinceramente prefiro o 16:10, prefiro ter mais tela, do que menos.
Ah! e essas proporções de alguns filmes são praticamente uma "linha". Logo, logo surge um filme proporção 1000:1. Pra se ver toda a tela vai ser necessario virar o pescoço totalmente pra esquerda e depois totalmente pra direita... aff!
xlucas
http://womni.blogspot.com
Concordo com as "comparações" às "Apatow Produções" e concordo com o Ed Helms. Ele realmente é o mais engraçado, sem nunca perder a verdade, mesmo nas situações mais absurdas!!
Valeu pela sugestão, xlucas. Mas já adianto minha opinião: quando um cineasta sabe compor e tem um bom diretor de fotografia ao lado, a proporção 16:9 é inigualável. O scope tem um charme que o diferencia e o torna especial, exclusivo de cinema. A TV é que mal acostumou a maior parte do público. []s.
Gente, por favor alguém sabe me dizer o nome da música que toca quando eles chegam em Las Vegas, é um hip hop. Valeu ... abraços !
Um filme de comédia bem lúcido, e extremamente engraçado. Vale a pena!
A melhor comédia do ano.
por favor qual são os nomes das musicas de hip hop que toca quando chega em las vegas ?
Quando penso em comédia me vem na cabeça DUPLEX ... Se beber não case é mais uma comédia descartável.
Can't Tell Me Nothing
é o nome da musica que toca quando eles chegam em las vegas :D
T.I. - Live Your Life (Feat. Rihanna)
qual é o nome da musica que toca quando eles estão em cima do predio brindando? é estilo hip hop
qual é o nome da musica que toca quando eles estão em cima do predio brindando? é estilo hip hop
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