Filme de prazeres estranhos, a estreia do ator Mateus Nachtergaele na direção possui uma estética muito apurada, planos estudados, imagens atraentes. Mas são imagens de uma gente bruta, suja - não no sentido repugnante, mas do estranhamento mesmo frente aos padrões que vigoram na sociedade urbana.
Ali é mato, terra, água, insetos misturados a sangue, suor, carne, epitélios, regidos por um transe coletivo que leva ao evento que celebra a putrefação.
É curiosa essa relação que o filme estabelece, porque ao mesmo tempo em que versa sobre a morte, sente-se que há ali vida pulsante. É onde surge outro prazer, o interno, que vemos aqueles personagens sentirem no saciar da fome, no gozo incestuoso, na arritmia da dança dos rapazes, na música brega das Trigêmeas Espaciais, na catarse religiosa.
"A Festa da Menina Morta" é poesia suja, que remete imediatamente ao cinema de Cláudio Assis, mas sem a repulsa. A força e o magnetismo do filme estão no choque, guiado pela câmera-pena de Nachtergaele, da nossa cultura com aquela, tão sincrética e tão particular. Ali, o homem é bicho.
Ali é mato, terra, água, insetos misturados a sangue, suor, carne, epitélios, regidos por um transe coletivo que leva ao evento que celebra a putrefação.
É curiosa essa relação que o filme estabelece, porque ao mesmo tempo em que versa sobre a morte, sente-se que há ali vida pulsante. É onde surge outro prazer, o interno, que vemos aqueles personagens sentirem no saciar da fome, no gozo incestuoso, na arritmia da dança dos rapazes, na música brega das Trigêmeas Espaciais, na catarse religiosa.
"A Festa da Menina Morta" é poesia suja, que remete imediatamente ao cinema de Cláudio Assis, mas sem a repulsa. A força e o magnetismo do filme estão no choque, guiado pela câmera-pena de Nachtergaele, da nossa cultura com aquela, tão sincrética e tão particular. Ali, o homem é bicho.
nota: 8/10 -- vale o ingresso
A Festa da Menina Morta (2009, Brasil)
direção: Matheus Nachtergaele; roteiro: Matheus Nachtergaele, Hilton Lacerda; fotografia: Lula Carvalho; montagem: Cao Guimarães, Karen Harley; música: Matheus Nachtergaele; produção: Vânia Catani; com: Daniel de Oliveira, Jackson Antunes, Dira Paes, Juliano Cazarré, Paulo José, Cássia Kiss; estúdio: Bananeira Filmes; distribuição: Imovision. 110 min
direção: Matheus Nachtergaele; roteiro: Matheus Nachtergaele, Hilton Lacerda; fotografia: Lula Carvalho; montagem: Cao Guimarães, Karen Harley; música: Matheus Nachtergaele; produção: Vânia Catani; com: Daniel de Oliveira, Jackson Antunes, Dira Paes, Juliano Cazarré, Paulo José, Cássia Kiss; estúdio: Bananeira Filmes; distribuição: Imovision. 110 min
4 comentários:
Espero que o filme seja tão bom quanto o post.
Cumpadre, este é, sem dúvida, um dos melhores posts que eu já li aqui (junto com a sua crítica do "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal"). Parabéns.
hummm , interessante essas observações sobre esse filme , mas achei a critica curta demais.
Já viste o trailer de 2012 do Roland Emmerich ??? nossa , parece ser o filme definitivo sobre o apocalipse , visualmente falando claro. Já o roteiro...
Obrigado, Fred e Guilherme.
Caio, escrevi sem pensar em fazer uma crítica analítica. São mais pensamentos, observações... O que não deixa de ser crítica também, né?
Quanto ao tamanho, sempre varia... Mas, como eu disse, não é uma análise.
[]s.
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