O terror psicológico e fantástico de "O Nevoeiro" encontra a temática da ameaça ambiental de "Fim dos Tempos" (e também o terror psicológico!) nesta produção independente dirigida pelo ator Larry Fessenden (que esteve em "Valente" e "Vivendo no Limite", entre outros).
Já no fim dos anos 70, Fessenden se arriscava em curtas-metragens, mas foi somente a partir de 1991, com "No Telling", que ele passou a investir seus dons no comando da câmera no cinema de horror. "Colapso no Ártico" é um dos poucos, senão o único longa dele encontrado no Brasil. Saiu direto em DVD pela Imagem Filmes já há algum tempo.
É fabulosa a forma como Fessenden cria uma atmosfera de tensão com tão pouco. O filme se passa praticamente todo dentro de uma estação no Alasca, onde a equipe de uma empresa de petróleo trabalha em um projeto que busca a solução para a indepedência do setor de energia americano. Nos momentos em que a câmera sai da base, só o que vemos é neve. Em certas cenas, a imagem é tão branca, que os atores parecem estar em um estúdio sem cenário (vide "THX 1138"). Fora isso, o que há de diferente vem da textura de imagens de arquivo e de tomadas em night shot, ou "visão noturna".
Nessa ambiência, Fessenden (que também está no elenco encabeçado pelo grande Ron Perlman) constrói um clima de paranóia coletiva que toma conta do filme, numa espécie de degradê sensorial que faz lembrar também o clássico de John Carpenter "O Enigma de Outro Mundo", pela relação que se estabelece entre os personagens face a uma ameaça desconhecida. O longa remete ainda ao suspense de tubarões "Mar Aberto", por trabalhar principalmente com o estado de espírito dos personagens.
Ao mesmo tempo, o tema do meio-ambiente serve como premissa para a criação do teor sobrenatural que, também numa escala gradual, domina o filme. Ocorre um choque diegético na conclusão (isto é, um estranhamento de gêneros que pode ser ou não ser assimilado pelo espectador), mas a virada faz sentido quando você recapitula as informações que são dadas ao longo da narrativa. Algumas dessas informações surgem mesmo na forma de imagem, numa jogada ótima, que deixa você se perguntando: "Eu vi aquilo mesmo?"
"Colapso no Ártico" é muito inteligente, o tipo da produção independente que deveria aparecer com mais frequência, no lugar dessas comédias dramáticas facilmente rotuláveis. Fica claro que Fessbeden é um fã de horror e ele bebe nas fontes certas. E acontece algo curioso, porque se ele dispusesse de um orçamento mais generoso do que os meros US$ 50 mil gastos, talvez algumas cenas pecariam pelo excesso. Neste caso, abençoada seja a falta de recursos, por obrigar os realizadores a pensarem em soluções econômicas como o ótimo plano final visto aqui.
Já no fim dos anos 70, Fessenden se arriscava em curtas-metragens, mas foi somente a partir de 1991, com "No Telling", que ele passou a investir seus dons no comando da câmera no cinema de horror. "Colapso no Ártico" é um dos poucos, senão o único longa dele encontrado no Brasil. Saiu direto em DVD pela Imagem Filmes já há algum tempo.
É fabulosa a forma como Fessenden cria uma atmosfera de tensão com tão pouco. O filme se passa praticamente todo dentro de uma estação no Alasca, onde a equipe de uma empresa de petróleo trabalha em um projeto que busca a solução para a indepedência do setor de energia americano. Nos momentos em que a câmera sai da base, só o que vemos é neve. Em certas cenas, a imagem é tão branca, que os atores parecem estar em um estúdio sem cenário (vide "THX 1138"). Fora isso, o que há de diferente vem da textura de imagens de arquivo e de tomadas em night shot, ou "visão noturna".
Nessa ambiência, Fessenden (que também está no elenco encabeçado pelo grande Ron Perlman) constrói um clima de paranóia coletiva que toma conta do filme, numa espécie de degradê sensorial que faz lembrar também o clássico de John Carpenter "O Enigma de Outro Mundo", pela relação que se estabelece entre os personagens face a uma ameaça desconhecida. O longa remete ainda ao suspense de tubarões "Mar Aberto", por trabalhar principalmente com o estado de espírito dos personagens.
Ao mesmo tempo, o tema do meio-ambiente serve como premissa para a criação do teor sobrenatural que, também numa escala gradual, domina o filme. Ocorre um choque diegético na conclusão (isto é, um estranhamento de gêneros que pode ser ou não ser assimilado pelo espectador), mas a virada faz sentido quando você recapitula as informações que são dadas ao longo da narrativa. Algumas dessas informações surgem mesmo na forma de imagem, numa jogada ótima, que deixa você se perguntando: "Eu vi aquilo mesmo?"
"Colapso no Ártico" é muito inteligente, o tipo da produção independente que deveria aparecer com mais frequência, no lugar dessas comédias dramáticas facilmente rotuláveis. Fica claro que Fessbeden é um fã de horror e ele bebe nas fontes certas. E acontece algo curioso, porque se ele dispusesse de um orçamento mais generoso do que os meros US$ 50 mil gastos, talvez algumas cenas pecariam pelo excesso. Neste caso, abençoada seja a falta de recursos, por obrigar os realizadores a pensarem em soluções econômicas como o ótimo plano final visto aqui.
nota: 8/10 -- alugue ou compre o DVD
Colapso no Ártico (The Last Winter, 2007, EUA/Islândia)
direção: Larry Fessenden; roteiro: Larry Fessenden, Robert Leaver; fotografia: Magni Ágústsson; montagem: Larry Fessenden; música: Jeff Grace; produção: Larry Fessenden, Jeffrey Levy-Hinte; com: Ron Perlman, James LeGros, Connie Britton, Zach Gilford, Kevin Corrigan, Jamie Harrold, Pato Hoffmann, Joanne Shenandoah, Larry Fessenden; estúdio: Antidote Films, Glass Eye Pix, Zik Zak; distribuição: Imagem Filmes. 101 min
direção: Larry Fessenden; roteiro: Larry Fessenden, Robert Leaver; fotografia: Magni Ágústsson; montagem: Larry Fessenden; música: Jeff Grace; produção: Larry Fessenden, Jeffrey Levy-Hinte; com: Ron Perlman, James LeGros, Connie Britton, Zach Gilford, Kevin Corrigan, Jamie Harrold, Pato Hoffmann, Joanne Shenandoah, Larry Fessenden; estúdio: Antidote Films, Glass Eye Pix, Zik Zak; distribuição: Imagem Filmes. 101 min
2 comentários:
Li apenas alguns trechos, mas o bastante pra vc me deixar intrigado a assistí-lo ...
" Li apenas alguns trechos, mas o bastante pra vc me deixar intrigado a assistí-lo ..."
O mesmo aconteceu comigo, mas infelizmente não gostei do filme, mesmo fazendo concessões pelo baixo orçamento. O filme não tem fim, não explica as mortes, não explica os fenômenos, a tal atmosfera de tensão criada é logo suprimida pela falta de ação ou de pelo menos algum suspense mais provocante, nada a não ser vento e alguns corvos. Enfim, filme com roteiro fraco e cheio de furos, parecendo mais um manifesto ambiental.
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