Um Ato de Liberdade

por
  • MARIANA DESLANDES em
  • 27 maio 2009


  • A Segunda Guerra Mundial é, certamente, um dos temas mais abordados na história do cinema. Mas quando alguém é capaz de encontrar alguma parte desse episódio que ainda não foi contada, as chances disso se transformar em um filme de sucesso são grandes. Foi o que fizeram os roteiristas Clayton Frohman e Edward Zwick em “Um Ato de Liberdade”, mas o efeito alcançado pelo longa – que também é dirigido por Zwick – não é dos melhores.

    O filme é baseado na história real dos irmãos Bielski – aqui interpretados por Daniel Craig, Liev Schreiber, Jamie Bell e George MacKay – judeus da Bielorrúsia que fogem da perseguição alemã e se escondem na floresta. Lá, os três irmãos mais velhos, comandados por Tuvia (Craig), constroem um acampamento para abrigar outros judeus foragidos que, aos poucos, vão formando uma grande comunidade de sobreviventes.

    No início, o filme parece contar uma história que vai além da resistência. O que vemos é um grupo de refugiados sem saber o que fazer e de que forma sobreviver, que usa das poucas armas e munição que possui para vingar a morte de seus entes queridos. Mas aos poucos o grupo cresce e o que podemos perceber é uma gradual transformação da desordem em uma comunidade. Mas é a partir daí que “Um Ato de Liberdade” começa a desandar.

    Zwick exagera nos clichês e na exploração da imagem do herói de guerra. O filme passa a funcionar não mais como conjunto – pois se perde entre a ação e o drama, sem se firmar em nenhuma das duas vertentes – e cenas isoladas acabam por sustentar a segunda metade do longa. É através delas que vemos que a razão humana não é capaz de superar fome, frio, ódio e a vontade de continuar vivendo – mesmo em condições subumanas. Além disso, falta complexidade aos personagens, principalmente ao irmão interpretado por Schreiber, que vive um conflito entre sua sede de vingança, suas ideias divergentes das de Craig e o desejo de preservar a vida do que restou da família.

    Com bela fotografia de Eduardo Serra (“Moça Com Brinco de Pérola”), excelente argumento, bom elenco e trilha sonora emocionante de James Newton Howard, “Um Ato de Liberdade” tinha tudo para ser um filme ainda melhor. Mas, infelizmente, Zwick se deixa levar pelos exageros e não consegue fazer com que sua obra destoe diante de tantas outras situadas durante a Segunda Guerra Mundial. Vale a máxima: às vezes, menos é mais.

    nota: 7/10 -- vale o ingresso

    Um Ato de Liberdade (Defiance, 2008, EUA)
    direção: Edward Zwick; roteiro: Edward Zwick, Clayton Frohman (baseado no livro de Nechama Tec); fotografia: Eduardo Serra; montagem: Steven Rosenblum; música: James Newton Howard; produção: Pieter Jan Brugge, Edward Zwick; com: Daniel Craig, Liev Schreiber, Jamie Bell, Alexa Davalos, George MacKay, Allan Corduner, Mark Feuerstein, Tomas Arana, Iben Hjejle; estúdio: The Bedford Falls Company, Grosvenor Park Productions, Pistachio Pictures; distribuição: Imagem Filmes. 137 min

    7 comentários:

    Flávio disse...

    Acho que será mais um filme que terei que aguardar chegar às locadoras... Mas a trilha do James Newton eu tentarei baixar logo!!! É um dos compositores que mais admiro.

    Flávio disse...

    Ah e parabéns pela crítica, Mariana, ficou muito boa!

    Anônimo disse...

    horrivel esse filme. Daria nota 2.

    MT disse...

    Está na hora de rever os seus conceitos. E olha que eu sou fã do Daniel Craig.
    Veja "Reflexos da Inocência", mas estou desconfiado que você também dê um 4.

    Rafael Carvalho disse...

    Estou com o Roberto, achei o filme bem fraco. Me parece um grande desperdício ver uma história tão forte e interessante desbancar para o sentimentalismo simples, daquelas que precisam expor o letreiro “uma história real” para termos a obrigação de se importar (e emocionar) com o que é mostrado. Pelo menos, ele consegue ser melhor que Diamante de Sangue.

    MARIANA DESLANDES disse...

    Obrigada, Flávio!
    A nota vai para os elementos: história (que é ótima), a linda trilha sonora, e a fotografia impecável.
    Rafael, eu até prefiro "Diamante de Sangue".

    MARIANA DESLANDES disse...

    Ah, e particularmente não gosto do Daniel Craig...

     
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