Film Noir

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 07 julho 2008


  • por RENATO SILVEIRA

    “Film Noir” tinha tudo para se tornar um filme cult. É uma animação feita exclusivamente para adultos, finalizada em um curto espaço de tempo, com baixíssimo orçamento e equipamentos limitados, além de, como o próprio título deixa claro, ser uma homenagem ao noir – um estilo de tamanha força e influência que deixou de ser gênero e virou uma forma de cinema.

    Porém, por mais que os diretores D. Jud Jones e Risto Topaloski se esforcem em recriar a atmosfera típica, combinada com elementos mais modernos, eles não conseguem ser tão bem sucedidos quanto cineastas de outros títulos recentes que tiveram o mesmo intento, como “Sin City – A Cidade do Pecado” ou “Renaissance”.

    O problema de “Film Noir” não é a precariedade da animação. “Deu a Louca na Chapeuzinho” é um exemplo de animação de garagem que supera muito bem sua técnica modesta contando uma história divertida e bem elaborada. Já aqui, o roteiro, além de fraco, faz clichês se passarem por referências ao estilo narrativo das tramas policiais que abundaram nos anos 40 e 50. E se você não se envolve, como não reparar nos outros problemas que cercam a produção?

    Por exemplo: como não se sentir incomodado pelo desenho simplório dos personagens, que dá a impressão de estarmos vendo bonecos de rótulo de instruções de extintor de incêndio transando ou participando de tiroteios? E não é apenas porque são feios: a animação não permite que eles tenham mais do que duas expressões faciais - sério e zangado. Isso fica evidente em uma criança, que parece estar com medo, e em uma senhora, que parece estar angustiada. Sem os diálogos, fica difícil saber o que elas estão sentindo (como se já não bastasse a dublagem não lhes conferir personalidade).

    A pobreza da animação também fica óbvia na movimentação dos personagens. É como se eles estivessem com sono, de tão lentamente que andam pelo cenário ou simplesmente se levantam de um sofá. E as cenas de ação mais parecem animatics – aquelas seqüências de pré-visualização utilizadas em muitos blockbusters para o diretor prever como a cena final ficará.

    Parece que Jones e Topaloski queriam tanto, mas tanto fazer uma animação para adultos, com muita violência e cenas de sexo (estas, aliás, surgem tão gratuitamente que fazem o filme parecer um hentai), que se contentaram com o pouco que conseguiram alcançar com os recursos que tinham em mãos. Mais impressionante ainda é que um estúdio tenha comprado o filme e o lançado assim nos cinemas. Mais um ano de pós-produção teria feito muito bem ao produto final, pelo menos para que o visual não ficasse tão mal acabado. Do jeito que ficou, o longa mais parece uma versão temporária, sem efeitos especiais adicionados.

    Se a intenção era ser uma homenagem ao cinema noir, infelizmente os diretores fizeram surtir o efeito contrário. Porque por mais que existam filmes noir ruins, ninguém tem dúvidas de que são os bons que devem ser lembrados.

    nota: 3/10 -- não se culpe por não ver

    Film Noir (2007, EUA/Sérvia)
    direção: D. Jud Jones e Risto Topaloski; com vozes de: Mark Keller, Bettina Devin, Kristina Negrete, Victoria O'Toole, Jeff Atik; roteiro: D. Jud Jones; produção: Miodrag Certic; fotografia: Radan Popovic; montagem: Namub Elephantine; música: Mark Keller; estúdio: EasyE Films; distribuição: Downtown Filmes. 97 min

    4 comentários:

    Anônimo disse...

    Renato vc citou “Renaissance”.
    Poderia me dizer a qual filme exatamente vc se referiu? Pergunto pois vc meio que o equiparou a "Sin City" e com eu adorei "Sin City", me interessei em ver este tambem.
    Seria por acaso esse aqui:
    http://www.imdb.com/title/tt0386741/

    Senão puder/quiser não esquenta, eu sei como a vida da gente hoje em dia é corrida, né!? Não precisa nem responder esse comentario, eu entendo. :>)

    xlucas

    RENATO SILVEIRA disse...

    É esse mesmo, xlucas. É um filme que achei cansativo, mas isso mais em função da história. Já visualmente, são outros quinhentos. Vale a pena conferir se você curtiu "Sin City", mas não espere por algo tão pop quanto o filme do Robert Rodriguez e do Frank Miller.

    []s!

    Anônimo disse...

    Valeu, Renato, muito obrigado pela atenção.

    xlucas

    Moldazzar disse...

    eu particularmente adorei o filme, é de um estilo que eu gosto, e ele caracterizou muito bem esse estilo,
    creio que a trama pode ser um pouco cansativa, ainda mais na perspectiva de um desenho, oq faz o filme ficar passado, mas tirando isso, o filme foi otimo, com vozes da narraçao sombrias e com efeitos sonoros e musicas ambientes impecaveis. Nao critico quem nao gostou, mas acho velhor revisar os criterios antes de avaliar esse filme.

     
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