por RENATO SILVEIRA
“Film Noir” tinha tudo para se tornar um filme cult. É uma animação feita exclusivamente para adultos, finalizada em um curto espaço de tempo, com baixíssimo orçamento e equipamentos limitados, além de, como o próprio título deixa claro, ser uma homenagem ao noir – um estilo de tamanha força e influência que deixou de ser gênero e virou uma forma de cinema.
Porém, por mais que os diretores D. Jud Jones e Risto Topaloski se esforcem em recriar a atmosfera típica, combinada com elementos mais modernos, eles não conseguem ser tão bem sucedidos quanto cineastas de outros títulos recentes que tiveram o mesmo intento, como “Sin City – A Cidade do Pecado” ou “Renaissance”.
O problema de “Film Noir” não é a precariedade da animação. “Deu a Louca na Chapeuzinho” é um exemplo de animação de garagem que supera muito bem sua técnica modesta contando uma história divertida e bem elaborada. Já aqui, o roteiro, além de fraco, faz clichês se passarem por referências ao estilo narrativo das tramas policiais que abundaram nos anos 40 e 50. E se você não se envolve, como não reparar nos outros problemas que cercam a produção?
Por exemplo: como não se sentir incomodado pelo desenho simplório dos personagens, que dá a impressão de estarmos vendo bonecos de rótulo de instruções de extintor de incêndio transando ou participando de tiroteios? E não é apenas porque são feios: a animação não permite que eles tenham mais do que duas expressões faciais - sério e zangado. Isso fica evidente em uma criança, que parece estar com medo, e em uma senhora, que parece estar angustiada. Sem os diálogos, fica difícil saber o que elas estão sentindo (como se já não bastasse a dublagem não lhes conferir personalidade).
A pobreza da animação também fica óbvia na movimentação dos personagens. É como se eles estivessem com sono, de tão lentamente que andam pelo cenário ou simplesmente se levantam de um sofá. E as cenas de ação mais parecem animatics – aquelas seqüências de pré-visualização utilizadas em muitos blockbusters para o diretor prever como a cena final ficará.
Parece que Jones e Topaloski queriam tanto, mas tanto fazer uma animação para adultos, com muita violência e cenas de sexo (estas, aliás, surgem tão gratuitamente que fazem o filme parecer um hentai), que se contentaram com o pouco que conseguiram alcançar com os recursos que tinham em mãos. Mais impressionante ainda é que um estúdio tenha comprado o filme e o lançado assim nos cinemas. Mais um ano de pós-produção teria feito muito bem ao produto final, pelo menos para que o visual não ficasse tão mal acabado. Do jeito que ficou, o longa mais parece uma versão temporária, sem efeitos especiais adicionados.
Se a intenção era ser uma homenagem ao cinema noir, infelizmente os diretores fizeram surtir o efeito contrário. Porque por mais que existam filmes noir ruins, ninguém tem dúvidas de que são os bons que devem ser lembrados.
“Film Noir” tinha tudo para se tornar um filme cult. É uma animação feita exclusivamente para adultos, finalizada em um curto espaço de tempo, com baixíssimo orçamento e equipamentos limitados, além de, como o próprio título deixa claro, ser uma homenagem ao noir – um estilo de tamanha força e influência que deixou de ser gênero e virou uma forma de cinema.
Porém, por mais que os diretores D. Jud Jones e Risto Topaloski se esforcem em recriar a atmosfera típica, combinada com elementos mais modernos, eles não conseguem ser tão bem sucedidos quanto cineastas de outros títulos recentes que tiveram o mesmo intento, como “Sin City – A Cidade do Pecado” ou “Renaissance”.
O problema de “Film Noir” não é a precariedade da animação. “Deu a Louca na Chapeuzinho” é um exemplo de animação de garagem que supera muito bem sua técnica modesta contando uma história divertida e bem elaborada. Já aqui, o roteiro, além de fraco, faz clichês se passarem por referências ao estilo narrativo das tramas policiais que abundaram nos anos 40 e 50. E se você não se envolve, como não reparar nos outros problemas que cercam a produção?
Por exemplo: como não se sentir incomodado pelo desenho simplório dos personagens, que dá a impressão de estarmos vendo bonecos de rótulo de instruções de extintor de incêndio transando ou participando de tiroteios? E não é apenas porque são feios: a animação não permite que eles tenham mais do que duas expressões faciais - sério e zangado. Isso fica evidente em uma criança, que parece estar com medo, e em uma senhora, que parece estar angustiada. Sem os diálogos, fica difícil saber o que elas estão sentindo (como se já não bastasse a dublagem não lhes conferir personalidade).
A pobreza da animação também fica óbvia na movimentação dos personagens. É como se eles estivessem com sono, de tão lentamente que andam pelo cenário ou simplesmente se levantam de um sofá. E as cenas de ação mais parecem animatics – aquelas seqüências de pré-visualização utilizadas em muitos blockbusters para o diretor prever como a cena final ficará.
Parece que Jones e Topaloski queriam tanto, mas tanto fazer uma animação para adultos, com muita violência e cenas de sexo (estas, aliás, surgem tão gratuitamente que fazem o filme parecer um hentai), que se contentaram com o pouco que conseguiram alcançar com os recursos que tinham em mãos. Mais impressionante ainda é que um estúdio tenha comprado o filme e o lançado assim nos cinemas. Mais um ano de pós-produção teria feito muito bem ao produto final, pelo menos para que o visual não ficasse tão mal acabado. Do jeito que ficou, o longa mais parece uma versão temporária, sem efeitos especiais adicionados.
Se a intenção era ser uma homenagem ao cinema noir, infelizmente os diretores fizeram surtir o efeito contrário. Porque por mais que existam filmes noir ruins, ninguém tem dúvidas de que são os bons que devem ser lembrados.
nota: 3/10 -- não se culpe por não ver
Film Noir (2007, EUA/Sérvia)
direção: D. Jud Jones e Risto Topaloski; com vozes de: Mark Keller, Bettina Devin, Kristina Negrete, Victoria O'Toole, Jeff Atik; roteiro: D. Jud Jones; produção: Miodrag Certic; fotografia: Radan Popovic; montagem: Namub Elephantine; música: Mark Keller; estúdio: EasyE Films; distribuição: Downtown Filmes. 97 min
direção: D. Jud Jones e Risto Topaloski; com vozes de: Mark Keller, Bettina Devin, Kristina Negrete, Victoria O'Toole, Jeff Atik; roteiro: D. Jud Jones; produção: Miodrag Certic; fotografia: Radan Popovic; montagem: Namub Elephantine; música: Mark Keller; estúdio: EasyE Films; distribuição: Downtown Filmes. 97 min
4 comentários:
Renato vc citou “Renaissance”.
Poderia me dizer a qual filme exatamente vc se referiu? Pergunto pois vc meio que o equiparou a "Sin City" e com eu adorei "Sin City", me interessei em ver este tambem.
Seria por acaso esse aqui:
http://www.imdb.com/title/tt0386741/
Senão puder/quiser não esquenta, eu sei como a vida da gente hoje em dia é corrida, né!? Não precisa nem responder esse comentario, eu entendo. :>)
xlucas
É esse mesmo, xlucas. É um filme que achei cansativo, mas isso mais em função da história. Já visualmente, são outros quinhentos. Vale a pena conferir se você curtiu "Sin City", mas não espere por algo tão pop quanto o filme do Robert Rodriguez e do Frank Miller.
[]s!
Valeu, Renato, muito obrigado pela atenção.
xlucas
eu particularmente adorei o filme, é de um estilo que eu gosto, e ele caracterizou muito bem esse estilo,
creio que a trama pode ser um pouco cansativa, ainda mais na perspectiva de um desenho, oq faz o filme ficar passado, mas tirando isso, o filme foi otimo, com vozes da narraçao sombrias e com efeitos sonoros e musicas ambientes impecaveis. Nao critico quem nao gostou, mas acho velhor revisar os criterios antes de avaliar esse filme.
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