O Homem que Desafio o Diabo

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 18 outubro 2007


  • Se você recebe um roteiro de um filme para o qual foi convidado a participar e lê uma cena que envolve um órgão sexual servindo, literalmente, como um alicate, qual seria a sua reação? Ao que parece, para o elenco de “O Homem Que Desafiou o Diabo”, a resposta imediata foi “Supimpa! Vamos nessa!”

    Moacyr Góes, quem diria, aquele que dirigiu os dois filmes do Padre Marcelo, decidiu fazer uma pornochanchada. Fazia tempo que não víamos uma em nossas telas, não? E poderíamos ter ficado assim. Afinal, é por causa desse gênero maldito que muita gente hoje em dia ainda diz que “cinema brasileiro é só sacanagem”. Com seu novo longa, Góes - e Marcos Palmeira, e Fernanda Paes Leme, e Flávia Alessandra, e os Barreto - apenas reafirma essa injustiça.

    As expressões nordestinas, ditas a torto e a direito pelos atores, são o único motivo real de graça do longa. Sim, as frases e a pronúncia são engraçadas, mas isso não é mérito algum do filme. Não foram os roteiristas (Góes entre eles) que as inventaram. E além do mais, que valor há em compilar um dicionário de gírias se elas são usadas sem qualquer lógica, apenas para buscar o riso barato?

    Lógica, aliás, é algo que falta ao roteiro como um todo, já que até mesmo os principais pontos da história (o tal “desafio ao diabo” e a paixão do protagonista por uma de suas quengas) vêm e voltam apenas quando convém para o andamento da trama. Para piorar, a narrativa acontece em um tom episódico inconstante, o que acaba por surpreender o espectador quando determinado personagem, outrora uma criança, surge já adulto, sendo que nenhum indício de passagem de tempo dá a entender quantos anos durou a odisséia de Ojuara (Palmeira) rumo à mítica terra prometida de São Saruê.

    Nas mãos de um diretor de bom gosto (podia ter sido Guel Arraes, que participa do projeto como produtor), “O Homem Que Desafiou o Diabo” poderia ter sido um filme divertido, pois seu universo folclórico esconde esse potencial. No entanto, Góes o transformou em algo sujo (não me recordo de ter ouvido tantos palavrões gratuitos em outra produção nacional recente) e mal acabado. O diretor sequer tem noção das limitações da película que utiliza (o filme foi captado em Super 16mm e ampliado para 35mm) e faz inúmeros planos abertos nos quais pessoas, animais, árvores e outros elementos se tornam borrões – ainda mais quando o filme é visto em uma tela gigante de multiplex, local onde a produção busca seu público.

    Já tivemos grandes filmes brasileiros lançados este ano, e em número bem maior do que no ano passado, vale dizer. Porém, os ruins que saíram são realmente de lascar. “Inesquecível”, “Meteoro”, “Primo Basílio” e, agora, “O Homem Que Desafiou o Diabo”, que o digam.

    nota: 1/10 -- pura perda de tempo

    O Homem que Desafiou o Diabo (2007, Brasil), dir.: Moacyr Góes – em cartaz nos cinemas

    12 comentários:

    Anônimo disse...

    Concordo com tudo o que foi dito. Só farei uma ressalva: o filme só não leva nota 0 por conta da ótima cena protagonizada por Lúcio Mauro.

    Anônimo disse...

    Que bom que não foi só eu que achei esse filme um atentado ao cinema...

    Anônimo disse...

    acho que voces estao muito enganado com o resltado do filme. de primeira, nota-se um filme rico em cultura nordestina, com pavlavras, gestos e atos onde os personagens souberam encarnar perfeitamente. ademais, me digam um filme onde o personagem nao teve que fazer um gesto ou dizer uma palavra de baixo calibre. na minha opniao e de todos os nordestinos, parabenizo o filme e os atores pela exepcional atuacao.

    Anônimo disse...

    O autor desse artigo so pode ser um ANIMAL!! Um filme criativo como nao se via a um bom tempo. Se é pornochanchada, e dai? Sao os unicos filmes brasileiros que eu consigo rir de verdade sem limites (e nao preciso ficar vidrado na nudez e no sexo). No minimo quem nao gostou deve ter ficado assustado com a quantidade de palavroes, que nao é nada fora do normal brasileiro ou com a nudez que nao foi nada alem do que ja se ve e muito nas novelas da globo. Um filme muito bom que merecia mais destaque.

    Obs: So pra complementar, MUITO rico em nossa cultura nordestina, principalmente nos dizeres.

    Anônimo disse...

    Pena ler essa crítica tão tarde... ela é realmente perfeita. O filme é pobre, apelativo e joga fora toda a riqueza da cultura nordestina. Temos mais que palavrões a mostrar. Parabéns!

    Unknown disse...

    é ridículo comparar "o auto da compadecida" e "lisbela e o prisioneiro' a esse filme, realmnete nao se fazia filme ruim assim a muito tempo....lamentavel.

    Anônimo disse...

    Concordo com a crítica, me senti muito agredida com o filme, a estória tinha tudo para ser interessante e contava com atores de primeira, mas ficou esquecida com a pornografia desnecessária. Acho que se o povo quer ver baixaria, aluga um filme pornô.
    A cultura nordestina é muito rica e foi esquecida por conta da falta de bom censo. Ficou tão baixo quanto as novelas da TV. será esta um regressão? Evoluímos tanto com o "alto da Compadecida" e "Lisbela e o Prisioneiro", este filme foi uma ofensa. Péssimo.

    Anônimo disse...

    esse pessoalzinho que esta criticando o filme nao tem o que falar ai fica criticando o filme deita e dorme camboio de bestassssssssss.........

    Anônimo disse...

    Só uma coisa... todos esqueceram que o filme foi uma adaptação do livro As pelejas de Ojuara, de Nei Leandro de Castro.
    O livro é excelente e, na época em que foi lançado, recebeu boas críticas, inclusive de nomes como Carlos Drummond de Andrade.
    No entanto, achei a adaptação de mal gosto, principalmente no quesito
    "putaria", como se diria por aqui.
    Li o livro anos antes de ver o filme e fiquei decepcionado.

    Fabio Simião disse...

    Como nordestino que mora em São Paulo há 20 anos, gostei da longa mas realmente não precisa tanta cena de sexo. Sempre gosto de ver o agreste sendo filmado, isso me dar muita saudade. Por favor, não faça mais filmes baixando o nível e colocando meu nordeste que não tem nada a ver com tanta baixaria.

    Unknown disse...

    A e bom ter sexo nu filme deixa ele mais quente ai o ator mascos
    E um gato fais coisas tao merabolantes com suas quengas que eu quando assisto fico travada de tanta emocao esse filme e esses erros de filme nao e di agora nao hoje em dia os filme tem essses erros tambem
    Antes ja tiha e nao e porico que hoje vai mudar

    Unknown disse...

    😈😈😈

     
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