Will Ferrell é um cara engraçado. Ou pelo menos era. Desde que começou a aparecer no cinema, depois de uma bem-sucedida passagem pelo “Saturday Night Live”, o ator se tornou o novo rosto da comédia em Hollywood – posto que em breve ele estará deixando, já que sua imagem se desgastou muito mais rápido do que as de Mike Myers (ele ainda existe?) e Jim Carrey (este ao menos soube se preservar um pouco e, vez ou outra, ainda surge com algo interessante).
Mas eu acredito que Ferrell ainda tem salvação: basta ele ficar restrito a personagens coadjuvantes, como em “A Feiticeira”, “Os Produtores” ou neste “Escorregando Para a Glória”, cuja rápida passagem pelas telas brasileiras deve sepultar qualquer chance de sucesso do comediante por essas bandas.
Apesar de ser um dos personagens principais, o patinador de gelo Chazz Michael Michaels, vivido por Ferrell, não está no centro da história. Este lugar pertence ao seu rival, que depois se torna seu parceiro, Jimmy MacElroy, interpretado por Jon Heder (do ótimo “Napoleão Dinamite” e do fraco “Escola de Idiotas”). É ele quem possui um arco dramático, enquanto Chazz não tem outra função senão a de provocar as piadas do roteiro falho, mas divertido escrito por quatro iniciantes (Jeff e Craig Fox, John Altschuler e Dave Krinsky).
Embora ambos os atores forcem a barra na tentativa de fazer o público rir de qualquer bobagem que façam, fica claro que Ferrell é o grande responsável pelos problemas que seu personagem apresenta e que contaminam o filme. Assim como em “Ricky Bobby: A Toda Velocidade”, aqui sua caracterização é muito “over”, como se qualquer diálogo ou gesto que ele faça seja um motivo para darmos uma risada. E como piadas de sacanagem são sempre um recurso fácil para atingir o público, Ferrell e os roteiristas fazem de Chazz um viciado em sexo, uma característica que não tem relação alguma com o desenrolar da trama.
Mas cobrar coerência de um filme no qual devemos acreditar que Ferrell é um exímio patinador talvez seja um pouco demais. Afinal, neste sentido, “Escorregando Para a Glória” é honesto, já que não tenta ser nada além de uma comédia absurda. Se o espectador quiser fazer seu tempo valer a pena, terá que aceitar que aquele universo existe paralelamente ao nosso (assim como acontece em “Ricky Bobby”, aliás).
É nisso que os diretores estreantes Josh Gordon e Will Speck se destacam. Apesar de não fazer muito mais que o esperado (apontar as câmeras para os atores e capturar suas gags físicas), a dupla entende o conceito e cria alguns bons momentos. Tome como exemplo a cena em que Chazz aparece com uma roupa molhada e a pele semi-congelada e, subitamente, troca de figurino para entrar no ringue de patinação como se tivesse acabado de sair do camarim. Os diretores criam um “erro” de continuidade proposital que na verdade funciona para nos lembrar que tudo aquilo é irreal demais para ser levado a sério.
Mas eu acredito que Ferrell ainda tem salvação: basta ele ficar restrito a personagens coadjuvantes, como em “A Feiticeira”, “Os Produtores” ou neste “Escorregando Para a Glória”, cuja rápida passagem pelas telas brasileiras deve sepultar qualquer chance de sucesso do comediante por essas bandas.
Apesar de ser um dos personagens principais, o patinador de gelo Chazz Michael Michaels, vivido por Ferrell, não está no centro da história. Este lugar pertence ao seu rival, que depois se torna seu parceiro, Jimmy MacElroy, interpretado por Jon Heder (do ótimo “Napoleão Dinamite” e do fraco “Escola de Idiotas”). É ele quem possui um arco dramático, enquanto Chazz não tem outra função senão a de provocar as piadas do roteiro falho, mas divertido escrito por quatro iniciantes (Jeff e Craig Fox, John Altschuler e Dave Krinsky).
Embora ambos os atores forcem a barra na tentativa de fazer o público rir de qualquer bobagem que façam, fica claro que Ferrell é o grande responsável pelos problemas que seu personagem apresenta e que contaminam o filme. Assim como em “Ricky Bobby: A Toda Velocidade”, aqui sua caracterização é muito “over”, como se qualquer diálogo ou gesto que ele faça seja um motivo para darmos uma risada. E como piadas de sacanagem são sempre um recurso fácil para atingir o público, Ferrell e os roteiristas fazem de Chazz um viciado em sexo, uma característica que não tem relação alguma com o desenrolar da trama.
Mas cobrar coerência de um filme no qual devemos acreditar que Ferrell é um exímio patinador talvez seja um pouco demais. Afinal, neste sentido, “Escorregando Para a Glória” é honesto, já que não tenta ser nada além de uma comédia absurda. Se o espectador quiser fazer seu tempo valer a pena, terá que aceitar que aquele universo existe paralelamente ao nosso (assim como acontece em “Ricky Bobby”, aliás).
É nisso que os diretores estreantes Josh Gordon e Will Speck se destacam. Apesar de não fazer muito mais que o esperado (apontar as câmeras para os atores e capturar suas gags físicas), a dupla entende o conceito e cria alguns bons momentos. Tome como exemplo a cena em que Chazz aparece com uma roupa molhada e a pele semi-congelada e, subitamente, troca de figurino para entrar no ringue de patinação como se tivesse acabado de sair do camarim. Os diretores criam um “erro” de continuidade proposital que na verdade funciona para nos lembrar que tudo aquilo é irreal demais para ser levado a sério.
nota: 6/10 -- veja sem pressa
Escorregando Para a Glória (Blades of Glory, 2007, EUA), dir.: Josh Gordon e Will Speck – em cartaz nos cinemas
2 comentários:
Estou assistindo "Mais estranho que a ficção" com Will Ferrell(ainda não acabei mas to quase) e me surpreendi positivamente com o filme e com o proprio Ferrel. O filme é muito legal e Ferrel nos dá uma interpretação contida e nos faz esquecer de suas comedias rasgadas e de seu humor cinico. Eu particularmente, gostei muito dele e do filme. Quanto a esse "Escorregando para a Gloria" eu achei divertido e pelo menos pra mim , recebi exatamente o que eu esperava. Como vc mesmo disse, Renato, em um filme em que Will Ferrell, com aquela pança, é um eximio patinador, não se deve esperar um humor sutil de Ernst Lubitstch.
William Souza
William, eu gosto tanto de "Mais Estranho que a Ficção" quanto de "Melinda e Melinda", que são os filmes do Ferrell que mais fogem do seu padrão de comédia (eu diria que "A Feiticeira" também). Agora, dentro do humor rasgado dele, eu curto mais "Um Duende em Nova York". Talvez por não ter esperado muito do filme, já que na época Ferrell não era muito famoso por aqui ainda. Mas mesmo revendo depois eu ainda me diverti mais do que vendo os filmes posteriores dele.
[]s!
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