A cada “Harry Potter” que chega aos cinemas, é comum ouvirmos o comentário: “Este é o melhor filme da série”. Com “A Ordem da Fênix” não está sendo diferente, porém, devo contrariar a opinião da pequena maioria que tem elogiado o longa em demasia.
Este não é o melhor filme da série. É apenas o quinto filme da série. A história não apresenta uma grande revelação ou um acontecimento relevante que justifique as quase 2 horas e 20 minutos de duração (e, pelo que me disseram, o livro também é bastante enfadonho). É um filme sólido, mas serve mais para prolongar a vida da franquia do que representar uma evolução na narrativa ou no desenvolvimento dos personagens. No fundo, no fundo, seu objetivo é apenas levar Harry Potter ao encontro de um certo objeto, que lhe revela uma certa profecia (que, na verdade, nada tem de reveladora).
A seqüência de abertura mostra Harry no mundo dos “trouxas” (a delicada designação que a autora J.K. Rowling atribui aos leitores/expectadores céticos que não compram suas idéias fantasiosas), quando dois dementadores saem do mundo mágico e atacam o rapaz. Para proteger seu primo que não é bruxo, Harry acaba usando uma mágica, o que o leva a quase ser expulso de Hogwarts (como sempre, ele é protegido por Dumbledore e inocentado). O ataque das criaturas aumenta as especulações sobre o retorno de Voldemort, que finalmente havia dado as caras no filme anterior. Com isso, as suspeitas de que Harry estaria atraindo o “lorde das trevas” e colocando os demais alunos e magos em perigo deixam o protagonista em uma situação pouco confortável – que piora ainda mais quando Hogwarts é submetida à vigilância de uma nova diretora, a conservadora extremista Dolores Umbridge.
O fato de Dolores praticamente enclausurar os alunos em Hogwarts faz com que “Harry Potter e a Ordem da Fênix” tenha menos cenas de ação do que os filmes anteriores. A história se passa na maior parte do tempo dentro da escola e em seus arredores. As únicas exceções são o começo, situado em Londres, e o terceiro ato, este sim, recheado de momentos mais empolgantes. Mesmo assim, o clímax, apesar de bem construído, não conta com a mesma pompa que vimos em “O Cálice de Fogo”, por exemplo. E a realização da cena da morte de um determinado personagem deixa a desejar por não conferir a devida importância àquele momento. O diretor David Yates recorre ao velho clichê da “cena da perda”, com câmera lenta e o grito emudecido dos personagens, enquanto a trilha sonora dá o tom triste.
Yates, aliás, faz um trabalho correto, mas é o cineasta que menos impressiona depois de Chris Columbus, ainda o pior diretor da série. Yates sabe como construir atmosfera e acerta o tom desta vez, deixando o filme não tão sombrio quanto o quarto, no qual Mike Newell parece ter se esquecido de que estava fazendo um filme também para crianças. Porém, Newell e Alfonso Cuarón (dono do melhor trabalho de direção até agora, em “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”) ofereceram muito mais em termos de estilo e exploração do uso da câmera. O que Yates faz de mais elaborado aqui (e o que também se revela seu vício) é “viajar” pelos cenários, dando a ilusão de que estamos atravessando paredes, quadros e vidraças, como um dos fantasmas que habitam Hogwarts. O mesmo recurso é utilizado nas passagens que mostram as manchetes dos jornais do mundo mágico e, também, quando uma magia específica é utilizada para entrar na mente dos personagens.
No elenco, Daniel Radcliffe demonstra algum avanço como ator. Em algumas cenas, ele ainda lembra aquele menino de seis anos atrás, que olhava com perplexidade para os encantos da feitiçaria. Isto pode ser proposital, como se ele quisesse mostrar que, mesmo conhecendo aquele mundo, Harry ainda se espanta com alguma coisa (o que é bom, já que evita que o próprio público assuma uma atitude blasé diante de uma série longa como esta). Por outro lado, é exatamente por Harry não ser nenhum calouro de Hogwarts que Radcliffe deveria evidenciar mais segurança. Curiosamente, seus colegas de elenco parecem mais à vontade. Do trio principal, aliás, Rupert Grint é o que tem demonstrado maior amadurecimento na atuação, ao passo que Emma Watson pouco evoluiu em relação à última vez em que a vimos (e não é coincidência ela ser a única da turma que ainda não fez outro trabalho no cinema).
Entre os professores, Imelda Staunton se torna uma das grandes adições ao elenco da franquia. Uma excelente atriz, que emprega a Dolores Umbridge um ar de “tia boazinha” (reparem no detalhe de sua delicada risadinha), que esconde uma pessoa muito mais severa e punitiva do que o professor mais emburrado da escola. Dos veteranos, Alan Rickman tem um bom tempo de tela com seu ótimo Severo Snape (meu professor favorito) e Michael Gambon novamente empresta a Alvo Dumbledore um caráter soberano, como todo bom mentor deve ter. O equivalente maligno pode ser dito sobre Ralph Fiennes como Voldemort. Ambos têm participações não muito extensas ao longo do filme, mas são marcantes. Já o mesmo não se aplica ao Hagrid de Robbie Coltrane e à Professora Minerva de Maggie Smith, mais do que nunca relegados a papéis coadjuvantes, mas não tanto quanto Brendan Gleeson, David Thewlis e Emma Thompson, que estão ali apenas para enfeitar o elenco (e para os produtores mostrarem como são bons em reunir tantos talentos). O Sirius Black de Gary Oldman poderia ter sido mais explorado, dada sua importância para a trama e para Harry Potter. Mas talvez a maior decepção fique por conta de Helena Bonham Carter, que aparece muito tarde no filme e tem apenas uma função na história - que, aliás, poderia ter sido executada por qualquer outro personagem equivalente ao dela. Mesmo assim, a caracterização da atriz é boa o bastante (e eu sempre achei que ela tem cara de bruxa má, algo que Tim Burton já havia explorado em “Peixe Grande”).
Para os fãs, o filme poderá ser um deleite. Afinal, mesmo com o fim da saga nos livros, eles ainda terão mais uns quatro anos pela frente para esperar pelas duas últimas adaptações. Se eu fosse fã, não estaria nenhum um pouco triste. Mas como acompanho a história apenas pelo cinema, “A Ordem da Fênix” não representou um capítulo imperdível, mesmo que não seja ruim. Futuramente, quando rever os longas em casa, é bem provável que eu queira pular este e ir direto para o próximo. Afinal, é certo que os eventos importantes desta quinta aventura serão relembrados de alguma forma a seguir.
Este não é o melhor filme da série. É apenas o quinto filme da série. A história não apresenta uma grande revelação ou um acontecimento relevante que justifique as quase 2 horas e 20 minutos de duração (e, pelo que me disseram, o livro também é bastante enfadonho). É um filme sólido, mas serve mais para prolongar a vida da franquia do que representar uma evolução na narrativa ou no desenvolvimento dos personagens. No fundo, no fundo, seu objetivo é apenas levar Harry Potter ao encontro de um certo objeto, que lhe revela uma certa profecia (que, na verdade, nada tem de reveladora).
A seqüência de abertura mostra Harry no mundo dos “trouxas” (a delicada designação que a autora J.K. Rowling atribui aos leitores/expectadores céticos que não compram suas idéias fantasiosas), quando dois dementadores saem do mundo mágico e atacam o rapaz. Para proteger seu primo que não é bruxo, Harry acaba usando uma mágica, o que o leva a quase ser expulso de Hogwarts (como sempre, ele é protegido por Dumbledore e inocentado). O ataque das criaturas aumenta as especulações sobre o retorno de Voldemort, que finalmente havia dado as caras no filme anterior. Com isso, as suspeitas de que Harry estaria atraindo o “lorde das trevas” e colocando os demais alunos e magos em perigo deixam o protagonista em uma situação pouco confortável – que piora ainda mais quando Hogwarts é submetida à vigilância de uma nova diretora, a conservadora extremista Dolores Umbridge.
O fato de Dolores praticamente enclausurar os alunos em Hogwarts faz com que “Harry Potter e a Ordem da Fênix” tenha menos cenas de ação do que os filmes anteriores. A história se passa na maior parte do tempo dentro da escola e em seus arredores. As únicas exceções são o começo, situado em Londres, e o terceiro ato, este sim, recheado de momentos mais empolgantes. Mesmo assim, o clímax, apesar de bem construído, não conta com a mesma pompa que vimos em “O Cálice de Fogo”, por exemplo. E a realização da cena da morte de um determinado personagem deixa a desejar por não conferir a devida importância àquele momento. O diretor David Yates recorre ao velho clichê da “cena da perda”, com câmera lenta e o grito emudecido dos personagens, enquanto a trilha sonora dá o tom triste.
Yates, aliás, faz um trabalho correto, mas é o cineasta que menos impressiona depois de Chris Columbus, ainda o pior diretor da série. Yates sabe como construir atmosfera e acerta o tom desta vez, deixando o filme não tão sombrio quanto o quarto, no qual Mike Newell parece ter se esquecido de que estava fazendo um filme também para crianças. Porém, Newell e Alfonso Cuarón (dono do melhor trabalho de direção até agora, em “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”) ofereceram muito mais em termos de estilo e exploração do uso da câmera. O que Yates faz de mais elaborado aqui (e o que também se revela seu vício) é “viajar” pelos cenários, dando a ilusão de que estamos atravessando paredes, quadros e vidraças, como um dos fantasmas que habitam Hogwarts. O mesmo recurso é utilizado nas passagens que mostram as manchetes dos jornais do mundo mágico e, também, quando uma magia específica é utilizada para entrar na mente dos personagens.
No elenco, Daniel Radcliffe demonstra algum avanço como ator. Em algumas cenas, ele ainda lembra aquele menino de seis anos atrás, que olhava com perplexidade para os encantos da feitiçaria. Isto pode ser proposital, como se ele quisesse mostrar que, mesmo conhecendo aquele mundo, Harry ainda se espanta com alguma coisa (o que é bom, já que evita que o próprio público assuma uma atitude blasé diante de uma série longa como esta). Por outro lado, é exatamente por Harry não ser nenhum calouro de Hogwarts que Radcliffe deveria evidenciar mais segurança. Curiosamente, seus colegas de elenco parecem mais à vontade. Do trio principal, aliás, Rupert Grint é o que tem demonstrado maior amadurecimento na atuação, ao passo que Emma Watson pouco evoluiu em relação à última vez em que a vimos (e não é coincidência ela ser a única da turma que ainda não fez outro trabalho no cinema).
Entre os professores, Imelda Staunton se torna uma das grandes adições ao elenco da franquia. Uma excelente atriz, que emprega a Dolores Umbridge um ar de “tia boazinha” (reparem no detalhe de sua delicada risadinha), que esconde uma pessoa muito mais severa e punitiva do que o professor mais emburrado da escola. Dos veteranos, Alan Rickman tem um bom tempo de tela com seu ótimo Severo Snape (meu professor favorito) e Michael Gambon novamente empresta a Alvo Dumbledore um caráter soberano, como todo bom mentor deve ter. O equivalente maligno pode ser dito sobre Ralph Fiennes como Voldemort. Ambos têm participações não muito extensas ao longo do filme, mas são marcantes. Já o mesmo não se aplica ao Hagrid de Robbie Coltrane e à Professora Minerva de Maggie Smith, mais do que nunca relegados a papéis coadjuvantes, mas não tanto quanto Brendan Gleeson, David Thewlis e Emma Thompson, que estão ali apenas para enfeitar o elenco (e para os produtores mostrarem como são bons em reunir tantos talentos). O Sirius Black de Gary Oldman poderia ter sido mais explorado, dada sua importância para a trama e para Harry Potter. Mas talvez a maior decepção fique por conta de Helena Bonham Carter, que aparece muito tarde no filme e tem apenas uma função na história - que, aliás, poderia ter sido executada por qualquer outro personagem equivalente ao dela. Mesmo assim, a caracterização da atriz é boa o bastante (e eu sempre achei que ela tem cara de bruxa má, algo que Tim Burton já havia explorado em “Peixe Grande”).
Para os fãs, o filme poderá ser um deleite. Afinal, mesmo com o fim da saga nos livros, eles ainda terão mais uns quatro anos pela frente para esperar pelas duas últimas adaptações. Se eu fosse fã, não estaria nenhum um pouco triste. Mas como acompanho a história apenas pelo cinema, “A Ordem da Fênix” não representou um capítulo imperdível, mesmo que não seja ruim. Futuramente, quando rever os longas em casa, é bem provável que eu queira pular este e ir direto para o próximo. Afinal, é certo que os eventos importantes desta quinta aventura serão relembrados de alguma forma a seguir.
nota: 7/10 -- vale o ingresso
Harry Potter e a Ordem da Fênix (Harry Potter and the Order of the Phoenix, 2007, Reino Unido/EUA), dir.: David Yates – em cartaz nos cinemas
10 comentários:
Rena, não consigo postar... :-(
Hum... Acho que agora dá. Bom, o que eu tô querendo dizer há 10 comentários acima é que nào dá pra colocar 300 páginas em 2 horas de filme. Por isso, acaba-se "comendo" partes importantes, como a da profecia, que é muito mais do que aquele negócio de pra um viver, o outro tem que morrer - big deal!! Quem leu o livro entendeiu melhor, creio eu.
Bjs!
Interessante. Pena eu não poder debater sobre o filme já que só vou poder conferir amanhã, na minha folga. A minha maior dúvida no momento é em relação aos efeitos especiais: será que sofreu alguma evolução ou continua na mesma ? Não que a "mesma" signifique mediocridade, pois os efeitos da série de uma forma geral considero muito bons, mas é que não li quase nada sobre esse tema.
A propósito, valeu pela crítica! =P
Os efeitos estão bons, Picelli. Duvido que o filme seja forte candidato ao Oscar nesta categoria, mas é um trabalho muito superior, por exemplo, do que o visto em "Quarteto Fantástico 2" (o efeito da elasticidade do Sr. Fantástico é algo vergonhoso).
[]s!
Rê, sobre a profecia, me disseram depois como acontece no livro. Realmente, pisaram na bola ao cortá-la no filme. E acho que nem era o caso da duração do filme, já que um diálogo a mais resolveria a questão. De qualquer forma, acho que os produtores têm que pensar mais no público do cinema, e não no público do livro...
[]s!
Pronto, agora posso falar.
As duas horas de projeção passaram em alguns piscares (?) de olhos. Foi tudo muito rápido e a sensação de um ano letivo não foi passada como por ex em Azkaban. A profecia, a tão falada arma, tem muito mais peso no livro do que no cinema. Acredito que a profecia deveria ter tido um pouco mais de importância no filme, afinal, ela é o principal objetivo de Voldemort nessa etapa.
Mas não que essa seja a única falha do roteiro. Um forte personagem morre e não lhe é dado a devida atenção. Isso me pareceu estranho.
Mas meu lado de fã fala mais alto nessas horas e eu confesso que a batalha final são não me tirou totalmente o fôlego devido a perda nada marcante de Sirius.
Até!
Sou leitora dos livros de JK Rowling e fã dos filmes. Meu marido só assiste os filmes. Então consigo colocar duas opiniões aqui. Para quem lê os livros, a profecia, apesar do objetivo final do livro, não é seu principal argumento. Mostrar a interferência Direta do Ministério da Magia em Hogwarts, a manipulação da imprensa, os títulos conferidos a Umbrigde como "Alta Inquisidora" e Brigada Inquisodora aos "PELEGOS", a resistência da Ordem e depois da Armada Dumbledore são o principal no livro. Mas infelizmente isso não foi aproveitado da maneira correta, fazendo com que, quem apenas assiste os filmes, achar o filme insosso e sem sal (opinião do meu marido).
A morte de um "personagem" impoortante, tinha tudo para ser melhor. Conrcordo com vc. O duelo final e a possesão de Harry por Voldemort idem.
Não consigo imaginar um Voldemort melhor que Fienes. Ele é perfeito!
Me aloguei. sorry
Pelo visto, a bronca de todo mundo é com o roteirista. E olha que teve gente que achou que seria melhor desta vez, já que não foi o Steve Kloves (que adaptou todos os outros) quem escreveu. Mas ele volta no próximo.
[]s!
Só eu que acho o Voldemort do Fiennes ridículo e nem um pouco assustador?
Odeio Harry Potter, os livros sao ruins e os filmes tambem.
Postar um comentário