World Trade Center vs. United 93

por
  • RENATO SILVEIRA em
  • 14 agosto 2006


  • 'NicolasÉ estranho como certos acontecimentos afetam as pessoas de diferentes maneiras. Quando vi “Pearl Harbor”, eu não senti absolutamente nada. Talvez pelo fato do filme ser péssimo. Ou talvez pelo fato de não estar vivo naquela época. Mas se levarmos em consideração os inúmeros filmes sobre acontecimentos famosos que me fizeram ficar emocionado, é mais uma questão do talento do cineasta em si.

    Todo mundo se lembra onde estava no dia 11 de Setembro de 2001. Provavelmente, foi o dia mais marcante da nossa geração. Eu me lembro de chegar em casa no momento em que a primeira torre estava caindo. Me lembro também dos destroços de um dos aviões que haviam sido seqüestrados, porém não haviam atingido nenhum alvo significativo. Mal sabia eu que, cinco anos depois, estaria em um cinema nos EUA assistindo a dois filmes sobre aquelas imagens que vi na televisão.

    Apesar de focarem um mesmo dia, os temas de cada um são diferentes. “As Torres Gêmeas” é um filme sobre a sobrevivência após um desastre, mas também sobre esperança. “Vôo 93” é um filme sobre desespero e a imbecilidade humana. Enquanto Oliver Stone nos traz uma história com uma garantia de um final feliz até certo ponto, Paul Greengrass nos entrega o contrário, nu e cru.

    Talvez pelas escolhas feitas, Greengrass foi mais feliz, utilizando-se de um elenco praticamente desconhecido e de um estilo quase documental, semelhante ao usado antes em “Domingo Sangrento”, o que ajuda demais em nos fazer acreditar na história dos passageiros do vôo 93. Já Oliver Stone não tem a mesma sorte ao escalar Nicolas Cage para seu filme, transformando-o em um drama hollywoodiano: a história dos sobreviventes da queda do World Trade Center. Cage às vezes rouba a atenção do espectador, em um filme onde deveria mesclar-se à história a ser contada.

    Apesar desse pequeno desvio, “As Torres Gêmeas” é uma demonstração de patriotismo, mas não ao ponto do ufanismo abundante. Stone, um veterano da Guerra do Vietnã, não cai na besteira de transformar o seu filme em uma espécie de justificativa para as ações do governo atual do seu país. É mais uma homenagem aos homens e mulheres que perderam a sua vida na tragédia, mas também a aqueles que sobreviveram. Se não fosse pela dimensão, poderia muito bem ser um filme feito para a TV.

    'Cena“Vôo 93”, por sua vez, é uma experiência catártica. Não me lembro sinceramente de ficar tão emocionado assim em uma sessão de cinema. Já chorei algumas vezes (pra falar a verdade, eu choro sempre na hora que as bicicletas começam a voar em “E.T.”, é inevitável). Mas “Vôo 93” foi uma experiência diferente. Emoções desconhecidas até mesmo por mim em uma sala de cinema afloraram por causa da força das imagens que Greengrass captou.

    No final de tudo, eu tenho a impressão que “As Torres Gêmeas” vai eclipsar “Vôo 93” em quase todas as premiações daqui pra frente. É uma pena, apesar de serem ambos ótimos, o filme de Greengrass prova-se bem superior.

    Vôo 93 (United 93, 2006, EUA) Dir.: Paul Greengrass - nos cinemas brasileiros em 1 de setembro

    As Torres Gêmeas (World Trade Center, 2006, EUA) Dir.: Oliver Stone - nos cinemas brasileiros em 29 de setembro

    Texto escrito por Tooms

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