Fila de espera


O ano chegou ao fim, estréias agora só as de 2009 e vários filmes continuaram nas geladeiras dos distribuidores brasileiros. Como o clima geral na mídia é de retrospectivas, vamos aderir à preguiça coletiva e fazer nossa lista de fim de ano. Fiquem, então, com os melhores filmes que NÃO foram lançados nas salas brasileiras em 2008.

“À Prova de Morte”, de Quentin Tarantino

A Europa Filmes mais uma vez ficou de sacanagem com os fãs de Tarantino. Exibido no Festival do Rio de 2007 e inicialmente previsto para lançamento naquele mesmo ano, seguido de várias promessas não cumpridas de estréia (a última era para outubro passado), “À Prova de Morte” permanece no limbo. Não dá para entender por que o filme não foi lançado nem mesmo direto em DVD. Sem falar que perdeu todo o sentido do projeto “Grindhouse”, já que “Planeta Terror” está disponível há tempos. Se bobear, “Inglorious Basterds” chega primeiro às nossas telas em 2009 – desde que seja comprado por outro distribuidor, claro.

“Desejo e Perigo”, de Ang Lee

Mais um da Europa. No site do distribuidor, consta, ironicamente, que o filme foi lançado em novembro. Bullshit! Você já até deve ter visto o cartaz em português nos cinemas, mas quantos já não apareceram por aí e sumiram depois? E o curioso é que nem adiantou o filme do Ang Lee ser polêmico por suas cenas tórridas de sexo – simplesmente passou batido por aqui. Lee também lança trabalho novo em 2009. Vamos ver qual estréia primeiro.

“Half Nelson”, de Ryan Fleck, e “Lars and the Real Girl”, de Craig Gillespie

Provas de que não adianta ter indicação ao Oscar ou Ryan Gosling no elenco para ter lançamento garantido no Brasil. “Half Nelson”, de 2006, deu ao ator uma nomeação como Melhor Ator Principal. Resultado: nem em DVD o filme apareceu. “Lars and the Real Girl”, que também tem Gosling no elenco, concorreu à estatueta de Melhor Roteiro Original este ano e também não deu o ar da graça. Pelo menos, a Califórnia mantém o filme em sua tabela de próximos lançamentos, com previsão para fevereiro.

“Halloween”, de Rob Zombie

Este, assim como “À Prova de Morte”, já virou lenda entre os cinéfilos, esperançosos por verem no cinema o novo filme de um dos diretores mais autênticos do horror da nova geração. Mas não adianta: continua sem previsão de lançamento. Uma chance para você adivinhar quem é o distribuidor...

“I’m a Cyborg, But That’s OK”, de Park Chan-wook

“Lady Vingança” já não teve uma passagem das mais marcantes por aqui. Então, para falar a verdade, era de se esperar que o filme seguinte do diretor de “Oldboy” fosse sofrer de alguma forma. Se eu não me engano, não passou nem nos festivais – isso, sim, é estranho, já que concorreu ao Urso de Ouro em Berlim. E pelo que pesquisei, não foi comprado por nenhum distribuidor no Brasil ainda.

“Juízo Final”, de Neil Marshall

Outro que a senhora Europa Filmes anunciou com cartazes e trailers, mas estrear que é bom mesmo, nada. Está certo que o filme foi considerado uma das bombas de 2008 pela crítica estrangeira, mas e daí? A última previsão de lançamento era para novembro último e ainda não foi anunciada uma nova data.

“Redacted”, de Brian De Palma

Este passou dois anos rodando nos festivais brasileiros, mas sem sinal de estréia no circuito comercial. E não é por falta de distribuidora: são duas! Imagem e Focus. Segundo o FILME B, a previsão de lançamento, finalmente, é para 17 de abril. Será que até lá Barack Obama já retirou as tropas do Iraque?

“The Science of Sleep”, de Michel Gondry

Se ao menos o recém-lançado “Rebobine, Por Favor” e a vinda de Michel Gondry ao Brasil tivesse alavancado a estréia tardia desse filme anterior do diretor... Mas não. Exibido no Festival do Rio em 2007, “The Science of Sleep” permanece como um dos míticos filmes nunca vistos na telona pela maioria da cinefilia brasileira. Já na telinha... Torrent, para que te quero?

“Youth Without Youth”, de Francis Ford Coppola

Do que adianta Francis Ford Coppola voltar à direção depois de passar 10 anos sem filmar, se no Brasil a gente tem que esperar mais ainda para ver um novo trabalho de um dos nomes mais famosos do cinema mundial? O filme foi lançado em 2007. Chegou ao Brasil já com um ano atraso para passar no Festival do Rio. E cadê nos cinemas? Nada. Nem previsão tem, segundo o FILME B. Não é por falta de títulos para colocar no cartaz, acompanhado da frase “Do mesmo diretor de...”, que o filme não foi lançado, certo? Inexplicável e lamentável.

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RECESSO

Aproveito o post para comunicar que o cinematório fará um breve recesso para a virada do ano. Retornaremos logo. Até lá e feliz 2009 a todos.
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Novo do Sérgio Machado a caminho


2009 já começa bem para o cinema nacional. Saiu no FILME B ontem: Sérgio Machado (do estupendo "Cidade Baixa") começa a rodar seu novo filme no dia 9. É a adaptação de "A morte e a morte de Quincas Berro d’Água", de Jorge Amado, que havia sido anunciada há um ano e meio. Sérgio já está com Paulo José e Othon Bastos no elenco. Nada mal. Segue a nota original:

Começa preparação de Quincas Berro d’Água

A Videofilmes começa no dia 9 de janeiro a preparação de A morte e a morte de Quincas Berro d’Água, primeiro filme de Sérgio Machado depois do bem-sucedido Cidade Baixa. Essa será a primeira co-produção da Videofilmes com a Globo Filmes. A distribuição será da Sony. As filmagens começam em março e o elenco, quase fechado, contará com as participações de Paulo José, Mariana Ximenes, Othon Bastos, Walderez de Barros e Luís Miranda, entre outros.
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Feliz Natal!


Eu já havia desejado um feliz Natal sutilmente com os olhos da Darlene Glória no cabeçalho do site, mas não poderia deixar de fazer um post também. Portanto, um feliz Natal a todos os leitores que o comemoram. E quem não celebra, que ao menos tenha uma excelente quinta-feira!

[]s!
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Madagascar 2


Depois de passar uma temporada em Madagascar, o grupo de amigos formado pelo leão Alex, a zebra Marty, a girafa Melman e a hipopótamo Glória embarca em um avião construído pelos geniais pingüins (quem disse que pingüim não voa?) do primeiro filme, com o objetivo de retornar ao zoológico de Nova York. A viagem dos quatro amigos e uma pequena e providencial retrospectiva - já que "Madagascar" e "Selvagem" têm temáticas bem parecidas – iniciam a segunda e mais interessante aventura do rei de Nova York e seus amigos.

O melhor do humor desta vez não fica a cargo dos pingüins que, aliás, não conseguem chegar ao destino programado e acabam pousando a aeronave em plena selva africana. É de se esperar, já que construir um avião com destroços e materiais encontrados na mata já é o bastante. Não dá para exigir que os bichinhos também tivessem extraído dali combustível suficiente para voar até Manhattan.

É no novo lar dos quatro e inseparáveis amigos que Melman e Glória roubam a cena, protagonizando as melhores cenas do filme. Entre elas, depois de decidir que chegou o momento de começar a namorar, a hipopótamo marca um encontro com o macho mais “bombado” do bando, um tipo musculoso e acerebrado, cheio de cantadas prontas e truques na manga.

É exatamente graças ao humor que o roteirista Etan Cohen ("Idiocracy", "Trovão Tropical") fez com que algo raro no cinema acontecesse: o segundo filme superar o primeiro. Algumas piadas são voltadas para os baixinhos, outras buscam agradar os adultos que os acompanham. Esses momentos são bem fáceis de distinguir, mas não fazem com que "Madagascar 2" perca pontos na apreciação de nenhum dos dois públicos.

A maior falha do filme está na relação de Alex com os pais que ele descobre ter quando desembarca na África. Tudo flui muito rápido e simplório para uma família que acabou de se reencontrar depois de anos separados. Mas, para a sorte dos fãs de animação, tanto crianças quanto adultos, isso não chega a prejudicar muito a história, já que todo o resto compensa o pequeno deslize.

nota: 7/10 -- vale o ingresso

Madagascar 2 (Madagascar: Escape 2 Africa, 2008, EUA)
direção: Eric Darnell, Tom McGrath; com vozes de: Ben Stiller, Chris Rock, David Schwimmer, Jada Pinkett Smith, Sacha Baron Cohen, Cedric the Entertainer, Andy Richter, Bernie Mac, Alec Baldwin, Will i Am; roteiro: Etan Cohen; produção: Mireille Soria, Mark Swift; montagem: Mark A. Hester; música: Hans Zimmer; estúdio: DreamWorks Animation, PDI; distribuição: Paramount Pictures. 89 min
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Gomorra


Clique no play para ouvir. Ou aqui para baixar.

Vamos fazer um experimento... Se vocês aprovarem, esta será a primeira de uma série de "críticas faladas" aqui no cinematório. Aguardamos as suas opiniões.

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Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes deste ano, o filme italiano “Gomorra” nos apresenta a um novo tipo de máfia. Adaptado do best seller de mesmo nome, escrito por Roberto Saviano, o longa gira em torno de cinco enredos que se passam em Nápoles, nos dias atuais, todos eles ligados ao crime organizado.

A referência bíblica do título “Gomorra” faz um jogo de palavra com o nome do grupo criminoso Camorra, que controla o tráfico de armas e de drogas, e que também sempre esteve envolvido em articulações políticas desde sua criação, no começo do século 19. Responsável por um número absurdo de mais de 4 mil mortes em Nápoles desde os anos 70, a Camorra está embrenhada nas vidas da população local, mesmo que algumas pessoas não tenham ligação direta com seus membros.

O mosaico montado pelo diretor Matteo Garrone funciona praticamente como um diagrama da evolução do crime na máfia napolitana. Temos o garoto que se vê fatalmente seduzido pela guerra entre gangues, os dois adolescentes que querem dominar a região por conta própria, o jovem adulto que se envolve em um esquema de despejo ilegal de lixo, além dos personagens mais velhos, que já conhecem como funciona a Camorra e sabem os riscos de fazerem qualquer coisa que não seja aprovada pelos chefões do crime.

Sem espetacularizar em nenhum momento a violência praticada pelos personagens, Matteo Garrone faz um filme sóbrio e complexo. Se por um lado ele cria cenas de estética crua, utilizando planos-seqüências em abundância e elaborando momentos marcantes – especialmente aqueles protagonizados pelos dois jovens ansiosos para se tornarem os novos Scarface – por outro o diretor chega a confundir o espectador por não adotar uma narrativa tradicional, tornando tarefa nada simples seguir com tranqüilidade todas as tramas.

Sem dúvidas, trata-se de um novo épico policial, que oferece ao público momentos de choque através apenas do naturalismo com que é filmado.

nota: 8/10 -- veja no cinema e compre o DVD

Gomorra (2008, Itália)
direção: Matteo Garrone; com: Salvatore Abruzzese, Simone Sacchettino, Salvatore Ruocco, Vincenzo Fabricino, Vincenzo Altamura, Italo Renda, Gianfelice Imparato, Maria Nazionale; roteiro: Maurizio Braucci, Ugo Chiti, Gianni Di Gregorio, Matteo Garrone, Massimo Gaudioso, Roberto Saviano (baseado no livro de Roberto Saviano); produção: Domenico Procacci; fotografia: Marco Onorato; montagem: Marco Spoletini; estúdio: Fandango, Rai Cinema; distribuição: Paris Filmes.
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Vem aí...

Faça suas apostas: melhores e piores filmes, diálogo do ano, cena mais hilária, troféu Quentin Tarantino, troféu John Travolta, troféu Cera de Carnaúba... E muito mais.

Enquanto preparamos as listas, relembre os vencedores das edições anteriores.

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Melhores filmes dos anos 40

Em mais uma edição de seus rankings, a Liga do Blogues Cinematográficos elege os melhores filmes dos anos 40. E o grande vencedor é... Claro, o todo-poderoso "Cidadão Kane". A aula de cinema em forma de longa-metragem de Orson Welles também encabeçou meus votos. Em segundo lugar, coloquei "O Grande Ditador", de Charles Chaplin, sobre o qual fui convidado a escrever para compor os comentários sobre os vencedores. Aí vai o texto:


“Chaplin sempre foi um gênio criador de imagens que perduram no imaginário de qualquer pessoa, seja ela cinéfila ou não. De todos os seus filmes, O Grande Ditador talvez seja aquele que mais possua “cenas famosas”, que praticamente criaram uma vida própria fora do roteiro, existindo isoladamente. A briga para ver quem fica numa posição mais alta na cadeira de barbeiro. O discurso absolutamente hilariante do ditador hitleriano. O sublime balé com o globo terrestre. E quando você já se deu por satisfeito com imagens tão inesquecíveis, o mestre ainda surpreende com suas palavras – desta vez não para serem lidas na tela, mas, sim, ouvidas e gravadas na história do cinema como o momento em que criador e criatura se confundem em seus papéis: aquele é Chaplin? Ou aquele é o tão querido “Little Tramp” falando pela primeira e última vez? Um filme com uma mensagem, sim. E uma mensagem que nunca deixou de ser atual e bela”


O filme ficou em 9º lugar no ranking. Clique aqui para ver a lista completa e ler os demais comentários. Tem muita coisa bacana que merece ser (re)descoberta.
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Lick the Star

Numa das minhas navegadas pela web, esbarrei neste que é o primeiro curta de Sofia Coppola, "Lick the Star". Na verdade, o IMDb lista que este é o segundo filme dela - o primeiro seria "Bed, Bath and Beyond", de 1996, mas não o encontrei em lugar algum.

De qualquer forma, "Lick the Star" serve como um belo prelúdio para o primeiro longa da cineasta, "As Virgens Suicidas". E estão ali também as características que marcam seus demais filmes: a abordagem íntima da feminilidade, a trilha sonora indie pop, a estupenda fotografia. Detalhe ainda para as participações de Peter Bogdanovich, da filha de John Cassavetes, Zoe, e do primo de Sofia, Robert Schwartzman.

Pena não estar legendado... Mas só pelas imagens já vale a pena.







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Atores-diretores

Escrevi uma coluna para o Pílula Pop, fazendo um apanhado de atores que se tornaram diretores e fizeram bonito. Um trecho:

Insatisfação com a carreira? Vocação descoberta? Crise de meia-idade? A lista de atores que foram para trás da câmera e se tornaram diretores é imensa. Ed Harris, que lançou no último fim-de-semana o faroeste “Appaloosa – Uma Cidade Sem Lei”, é um dos que realizou uma bem-sucedida transição: estreou como cineasta com a cinebiografia “Pollock” que, assim como seu segundo longa, recebeu boas críticas. Em ambos, Harris está também no elenco, a exemplo de vários colegas.

Para ler o texto na íntegra, clique aqui. E aproveite para visitar o restante do site, que está muito bacana.
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Radiohead no Brasil e no cinema brasileiro

Duas boas notícias em uma: o Radiohead, que se apresenta no Brasil em março, aceitou colaborar com a trilha sonora do próximo longa de Roberto Moreira (do ótimo "Contra Todos"). Será utilizada no filme uma versão inédita da belíssima "High and Dry". Maravilha! Adoro Radiohead e "OK Computer" é um dos meus discos preferidos de todos os tempos. Segue abaixo um resumo do release que recebi com os detalhes sobre o projeto:

Após o sucesso de "Contra Todos", considerado o melhor longa brasileiro de ficção pelo júri oficial do Festival do Rio 2004, Roberto Moreira finaliza agora seu novo longa-metragem, "Condomínio Jaqueline".

Depois de atuar no primeiro longa-metragem de Roberto Moreira, "Contra Todos", e ter ganhado mais de 10 prêmios nacionais e internacionais vivendo o papel de Soninha, a atriz Silvia Lourenço representará em "Condomínio Jaqueline" a história de Marina, uma jovem do interior que vem para São Paulo atrás do sonho de se tornar uma grande atriz. Em seu novo lar, um antigo prédio chamado Condomínio Jaqueline, ela encontra em seus vizinhos laços tão fortes quanto os de uma verdadeira família.

O elenco conta com os atores: Paulo Vilhena ("O Magnata"), Ailton Graça ("Carandiru", "Querô"), Maria Alice Vergueiro ("Tapa na Pantera"), Leilah Moreno
("Antônia – O Filme"), Fábio Herford, Paula Pretta ("Antônia – O Filme"), Gustavo Machado ("Olho de Boi" – prêmio APCA 2008), e apresentando Maria Clara Spinelli.

A trilha sonora de "Condomínio Jaqueline" é de responsabilidade do maestro e compositor Livio Tratenberg, que já trabalhou em "Contra Todos". Na equipe técnica estão profissionais premiados como o diretor de fotografia Marcelo Trotta ("O Signo da Cidade"), o diretor de arte Marcos Pedroso ("Madame Satã", "Cinema, Aspirinas e Urubus") e o preparador de elenco Sérgio Penna ("Carandiru" e "Antônia").

Além disso, "Condomínio Jaqueline" será o primeiro longa-metragem brasileiro a utilizar a câmera RED, que grava em formato digital de altíssima resolução (4K), semelhante à película.
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Globo de Ouro: os indicados

Heath Ledger, que ganhou prêmios recentemente por "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (um na Austrália e outro da associação de críticos de Los Angeles), tem nova chance de ganhar mais um troféu póstumo no Globo de Ouro. Acredito que ele também será indicado ao Oscar, mas daí a vencer eu já não sei. Afinal, pelo visto existem, sim, fortes concorrentes: Philip Seymour Hoffman, por "Doubt", e Robert Downey Jr., por "Trovão Tropical" - isso no Globo de Ouro e, provavelmente, na Academia também, que tem cotados ainda Josh Brolin, por "Milk", e Michael Sheen, por "Frost/Nixon". Vamos ver. Mas confesso que torço por Ledger.

"Última Parada 174" ficou de fora, o que deve ter deixado Bruno Barreto cabreiro. Afinal, ele deve estar contando só com as indicações mesmo, porque achar que vai ganhar é dar tiro no ar. No Globo, os mais fortes, eu suponho, são "Gomorra" e "Waltz With Bashir" - que acabou ficando de fora da categoria Melhor Animação e deixou o caminho livre para "WALL•E" pegar o troféu.

Como sempre, entre os indicados a Melhor Filme, fica difícil apostar aqui no Brasil sem ser no chutômetro, já que a maioria dos filmes ainda não estreou (aliás, só os críticos que trabalham nos EUA ou foram aos principais festivais do mundo tem o conforto imediato de poder analisar os méritos ou deméritos dessas nomeações). De toda forma, temos aí escolhas óbvias na categoria Drama: "Benjamin Button", "Revolutionary Road", "Slumdog Millionaire", "The Reader" e "Frost/Nixon". Já na categoria Comédia/Musical, aparecem "Vicky Cristina Barcelona" e "Happy-Go-Lucky" intimidando os demais - entre eles, inexplicavelmente, "Mamma Mia!". Entendo o gosto de muitos pelo filme, mas daí a considerá-lo um dos melhores do ano é de lascar.

Ah, e a Meryl Streep com duas indicações já virou piada velha. Minha torcida fervorosa vai para Rebecca Hall, por "Vicky", e Kate Winslet, por "Revolutionary Road". Entre os machos, sem preferência, mas seria legal ver Javier Barden e Mickey Rourke ganharem.

Direção: pode ganhar qualquer um menos Ron Howard. Trilha Sonora: tanto faz, já que não indicaram "Batman - O Cavaleiro das Trevas" ou "WALL•E".

Para ver todas as indicações, clique aqui.
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Cadê o Coringa?

Passei os últimos dias me recuperando de uma gripe braba, com direito a sessões matinais de expectoração e uso de antibiótico sob prescrição médica. Mas também aproveitei a ocasião para ficar em casa e ver recém-lançado DVD de "Batman – O Cavaleiro das Trevas". Adquiri a edição dupla, que custa algo em torno de 5 reais a mais do que a simples, que vem pelada. Mas o dinheiro extra valeu mais pela camisa estampada com a cara do Coringa e a caneca que vieram como brindes, uma vez que o segundo disco com as atrações especiais não é lá grandes coisas.

A primeira decepção vem pela ausência total de extras sobre Heath Ledger e a preparação do Coringa. Não é possível que ninguém tenha documentado o trabalho dele nos bastidores. O que fica parecendo é que a Warner decidiu não explorar a imagem do ator após sua morte precoce no início do ano em sinal de respeito. Mas daí a privar todo mundo de saber como ele trabalhou no filme é um pouco demais, eu acho.

O único momento em que você tem a chance de ver algo de Ledger que não está no filme é na parte do making of em que Christopher Nolan explica como foi feita a explosão do Hospital de Gotham. Nessa ocasião, o diretor mostra uma cena que foi excluída, onde o Coringa é visto dentro do ônibus, sentado perto da janela, enquanto do lado de fora o prédio vai ao chão. Esta cena, Nolan diz, foi rodada em take único, já que não poderiam implodir o edifício duas vezes. E Ledger "ficou no personagem" o tempo todo, sem demonstrar curiosidade em olhar para o lado para ver o que estava acontecendo.

Mas antes o problema fosse apenas a ausência de material sobre o Coringa no DVD. Também não há uma informação sequer sobre a construção da maquiagem do Duas-Caras, um extra que seria tão óbvio de se colocar numa dita "edição especial". Também faz falta uma faixa comentada em áudio, mas isso parece ser opção do Nolan, já que somente para o DVD do "Memento" ele gravou esse tipo de extra.

Aliás, praticamente todas as entrevistas no disco dois de "Batman – O Cavaleiro das Trevas" são feitas apenas em áudio. Parece que a Warner foi meio descuidada na confecção dos vídeos e fez uma montagem de qualquer jeito com fotos e imagens gravadas no set. Mas depois descobri que esse mesmo making of é usado no Blu-ray para ser visto simultaneamente ao filme – você aperta um botão no controle remoto durante uma cena e descobre como ela foi feita. Ou seja: devem ter pensado que o espectador estaria mais entretido com o filme e não ligaria muito para o acabamento dos extras.

Mas para não parecer que é uma compra inútil, vale dizer que o making of de uma forma geral é bastante interessante para quem quer saber como as principais seqüências foram filmadas. Gostei principalmente de ver o método utilizado com as câmeras IMAX (aliás, é possível ver todas as cenas IMAX separadamente, no formato original) e a composição da trilha sonora (Hans Zimmer, em uma das poucas entrevistas em vídeo, aparece em sua "ilha de edição" e mostra como fez para criar o "som do Coringa").

Também me chamou a atenção o preciosismo de Nolan para ter o máximo possível de cenas "reais", sem CGI. Por exemplo: o caminhão capotando em uma avenida no meio da cidade realmente é um caminhão capotando em uma avenida no meio da cidade. A perseguição do Batmóvel na trincheira também é real, embora feita com miniaturas. Chris Corbould é o nome do sujeito que coordenou tudo (ele também trabalhou no "Batman Begins" e nos seis últimos "007"). Quer dizer: no post sobre "1941" eu reclamava da extinção de profissionais especialistas em efeitos especiais práticos, e então vejo que nem tudo está perdido. Aliás, é satisfatório ver que, nesse sentido, tivemos o Batman e o Indiana Jones este ano, resgatando essa tradição cinematográfica.

No mais, o DVD traz ainda aquela série de "falsos programas de TV" publicados na internet, como se fosse um telejornal de Gotham City. Bobagem. Quanto à apresentação do filme, a qualidade da imagem está bastante satisfatória e o som também. Já a crítica, caso você não tenha lido, está publicada aqui.
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Tudo tem um contexto

Está explicado por que fizeram o tal do “Entre Lençóis”: na verdade, tudo não passa de um grande comercial de cueca!

Vejam abaixo o release que recebi:


Mash. no filme “Entre Lençóis”

A Mash., uma das principais griffes de underwear masculino do país, marca presença no filme “Entre Lençóis” com Reinaldo Gianecchini e Paola Oliveira, que estreou nos cinemas na sexta-feira, 05 de dezembro.

O filme, do diretor colombiano Gustavo Nieto Roa, foi quase todo filmado em um quarto de motel no Rio de Janeiro. O enredo conta a história de Paula e Roberto, um casal jovem e bonito que se conhece em uma boate carioca e termina a noite em um motel.

Dentro do contexto, o personagem de Reinaldo Gianecchini passa uma boa parte do filme de cueca Mash..

www.mash.com.br
www.entrelencois.com.br


Eu não fui ver “Entre Lençóis” (nem sei se vou – acho que há coisas que ultrapassam os deveres do ofício, ainda mais quando o distribuidor não realiza cabine para imprensa). Mas desde o início eu suspeitava daquele trailer safado com a espuma da hidro... Será que rola um merchandising de sais de banho ali também? Pode-se supor que o dono do motel também deve estar tirando uma casquinha... Se bem que se o filme é tão ruim quanto dizem (até o G1, que é da Globo, falou mal)... Mas não existe publicidade negativa, certo?
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Spielberg já trabalhou com Chuck Jones

Adoro “1941”. Gosto ainda mais da forma como Steven Spielberg encara esse que é considerado o pior filme de sua carreira (há controvérsias quando se pensa em “O Mundo Perdido”, mas não vem ao caso agora). Vendo o DVD esta semana – edição importada, já que nunca foi lançado no Brasil – além de morrer de rir da história que o cineasta conta sobre o público tapando os ouvidos na exibição-teste, fiquei imaginando como teria ficado a seqüência que Spielberg pediu para o lendário Chuck Jones (um dos criadores dos Looney Tunes) desenhar para o filme.

No making of que acompanha o disco, Spielberg relembra que a tal cena não foi filmada simplesmente porque era impossível de ser feita naquela época. Era o seguinte: um torpedo seria disparado de um submarino japonês em direção ao litoral de Los Angeles. Chuck Jones, genial, desenhou o torpedo atravessando o chão e levantando o asfalto como se estivesse na água – exatamente como seria se a cena pertencesse a um desenho animado.

Dá para sentir aí como Spielberg quis despirocar mesmo com o filme. E ele chegou a pedir ao A.D. Flowers, mestre técnico em efeitos especiais, que elaborasse um mecanismo que causasse o efeito do chão se levantando. No DVD, são mostradas imagens dessa geringonça em ação. O resultado ficou um pouco tosco, mas dá para ver que Flowers chegou perto do que Chuck Jones pensou.

O problema é que a seqüência não parava no torpedo atravessando o chão. Depois que o efeito foi mostrado a Spielberg, Flowers conta, o diretor disse que no set ele iria querer que uma motocicleta fosse perseguida pelo torpedo em uma rua, sendo quase atropelada por um caminhão ao passar por um cruzamento. Não deu outra: Flowers vetou a realização da cena, porque o trilho por onde o torpedo passaria debaixo do solo não suportaria o peso da moto – quanto mais o de um caminhão.

Spielberg chega a dizer que hoje em dia, com computação gráfica e tudo mais, a filmagem da seqüência encomendada a Chuck Jones seria possível (se o filme fosse do George Lucas, a cena já teria sido feita e incorporada à edição especial do filme, obviamente). Então, foi inevitável pensar: não se encontram mais profissionais no mercado como A.D. Flowers, Jim Henson, Ray Harryhausen... A morte de Stan Winston este ano praticamente decretou a extinção desse tipo de artista. E por mais que existam técnicos em CGI de extrema competência, não consigo prever que algum irá ganhar um Oscar especial ou mesmo ser lembrado na posteridade por seu trabalho, ser requisitado por diretores etc.

Não dá para laurear alguém como “o criador do monstro de Cloverfield” ou “o criador do Gollum”, porque quem leva a fama quando o assunto é CGI são as empresas, WETA, IL&M, Imageworks, e não um especialista, como acontece quando nos referimos a Winston como “o criador do Predador, do Alien e do Terminator”. O mesmo acaba acontecendo com a animação: Walt Disney, Chuck Jones, Joseph Barbera deram lugar a Pixar, PDI, Blue Sky... Ah, mundo corporativo.

P.S.: Spielberg voltou a trabalhar com Chuck Jones depois, mesmo que indiretamente. O cineasta foi produtor executivo de “Gremlins”, “Gremlins 2”, “Viagem Insólita” (todos de Joe Dante) e “Uma Cilada Para Roger Rabbit”, filmes dos quais o animador participou seja fazendo uma ponta ou emprestando seu talento na animação de alguma seqüência ou como consultor em outras.
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Comentários em áudio

Para quem ainda não conhece meu trabalho na Rádio Inconfidência, estou disponibilizando abaixo os áudios dos comentários de filmes que gravei recentemente para o programa Plugue, que vai ao ar diariamente durante a programação FM da emissora.

Além de cinema, o programa também cobre música, teatro e tudo mais relacionado à programação cultural de BH. Quem está por trás do Plugue é a Flávia Moreira, simpatia de pessoa e talentosíssima profissional na área.

Bom, confiram aí o que falei sobre "Queime Depois de Ler", "O Silêncio de Lorna" e "Romance". Quem já leu as críticas aqui verá que a versão em áudio traz algumas mudanças, já que o tempo é curto.




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Santo assombro

Vi hoje em cabine "Fronteira", segundo longa do mineiro Rafael Conde. Rafael é mais conhecido pela carreira acadêmica e de curta-metragista (o mais famoso deve ser mesmo "Françoise"). Seu primeiro longa foi "Samba-Canção", uma comédia experimental das mais divertidas e da qual nunca me canso de falar. Hoje em dia só é possível ver em mostras e festivais, porque o filme nunca foi lançado em DVD. Se você esbarrar com ele algum dia, não deixe de assistir.

Voltando ao "Fronteira", achei um filme assustador. Não é filme de horror, embora tenha uma atmosfera assombrosa. Também não é o que se entende por "filme de época": embora a trama se passe em fins do século 19, a narrativa clássica não tem vez. Não é um filme fácil - e o próprio diretor reconhece que houve um estranhamento na relação do público com seu trabalho nas exibições já realizadas em mostras.

Devo entrevistar o Rafael em breve, aí vocês terão uma noção melhor do que estou falando. Por hora, fiquem com o trailer (site oficial também disponível). O filme já está em cartaz em São Paulo e Salvador.


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"A Vida Num Só Dia" direto em DVD

Acabo de receber release da Universal avisando que "A Vida Num Só Dia" - título "traduzido" dado pelo distribuidor a "Miss Pettigrew Lives for a Day" - chega às locadoras brasileiras no próximo dia 10 de dezembro.

Para quem não está a par, trata-se de uma comédia romântica "screwball", daquelas típicas dos anos 30. As notas são boas no Rotten Tomatoes (77% - com direito a certificado "Fresh") e no IMDb (7.2 em 10). Já o metacritic registra nota 63 em 10 - ainda assim, nada mal.

A direção é do cineasta indiano Bharat Nalluri, que, entre outras coisas, fez "O Corvo 3: A Salvação"... Medo! Mas como os roteiristas trabalharam em "Em Busca da Terra do Nunca", "Ou Tudo Ou Nada" e no elogiadíssimo "Slumdog Millionaire" (novo do Danny Boyle), vale dar uma conferida. E um filme com Frances McDormand e Amy Adams nos papéis principais não é de se jogar fora.

Infelizmente, o DVD para locação está em tela cheia. Vamos ver se na versão para venda teremos a razão de aspecto correta, que é 2:35:1.

Trailer a seguir:


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